Já fui acusado, seguidas vezes, de exagerar diferenças que não existem: entre pessoas de 20 e 30 anos, entre paulistas e baianos, entre os nordestinos de diversas origens.
Já aceitei a crítica, e moderei minha visão das diferenças. Mas o fato é que a realidade não modera.
Acabei de vir de um restaurante por quilo, onde o balconista pernambucano não sabia o nome do vegetal chamado mandioquinha. Conversando um pouco mais, percebi que ele, já há bastante tempo por aqui, ainda chamava a mandioca comestível de macaxeira. Os que os paulistas e cariocas insistem em chamar de mandioca e os baianos de aipim. Todos nordestinos chamam mandioca a variedade que só serve para farinha -- e como é melhor a farinha de lá !
Paulistas do interior chamam essa variedade de mandioca brava. Por último, a variedade de mandioca que o balconista não sabia descrever é chamada por aqui de mandioquinha e de batata baroa no Rio de Janeiro e na Bahia.
Quanto à diferenças de geração, lembro muito de meus gurus pessoais e de livros que insistiam no papel revolucionário da libertação sexual.
Pois é: hoje existe uma certa liberdade sexual, concentrada no verbo ficar. Mas as pessoas em torno dos 20 anos são muito conservadoras. Em política e economia.
Os franceses diriam Vive la differénce ! Ou 'viva a diferença !'
Não sei se concordo com o 'viva !', mas insisto teimosamente que existe a diferença.