Letras soltas sem sentido
Métricas e voltas sem destino
Os tempos idos, sem revolta
As tempestades sem saudade
O sal da divina vida, insosso
Lida por outros e perdida por mim, ainda moço
Fim do hoje, sem sorriso
Sem suor, nem travessuras
Puras horas que gastei ao vento
Sento, folha à frente
Entre nós, vazio
De repente é uma eternidade
Que não chega logo, ao revés
Me afogo nessa vasta inanição de idéias
Que me arrasta por meias palavras
Travadas e sem controle, anarquizadas
Emoções gastas, pisadas e esquecidas
Me levam a nada, rimas tolas e fáceis
Versos sonsos, sozinhos e frágeis
Fazem de mim o ocaso da poesia
O descaso da arte em mente vazia
Desisto disto, me afasto
Fica somente a folha
Sem minhas letras. |