Pensando e andando nas sombras da solidão
baseado em poema de Pablo Neruda
Você também está triste, ah... Talvez mais triste que eu.
Pensando, viajando no pensamento, desaparecendo imagens
enterrando as poucas luzes dessa noite triste nas suas dúvidas.
A névoa envolve a serra, lá longe, lá em cima.
E os lamentos vão se afogando, moendo as esperanças sombrias na noite
Vento calado
Se vier da cidade, me diga como ela está... Gostaria tanto de estar ao seu lado agora
Sua presença é amena e pede a mim que te goste
Penso, caminho apressadamente, lembro de minha vida antes de você.
Minha vida antes de nada, minha áspera vida.
Quando eu gritava ante o horizonte, entre as pedras, e ninguém me ouvia
Eu corria livre, liberto, contra o vento.
Eu corria sozinho, louco, contra o vento
A fúria triste do vento das tempestades, o uivo, a solidão minha
E depois dormia estirado sob o céu.
Você, mulher, que às vezes estava nos meus sonhos, que me segurava
Mas agora que se tornou real você vai se distanciando de mim...
É sinal que o frio virá, e você estará longe, como agora...
O último raio das tempestades cairá na mata
E logo o fogo destruirá tudo.
Em minha alma bailam as lambaredas do fogo
Fogo de uma paixão que não vivi
Fogo de carinhos ardentes que não fiz, que não senti
Alimentada pelo vento, pelos sonhos,
Por você linda e nua nos meus sonhos.
Acordo suado... Na hora triste, nostálgica, hora da solidão.
E você continuará vivendo assim... na solidão?
Como podes ter pedido que eu a amasse?
Se for para manter meu coração como refém da espera?
E o vento passa pelo meu corpo quente
Inundando-me de uma paixão que não concretizarei
Que não terei a chance de torná-la minha.
Você mexeu com minha alma,
Assaltou minhas horas...Roubando meu pensamento para ti
Horas que foram tristes, alegres.
Não pode ir embora agora...
Pensando, andando nas sombras da solidão...
Quem era você? Quem é você?
|