No filme O jardineiro fiel, vemos John Le Carré em sua melhor forma. Apesar da direção competente de Fernando Meirelles (de Cidade de Deus), das atuações idem de Ralph Fiennes e Raquel Weisz e do elenco auxiliar, e das maravilhosas paisagens africanas, a maior estrela do filme é mesmo John Le Carré.
Todos seus fans estávamos preocupados com a aposentadoria precoce e injustificada de Le Carré. Afinal, a Guerra Fria já havia terminado. E, depois de A garota do tambor, pouco havia a dizer sobre o Oriente Médio.
Onde é que Le Carré iria encontrar histórias que permitissem abordar seus temas prediletos: o conflito entre ideal e prática, entre as diversas motivações para atos corajosos e surpreendentes.
Mas, sabio como é, Le Carré já encontrou seu novo espaço.
É o mundo das corporações multinacionais. E ele é tão denso e soturno quanto o mundo composto por eles (os soviéticos) e nós, o serviço secreto britânico. Nós quem, cara pálida ? Bem, essa é a qualidade de Le Carré: fazer mesmo quem não é inglês torcer pelo serviço secreto de Sua Majestade.
Bem, seria impossível falar de filme sobre a África sem lembrar de seu caráter de lugar de origem da vida. Mas isso fica para depois.