Desdizeress quase Líricos, feito Pensadilhos Canibais
01
Meu livro de cabeceira é uma lista telefônica ainda não escrita em braile
02
Se eu pudesse ir para uma ilha deserta, levaria todos os personagens de todos os livros que foram escritos
03
Ler é ver com a própria imaginação. Escrever é colocar loucura na lucidez do leitor
04
O escritor é o maior mentiroso que existe, a dizer miraculosas inverdades verossímeis
05
Quando escrevo estou lançando pedidos de socorro no mar de sargaços do cosmo
06
Para construir um ótimo personagem, visto o sagrado manto diáfano da fantasia etílica
07
Todos os meus poemas têm música. Todos os meus contos têm horrores da vida, numa ficção-angústia. Os meus romances recriam um novo mundo a partir da nulidade do real sub-cretino
08
Todos os bons poetas acabam loucos. Só se salvam os poetas que se suicidam na mocidade
09
Para um escritor sensível, sobreviver é muito doloroso, é um pé no sacro. Quem acha que tudo é perfeito e acabado, ou é mal formado ou muito mal informado
10
A imaginação é a salvação dos loucos pirados
11
Poetas não têm almas gêmeas. Poetas têm anõezinhos de jardim no sótão
12
Goteiras são músicas celestes na solidão dos casebres periféricos
13
Escrever é ler-se. Existir dói. A poesia como saída de emergência da sensibilidade se anulando é um suicídio letral.
Silas Correa Leite – poesilas@terra.com.br
www.itarare.com.br/silas.htm
Estância Boêmia de Itararé-SP