MAR
Mar, grande berço que acalenta e embala
Suspiros e sonhos, que ouve pedidos,
Queixumes e murmúrios, que preservas segredos mil,
Achega-te a mim, bem perto do meu coração,
E lava o meu peito, sarando as feridas,
Apagando as cicatrizes triscadas pela incompreensão.
Mar, grande mar,
De correntezas volumosas,
Que enches de convencimento o navegador,
De um porto distante a um rumo certo.
Vejo no bravio das tuas ondas, o esplendor da criação,
E na serenidade das espumas que beijam as areias,
O toque da carícia, que tem o encontro do orvalho,
Com a flor em botão.
Oh! Mar,
Que distancias povos,
Que divides os continentes,
Que abraças a terra,
E alimenta os seus viventes,
Que fala pelas marés,
Que molduras belos quadros
Em noite de lua cheia,
Testemunhas dos juramentos dos casais enamorados,
Tú ó mar, deslizante no azul enverdeado das águas salinas,
Peço-te, transborda às margens do continente do meu coração,
E varre da ilha da minha solidão, todo o vazio
De um amor que perdeu suas âncoras, no destino de uma trajetória,
Decepada a luz do convés, afundado na maresia de um mal tempo,
Ocorrência de uma paixão.
Mar, que riscas a linha que separa o céu do oceano,
Suplico-te, enterres no profundo das tuas águas,
Nos vales subterrâneos de tuas entranhas, a minha dor,
Contraída no cais da minha vida, e que percorrerá o teu infinito,
Na busca de uma consolação.
Oh! Infinidade das águas,
Que regido pelos fortes ventos de uma natureza provedora,
Espalhas por todo o universo,
A suave brisa vertente de mundos ignorados,
Em ti existentes.
Mar, lençol líquido de fluente magia.
Jair Martins
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