Ontem nasceu um menino
na turbulenta vida do subúrbio,
envolto a um humilde agasalho
aproveitado do irmão mais velho.
Ontem nasceu um menino
fruto da violência urbana,
sem baby-chá, sem presentes
mãe solteira, pai ausente.
Ontem nasceu um menino
não sabemos se cresce,
e se crecer, o que será?
Abastado? Excluído? Roubará?...
Ontem nasceu um menino
um menino santo.; um anjo!
Tão desnutrido,tão maltratado!
O mais certo é que será crucificado
nas cruzes do nosso cotidiano.
E tantos meninos como ele
nascem sem cessar ano após ano,
são os Cristos contemporâneos,
mistos de violência com inocência
gerados nos guetos, favelas, subterrâneos
Nota do autor:
Esse poema foi escrito no dia 26 de dezembro de 1998. |