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Ensaios-->A CIÊNCIA VAI MATAR DEUS ? -- 23/11/2006 - 23:44 (Alexandre E. S. Visconti) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A CIÊNCIA VAI MATAR DEUS ?


Este é o título de capa da revista “Epoca” de novembro, num artigo onde uma vez mais apregoam que, em razão do desenvolvimento científico, Deus estaria agonizando e logo estará morto. Filósofos falam isto desde o século retrasado e agora, os cientistas voltam à carga, numa reação extremada à tese do criacionismo científico que cresce nas escolas e universidades.
A ciência oficial teve início com Nicolau Copérnico em sua nova visão da astronomia e depois, gradualmente, através do positivismo, do existencialismo e outros “ismos”, ela foi se afastando das religiões até que, após Darwin e Freud, declararam que Deus estava morto.
Explicando: Copérnico, com seu modelo heliocêntrico do sistema planetário, mostrou que a humanidade não era mais o centro do universo; Darwin demonstrou que as origens da vida e da espécie humana podiam ser explicadas por mecanismos cegos e não por uma intenção; finalmente, Freud afirmou que o sentimento religioso era apenas uma forma de paranóia coletiva da humanidade a ser tratada.
Entretanto, por ironia do destino, em 1973, quando se comemorava na Polônia o 500º aniversário de nascimento de Copérnico, um astrofísico e cosmólogo denominado Brandon Carter anunciou o que talvez ainda venha a ser uma das maiors descobertas da física, com reflexos reais na teologia e que ele chamou de: “Coincidências em Grande Escala e o Princípio Antrópico na Cosmologia”.
Traduzindo, o Princípio Antrópico (do grego anthropos ou homem) afirma que, na física, todas as constantes universais aparentemente arbitrárias têm uma estranha característica em comum: são precisamente os valores numéricos necessários para se ter um universo capaz de produzir vida e, portanto, a consciência humana terrena ou de seres de um outro planeta qualquer que tenha vida superior inteligente.
Parece, então, que o nosso universo estaria pré-regulado, ou seja, regulado desde o seu início e de um modo magistralmente preciso, produzindo ao longo de sua evolução e em alguns planetas viáveis a vida e as consciências que são capazes de observar este mesmo universo.
Com isto, a própria ciência concluía, com Carter, que “a morte de Deus” havia sido baseada numa interpretação errônea fundamental, um verdadeiro constrangimento científico, uma imagem parcial da natureza, que havia sido proposta no século XIX e que agora estava sendo substituída por esta, muito mais real e de acordo com o desenvolvimento do pensamento científico atual.
Em outras palavras, mesmo que a posição do homem no universo não fosse agora central, como era antes de Copérnico, esta era de novo inevitavelmente privilegiada e parte de um não menos raro e privilegiado pequeno planeta azul, o que suscitou, depois, inúmeras e acirradas polêmicas nos 'salões da física'.
Os criacionistas, por sua vez, objetam que Deus poderia ter criado tudo milagrosa e diretamente, como está escrito na bíblia, porém, esquecem que Deus trabalha sempre com grandes números e de uma forma tão oculta quanto precisa. Afinal, Ele é o criador-mor, então, suas variáveis tendem ao infinito, confundindo os incautos e mesmo, muitos cientistas renomados, que não conseguem encontrar um propósito para o universo. Porém, uma mínima mudança nos números que regulam as constantes fundamentais do universo inviabilizaria todo o projeto, o que está confirmado pela física. Assim, ou o universo não evoluiria ou ele se queimaria rapidamente, sem dar tempo para o aparecimento dos elementos que possibilitam a vida.
Ainda, de acordo com a lógica do Princípio Antrópico, a regulagem deste “pacote evolutivo” já teria que estar pronta antes mesmo do universo nascer, portanto, antes do próprio “Big Bang”.
Finalmente, no mesmo artigo da revista “Época”, percebe-se que os cientistas confundem Deus com as religiões e, aqui, faz-se necessário esclarecer algo muito importante: as religiões sempre necessitaram de Deus, mas, obviamente, Deus sempre prescindiu das religiões dos homens.
Então, quem está agonizando talvez seja o Deus antropomórfico das religiões (criado à imagem do homem). O “Princípio Inteligente e Afetivo do Universo”, pelo contrário, com o advento da nova cosmologia, está a cada dia mais vivo e mais próximo da ciência dos homens, que evolui sempre.
Alguns cientistas continuaram a duvidar do Princípio Antrópico da física e, portanto, do Criador e de suas intenções para com o universo, porém, para tal, tiveram que inventar os “multiversos” ou os universos múltiplos, para nos tornar novamente uma obra do acaso - um universo aleatório dentre milhares de outros.
Bom, isto é uma outra história, outra grande polêmica da física e da ciência em geral, porém, como bem disse o escritor Anatole France: “acaso foi apenas o pseudônimo que Deus usou quando não quis assinar”.





















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