E L E G I A
Para: T. Aguiar, Marta, Lia e Marcelle
Não sei se permaneço em mim mesmo,
navego segurando o cinza nuvem e a tempestade
que teimam sucumbir meu coração lentamente...
Meu ser canta aos céus nesse oceano de naufrágio,
fujo de mim a procura do terço dos afogados!
O meu barco é puro sofrimento, faz água, arribado
leva a bandeira das dores... Se olho o vasto mar nu
ao sol minguado, acendo o pavio na linha do horizonte!
O amor explode, o desespero explode, tudo explode e no azul,
o rosto amado ensombra meus olhos fatigados no bronze!
Não há farol e há uma clarabóia de lua sobre os remos.
Em cima, o azul abismo, em baixo, o verde abismo,
cismas vãs, nesse oceano onde traga a minha alma, ilusão,
mais além, nos arrecifes, sou todo destroço nesse rochedo, cismo!
E não sei porque falo assim de coisas que não são...
Quando o amor, ouro fino, canta na surdina
ferido pelos espinhos para não ver a luz que invade,
que ilumina por dentro e em mim, a dor refletida
me deixa caído quase e sempre... A minha outra metade
se lança em uma, qualquer uma, poça de lua perdida!
Nhca
Jan/03
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