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Contos-->RELATOS DO INVEROSSÍMIL - PARTE III -- 09/12/2002 - 10:10 (Wellington Macêdo) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Não fora alguns compromissos nossos de caráter inadiável obrigando-nos a uma ausência prolongada àquele aprazível recanto, certamente não teríamos sido privados das eloquentes assertivas emanadas daqueles seres considerados irracionais. Irracionalidade essa que, se nos permite o leitor ou leitora, passamos a questionar quando diante da imensurável proficiência concernente às opiniões emitidas pelos referidos cães. Não que todos os humanos, sem excessão, sejam incapazes de ações nobilitantes; longe disso. No entretanto, apesar de sermos considerados como seres raciionais somos, muitas vezes ainda, protagonistas de ações reprováveis, capazes mesmo de denegrir a dita superioridade da espécie humana.
Certa ocasião, na qualidade de ouvinte privilegiado, já que de modo algum nos caberia o direito de participar da conversação entre os cães, percebemos nitidamente quando o cão pobre, sem meias palavras, asseverou ao seu amigo que o amor é o único ato racional. Diante disso, maior não poderia ter sido a nossa perplexidade.
Ao nos retirar dalí, passamos a refletir sobre o que acabávamos de ouvir. Recordamos tempos idos onde aprendemos que os seres situados numa escala zoológica inferior à dos humanos eram dotados, apenas, de instinto sem vestígio de recionalidade. Ainda, rememoramos alguns ensinamentos filosóficos que tivemos, onde asseveravam que o homem era um ser essencialmente racional enquanto que os demais seres eram dotados apenas de instinto. Que este era transmitido de geração à geração; de ancestrais a descendentes já pronto sem a necessidade de aaprendizagem. Que era através dele que os animais procriavam, alimentavam e defendiam suas crias contra prováveis predadores. Enquanto que a racionalidade, por outro lado, atributo inerente exclusivamente aos humanos, se auferia atavés de uma aprendizagem contínua. Puro engano nosso. Os animais, sobretudo os caninos, cuja convivência tem nos proporcionado valiosa aprendizagem, são dotados também de recionalidade. Haja vista que além de prover a subsistência dos seus filhos logo após o nascimento, conferem-lhes desmesurada proteção. Sem falar, obviamente, na fidelidade e dedicação ao seu dono como retribuição aos bons tratos que lhes são dispensados. Não poderiam tais procedimentos serem considerados como magnânima prova de amor ? e o amor, ao que nos parece, não constitui um verdadeiro ato de racionalidade ?
Mas deixemos de lado tais conjeturas; adiemos para uma outra oportunidade, uma vez que o cão rico na companhia da sua dona acabam de sair do prédio onde residem e se dirigem à praça onde já nos encontramos nós e o cão pobre. Desculpem-nos a interrupção, pois a conversa de logo mais se prenuncia deveras auspiciosa.
----- Olá amigo, boa tarde ----- se dirige o cão rico ao cão pobre.
----- Boa tarde ----- responde-lhe o cão pobre. Estava saudosa diante da prolongada ausência do amigo.
----- É. Na verdade a minha ausência resultou d um prolongado final de semana na fazenda pertencente à família da minha dona situada num dos mais belos recantos que me fora dado conhecer. Como a natureza é pródiga ! A mim, me pareceu se tratar de um pedacinho do céu. Extensos campos verdejantes onde o gado pastava numa graciosa calma silente, conferindo-lhe estonteante beleza. Matas que mais pareciam verdadeiras florestas virgens entrecortadas aquí e acolá por córregos de águas diáfanas. Adorei.
----- Tudo isso, meu amigo ----- interrompe o cão pobre ----- somente poderia ser obra do Grande Arquiteto. Pena que os humanos imbuídos tão somente pela ganância de lucros fácies e ao se auto-afirmarem como seus verdadeiros proprietários, não se envergonhem de cometer tanta agressão ao que de direito pertence a todos nós e não somente a alguns.
----- Lá mesmo na fazenda o que se vê é uma ensandecida e deplorável retirada de madeira dasa matas levando ao sacrifício árvores e mais árvores, algumas vezes centenárias, sem a preocupação de um adequado reflorestamento. Não se apercebem esses senhores que a natureza uma vez agredida, vai se tornando à cada dia mais inóspita para os seres que dela dependem. Infelizmente eles não possuem uma conscientização ecológica; não se importam com a má herança que destinarão aos seus descendentes ----- declara o cão rico.
----- Mas, ao que me parece, já existem organizações não governamentais que diante de crime tão nefassto contra a natureza, estão arregimentadas no que concerne a uma maior conscientização quanto a sua preservação.
----- Mas meu amigo, mudando de assunto ----- diz o cão rico, procurando evitar que a sua dona tomasse conhecimento daquilo que passaria a expor. A finalidade da reunião da família na fazenda durante todo aquele final de semana dizia respeito à questão da herança que cada um iria auferir. Mesmo antes do velho patriarca falecer, todos já estavam de olho nos seus bens, pois o velho, além da idade provecta bem avançada, é portador de pertinaz meléstia que provavelmente abreviará seus dias por aquí entre nós. Desse modo, o que mais me surpreendeu foi a ingratidão dos filhos diante de uma situação de extrema delicadeza. Pelas conversas nos bastidores pude perceber, de forma insofismável, que a maior preocupação deles era quanto a demora do vaelho expirar, retardando a posse definitiva dos bens que o infeliz deixaria. Em nenhuma ocasião; em nenhum momento presenciei alguém que demonstrasse tristeza diante do iminente desenlace. Somente acaloradas discussões quanto a partilha a ser efetuada; qual o valor que seria destinado a cada um dos herdeiros.
A essa altura o cão rico despede-se do cão pobre prometendo numa outra oportunidade continuar o assunto.
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