Voyeur, o viciado em bisbilhotice
O Big Brother e a Casa dos Artistas continuam em cena, com as suas "espontaneidades" acontecendo conforme tudo havia sido previsto. Nada de novo. Uma chatice sem limites.
E estes programas surgiram porque o ser humano é bisbilhoteiro por natureza. Adora uma fofóca, e quanto mais apimentada, melhor.
Assim sendo, aqueles velhos hábitos que as pessoas tinham de olhar por entre as frinchas das janelas, com ou sem binóculos, para esquadrinhar o vizinho, estão sendo substituidos pela bisbilhotice tecnológica.
Antigamente, quando o alvo era familiar, bastava se colocar o olho no buraco da fechadura, para ver o que o outro, ou outros, estavam fazendo.
A nova febre tomou conta da Internet, [hehehehehe...sempre a pecaminosa e selvagem "net"...] e já está passando para a TV.
Nos Estados Unidos, é o "saudável" esporte de "voyagear" [se a palavra não foi criada por inguém, é um neologismo inventado por mim]. Fiquei abismado com a quantidade de pessoas que estão instalando càmeras dentro de suas casas, em todos os comodos, do banheiro ao quarto de empregada, deixando que o mundo inteiro tome conhecimento das suas alegrias e tristezas.
Logicamente, o indiscreto vai pagar pela sua curiosidade.
Coloque a palavra "voyeur" no seu procurador preferido, e veja quantas URLs irão aparecer. Neste meio, aparecerão milhares de sites pornográficos, daqueles muito manjados, que normalmente são um convite ao sono.
Na minha procura, encontrei um site com o sugestivo nome de "Voyeur Paradise". O idealizador do negócio editou seis fotos para fazer a chamada publicitária na porta de entrada, relativas à um momento da vida da moradora, aonde a mulher entra em casa, senta no sofá, levanta a blusa, tira, fica pelada, levanta, liga a TV, apanha um livro, se refestela na poltrona e abaixo da útlima foto, vem a pergunta:
- Now i m bored. Can you think of anything interesting to do!!
Ela está chateada, e pede para que pensemos em alguma coisa interessante para fazer. Bom, para contiuarmos na companhia desta enfastiada mulher, nós teremos que pagar.
Nos USA, o canal Bravo, colocou uma mulher dentro de casa, e a belezinha vai morar de graça, com càmeras espalhadas por todos os lugares, e deixando-se filmar 24 horas por dia. Não sei se a inquilina pode receber visitas.
Estou pensando em negociar com algum casal que esteja enfadado com a vida conjugal [o que é muito fácil de encontrar], e espalhar càmeras por toda a casa, conforme fez o canal Bravo. Os dois também seriam filmados dia e noite. As pessoas poderiam avaliar o que é a vida de um casal que mora junto, mas estão de saco cheio um do outro. Sem diálogo, sem amor, sem olhar, sem carinho, sem nada. A existência obrigatória e enfastiante de duas pessoas, ligadas na maioria das vêzes por algum interêsse mútuo, dinheiro ou filhos, ou pelo mêdo de começar uma vida nova, e o receio de, no futuro, cair em outra situação igual à presente.
Aposto que seria um sucesso, porque um bom número de pessoas iria tentar perceber o grande êrro que existe na vida do casal bisbilhotado, ou seja, procurar descobrir na crise existencial que assola o homem e a mulher que aparecem alí no espaço virtual, as causas das suas próprias falhas, pois descobririam que as suas vidas, nada mais eram do que um espelho da situação que estavam pagando para ver.
Logicamente, na maior parte dos sites em que formos dar uma de "voyeur", encontraremos muita ação. Em alguns, deveremos ter muita paciência para esperar as coisas acontecerem, mas de qualquer forma, deve haver um "video" Ã disposição dos pagantes, com as coisas eletrizantes que aconteceram quando estavamos desconectados.
Afinal, acho que a maioria não pode, e nem tem paciência, para ficar 24 horas por dia bisbilhotando a vida do vizinho.
Nem no real, nem no virtual !
Existe um movimento nos bastidores do Brasil para se colocar os presidenciáveis numa casa dez dias antes das eleições.
Seriam filmados e ouvidos durante vinte e quatro horas por dia, junto com as suas mulheres, ou a companhia que desejassem, para que a coisa não caisse na mesmice.
A mulher sempre sabe virar o jogo da rotina.
A Rede Globo deveria encampar esta idéia.
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