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Cronicas-->No mundo virtual reina o império dos sentidos -- 13/09/2002 - 16:21 (Wilson Gordon Parker) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
No mundo virtual reina o império dos sentidos

Quando mergulhamos no mundo virtual da Internet, sentimos que uma corrente elétrica toma conta de todo o nosso corpo, e, movidos por uma alucinante sensação de curiosidade, mergulhamos fundo naquele universo totalmente desconhecido.

Mas não estou falando de "navegar", ver páginas, ler revistas e jornais. Falo deste vicio alucinante que é o mundo do "chat". Aquela comunicação instantànea que temos com uma outra pessoa, e com a qual teclaremos algumas, ou muitas palavras.

Falo do conhecimento fortuito que fazemos, encontros que nunca foram programados. Pessoas que nunca imaginamos as suas existências, e das quais só começaremos a saber, depois de trocarmos o protocolo do "oi".

Não importa a idade que temos, a aparência, se somos feios ou bonitos. Temos que ser simpáticos, agradáveis, sensíveis, e uma inteligência acima da média que encontramos no mundo real.

Sim, é isto mesmo, pois quando entramos no mundo virtual, devemos esquecer que a realidade existe. Temos que raciocinar de acordo com as sensações que iremos encontrar naqueles olhares virtuais.

Quando entramos naquele mundo fantástico, partimos da premissa inicial que todas as mulheres e homens são amigos, carinhosos e sensuais.

A beleza física não é tão necessária, pois as nossas emoções estão atreladas basicamente ao que "aparenta ser", e não importa o que "realmente é". Buscamos uma verdade que não conseguimos encontrar no mundo real.

Estes encontros virtuais são tão fortes e intensos, que depois de alguns dias ou momentos, as pessoas estão falando sobre intimidades que jamais se permitiriam num primeiro encontro em que o contato pessoal estivesse envolvido.

Enquanto na vida real, a aparência física é, invariavelmente, a isca para qualquer tipo de aproximação, no mundo virtual, o lado intelectual torna-se o principal ponto de atração, vindo depois o emocional e o físico.

Nestes momentos virtuais, joga-se a razão no lixo, e tudo passa a depender do grau de cumplicidade e sinceridade que as pessoas conseguem transmitir para os parceiros.

Almas gêmeas se encontram, surgem as paixões, tão ou mais fortes do que no mundo real, que tanto podem levar os amantes ao delírio do prazer, como ao desespero da dor, por causa de fofocas oriundas dos olhares virtuais invejosos, ou de problemas que surgem on-line, na maioria das vezes gerados pela ausência do toque carnal.

A distància é uma barreira terrível, e afetará o prosseguimento da relação, pois tal qual no relacionamento entre Adão e Eva, (a proibição de se tocarem e se amarem carnalmente por ordem divina) ela passa a ser exigência que a virtualidade impõe. Após a primeira transa, teriam que continuar sempre se tocando, e o virtual não teria mais sentido.

Esse mundo é o lugar onde as almas se beijam antes dos corpos se tocarem e onde só sentimos o sol por entre as frestas das folhagens.

A minha idéia sobre este mundo fantástico continua sendo a mesma que tinha há tempos atrás, quando comecei a escrever sobre as coisas que nele aconteciam.

No mundo virtual, o império dos sentidos domina.

Precisamos estar sempre com todos os nossos sentidos em estado de alerta. A densa neblina, não permite que a nossa visão focalize bem o que temos a frente.

Percebemos as pessoas por intermédio de uma sequência fotográfica que às vezes nos é mostrada.

Só visualizamos momentos que cortam a realidade da matéria.

Nossas mãos parecem apalpar corpos e coisas que não sabem exatamente o que são.
Nossa imaginação assume o comando dos nossos sentidos, para dar vida ao que não pode ser tocado, mas que está ali, estupidamente, jogado à nossa frente.

Escutamos vozes que saem de bocas que não vemos.

Beijamos lábios que não tocamos, mas nos esforçamos para sentir.

E sentimos.

Nossas mãos acariciam tecidos que parecem estar pegando fogo, mesmo que estejam com as almas congeladas.

Nossos ouvidos escutam vozes que sussurram uma alegre sinfonia de vida, mesmo que, no fundo, estejam atolados na escuridão de suas agonias.

Um sussurro de dor e nostalgia pode nos chegar aos ouvidos como sendo um grito alegre e sensual.

Nossos sentidos transformam tudo. Depende do que nós queremos sentir.

Às vezes entramos muito fundo no pàntano, e quando abrimos os olhos para a realidade, estamos completamente perdidos, e afundados em situações completamente absurdas.

É a hora em que o oxigênio começa a faltar. Estamos sufocados. Olhamos para cima, e não vemos nada.

Noite escura. Densa.

Saiu o sol, mas não veio a lua.

Aquela sensação de perdidos na escuridão do universo toma conta de nosso interior.
Atolados.


Temos que parar, apalpar, escutar, para que os nossos sentidos transmitam para a nossa intuição, o melhor passo a ser dado. A ansiedade da incerteza nos invade a alma. Nunca tivemos um caminho, apenas a parte nebulosa de uma débil trilha.

A noite está sem estrelas, mas uma voz nos diz que elas estão no céu. Olhamos por entre as frestas estreitas que surgem nas folhagens das árvores, e observamos as estrelas nascendo. Brilham no céu. Acompanhamos o sussurro distante, e nos deliciamos com o firmamento inteiro a piscar.

No momento seguinte, que pode ser agora, depois, ou perdido na eternidade, a voz some, e com ela desaparece toda a abóbada celestial.

Novamente na escuridão. A luz se foi.

Ficamos inertes, sem a mínima noção de onde estamos.

Dentro do peito, a palpitação da alegria, é substituída pelo sufocamento da perda. O cheiro de enxofre nos enjoa. A noção de distància que havíamos perdido, volta para o convívio da nossa realidade.

O longe que não existia, se transforma numa distància infernal. O atoleiro parece aumentar. Sem fim.

Depois de muito andar, perdidos na solidão do desconhecido, encontramos o caminho da realidade perdida.

Cansados e exaustos, olhamos em volta, e nada resta.

Arranhados e chamuscados, fechamos os olhos, e lembramos do trajeto que fizemos.
Uma ida alegre e prazerosa, livre e descontraída. Cheia de emoções e esperanças. Coração a mil. Alma saltitante. Céu sem nuvens. Azul. Noites prateadas.

O mundo encantador do surrealismo dos sentidos.

Depois, sem mais nem menos, o declínio. A neblina densa e pesada. A perda de direção. O encontro com a vida nua e crua.

A realidade.

O fim.

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