Desabafo, primeiro, e Grito sempre depois, até perder de todo as duas vozes...
Sem buscar nunca o privilégio das ribaltas ou lucro material, tenho lutado ao longo de toda a minha vida, e comecei bem cedo, pela liberdade plena, pela abertura de todas as portas e sobretudo pela harmonia convivencial, na fé convicta de que o ser humano pode por si mesmo dominar o raciocínio e tornar-se, reconhecendo-se, uma criatura irmanante na acepção límpida do termo.
Mil iniciativas que tomei e fiz irromper nas mais díspares vertentes, todas elas solicitando apenas empenhada boa-vontade para se lograr sentido e realidade, mil iniciativas também vi e senti claudicarem, ora por falta de comezinho senso, ora arrasadas pela ambição desmedida que ao fim e ao cabo sequer foi ambição alguma. Apenas inveja, mesquinhez, baixeza de pensamento e imbróglio masoquista que, se tem explicação, significará em súmula tão-só 'pele-queimada'.
Os meus braços caiem-me hoje ao longo do corpo soçobrados de decepção e a revolta apodera-se-me do raciocínio exalando num zurro a confrangedora desistência que a pouco e pouco se implanta nos meus derradeiros dias. O Hércules e a Hidra (dois permanentes 'HH' em confronto), inacreditáveis personagens da Bíblia, aí estão postas bem defronte à minha fronte, degladiando-se em vão sob pendor perpétuo.
Daí, dos meus insignificantes esforços à insignificância deste fórum, perante as avantesmas do mundo, concluo que os tiros suicidas que voluntariosamente entraram na cabeça de inteligências enormes, foram exclusivamente accionados pelo trágico fatalismo que fomenta a ignorância bem assaz por dentro do núcleo da inteligência predadora.
Mesmo assim, ainda que vencido e convencido, por algo que nem sei o que é, não cessarei de gritar até perder de todo as duas vozes...