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Ensaios-->A globalização da insegurança -- 26/03/2007 - 12:11 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A globalização da insegurança

Claudio Téllez, 25 de março de 2007
http://www.claudiotellez.org

O fim da Guerra Fria parecia indicar que, após mais de quarenta anos de tensões, o mundo finalmente estava entrando em uma era de paz, prosperidade e harmonia. Em um discurso perante o Congresso norte-americano, no dia 11 de setembro de 1990, o presidente George H. W. Bush prognosticou o início de um período caracterizado por ser mais livre da ameaça do terror e mais seguro na busca da paz.

O presidente George H. W. Bush referia-se principalmente ao terror da ameaça de uma aniquilação nuclear da humanidade. A política de destruição mútua assegurada (MAD – “mutual assured destruction”), que consistia de uma estratégia de dissuasão recíproca, determinou grande parte da dinâmica internacional durante a Guerra Fria. Ainda assim, o risco de uma guerra nuclear, mesmo sendo baixo, estava sempre presente. Com o colapso do império soviético, a ameaça de uma guerra nuclear em larga escala desvaneceu-se e parecia ser o momento de começar a direcionar as energias para outros assuntos.

A partir da década de 1990, o processo de globalização, que vinha tomando cada vez mais fôlego pelo menos desde o início da década de 1970, com o fim do sistema de Bretton Woods, intensificou-se. Apesar da face mais sobressalente da globalização ser a econômica, por serem os processos dessa natureza os que mais afetam as nossas atividades cotidianas, a globalização envolve todo um conjunto de fenômenos multifacetados e interpenetrados. É importante evitar, portanto, o erro de subjugar os domínios da sociedade, da cultura e da política exclusivamente às relações econômicas que acontecem na arena internacional. A política e a economia, por exemplo, não constituem domínios desconexos e o bem-estar nas relações econômicas requer o bom funcionamento da ordem política internacional.

De acordo com o economista indiano Deepak Lal, para garantir o funcionamento dos processos benignos da globalização e assim promover a prosperidade, é importante que uma potência possa desempenhar o papel de império no sistema internacional. Dessa maneira, ela impõe uma ordem que, para Lal, substitui a anarquia do sistema e provê a paz, um bem público internacional. Devemos observar, contudo, que mesmo sob um domínio imperial o sistema internacional permanecerá anárquico, porque a maneira como a soberania se expressa no exterior dos Estados continuará impossibilitando a institucionalização de um ordenamento hierárquico ou a criação de um supra-Estado capaz de determinar, mediante algum tipo de contrato, como se devem processar as relações interestatais.

Uma potência hegemônica imperial pode conduzir as relações internacionais em determinadas direções, para manter uma certa estabilidade no sistema internacional e assim garantir um ambiente propício para o florescimento dos intercâmbios, porém ela não pode instituir um governo sobre o sistema. É por isso que, mesmo em momentos de grande otimismo (como por exemplo no início da década de 1990), a perspectiva de uma era dourada para as relações comerciais e para a cooperação internacional não é suficiente para que possamos fechar os olhos à natureza fundamentalmente anárquica do sistema internacional, onde a disputa pelo poder continua sendo a matéria mais essencial e determinante das mudanças na política mundial.

Apesar da década de 1990 não ter se concretizado como o início de uma era de paz, prosperidade e harmonia, podemos tirar uma grande lição do fim da Guerra Fria: sistemas totalitários de governo e modelos de planejamento econômico central não favorecem o desenvolvimento econômico e a prosperidade das sociedades. A liberdade econômica e a democracia são condições que contribuem para a otimização do bem-estar político e econômico. Para que a globalização do século XX seja benigna, portanto, não basta que exista uma potência hegemônica imperial ordenando as relações interestatais; é necessário que essa potência esteja comprometida com a defesa e a promoção dos valores da liberdade e da democracia.

A globalização compreende tanto processos de transnacionalização quanto de internacionalização. Os primeiros referem-se ao desenvolvimento de atividades que ultrapassam os limites nacionais, enquanto os últimos correspondem à ampliação das relações interativas entre os Estados. Com a aceleração da integração econômica mundial e a intensificação das informações, surgem mais oportunidades de ganhos através dos intercâmbios, porém ao mesmo tempo torna-se mais difícil lidar com os perigos globais, que assumem um caráter plural e difuso. O terrorismo, no contexto do início do século XXI, corresponde à globalização da insegurança, mediante a transnacionalização dos movimentos e dos ideários de contestação ao predomínio do Ocidente nas principais instituições mundiais, na condução dos processos econômicos e na lógica das mudanças sociais.

Durante a Guerra Fria, a doutrina da contenção deu bons resultados e a política de destruição mútua assegurada manteve o equilíbrio do sistema internacional (ainda que pelo terror da confrontação nuclear). Durante esse período, as principais ameaças à segurança internacional tinham a sua origem nas capacidades de poder dos Estados. Essa lógica, contudo, não se aplica totalmente à realidade do pós-Guerra Fria, quando algumas ameaças à segurança e à estabilidade do sistema internacional não vêm necessariamente ligadas aos Estados nacionais, mas a grupos que operam como atores independentes, mesmo que recebam apoio e patrocínio de determinados Estados.

Nos primeiros anos do século XXI, a ameaça do terror é de outra natureza e, para lidar com ela, há que fortalecer os laços das nações livres em torno da segurança como um objetivo comum e primordial, promovendo ao mesmo tempo os valores da liberdade e da democracia, pois são eles que conferem coesão e identidade ao Ocidente.


http://www.claudiotellez.org/port/artigos/250307.html

(*) Claudio Téllez
Vice President of Formation and Projects - CIEEP
Web Page: http://www.cieep.org.br/
Personal Web Page: http://www.claudiotellez.org/
E-mail: ctellez@cieep.org.br / claudio@tellez.com



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