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Artigos-->CHAMBRE DE LA POÈSIE ET MUSIQUE -- 29/07/2012 - 15:42 (LUIZ CARLOS LESSA VINHOLES) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


CHAMBRE DE LA POÈSIE E MUSIQUE



 



 



L. C. Vinholes



 



 



Mesmo antes de organizar a Exposição de Poesia Concreta Brasileira no Museu de Arte Moderna de Tóquio, em abril de 1960, me sentia gratificado com a confiança e a amizade que se concretizavam com alguns dos mais convincentes poetas japoneses liderando as gerações que despontavam na década de 1950. A afinidade crescia também com aqueles que viabilizavam a divulgação do que se fazia de maior interesse não só entre os praticantes poetas mas especialmente entre o crescente público ávido por novas experiências poéticas.



 



Com relação a estes últimos vale registrar as publicações Design  e Graphic Design, revistas dedicadas primordialmente ao desenho industrial - no sentido amplo -, que acompanhavam o crescimento da indústria japonesa e o surgimento de produtos bastante singulares no mercado consumidor da época, mas que não deixavam passar desapercebidas ideias que, direta ou indiretamente, poderiam enriquecer a extensa gama de experiências que embasavam os resultados paulatinamente obtidos. Neste campo uma das figuras que se destacou pelo apoio dado à divulgação da poesia concreta brasileira no Japão foi o designer e poeta Shukuro Habara ao qual se deve a publicação das antologias homônimas Poesia Concreta Brasileira nas revistas Design, nº 27-1961, e Graphic Design nº 18-1965. Estas duas publicações permitiram chegar ao conhecimento do público japonês poemas concretos de Haroldo de Campos, Décio Pignatari, Eusélio Oliveira, Augusto de Campos, Pedro Xisto, José Lino Grünewald, Edgard Braga, Ronaldo Azeredo, Maria José Carvalho, Clarival do Prado Valladares, Dora Ferreira da Silva, Mario da Silva Brita e Alcides Pinto. Da primeira revista figuram textos sobre a poesia concreta brasileira assinados pelos poetas Kitasono Katué e Fijitomi Yasuo. Ainda graças ao interesse de Habara pela produção dos poetas brasileiros foi publicado na revista Design nº 73-1965, artigo, em japonês e inglês, sobre o tema Novas Palavras - Nova Poesia, de Décio Pignatari e Luiz Ângelo Pinto, ilustrado com poesias semióticas dos autores.



 



Como ato de reciprocidade pelo interesse dos poetas japoneses pela produção dos poetas brasileiros, pondo em prática os conhecimentos da língua japonesa que adquiri nos primeiros quatro anos de permanência em Tóquio, dediquei bom tempo à tradução para o português de poemas dos autores que pertenciam aos principais grupos ocupados na prática da poesia japonesa de vanguarda. Saliento, pela constância do trabalho que realizavam e pela consistência e pragmatismo de suas lideranças, os grupos VOU, Pan Poèsie e Almée, Sabi , sediados em Tóquio, Fukuoka e Kobe. Nesta prazerosa tarefa não só ampliei e aprofundei meus contatos, mas também muito aprendi na paciente busca de mais compatíveis versões para os textos em português vis a vis os originais japoneses, muitas vezes libertos das tradicionais normas de grafia, sintaxe e quase ausência de pontuação. Dentre os poetas traduzidos estão Iwamoto Shuzo, Uchida Toyokiyo, Horiuchi Reiko, Kawamura Yoichi, Jyo Yoko e Kitasono Katué. Deste último ocupei-me com os poemas da antologia Kemuri no Chokusen-Reta da Fumaça, de 1959, publicada em edição bilíngue, em 1983, pela revista Através nº 1, da Martins Fontes Editora, de São Paulo.



 



Meus contatos e minhas afinidades com os poetas japoneses cresceram e aprofundaram sensivelmente quando, no final de 1960, passei a frequentar o Café Salão Fugetsu-do (Salão Vento-lunar), situado na Namiki-dori, no bairro de Shinjuku, uma das áreas mais movimentadas e frequentadas não só por poetas, mas também por artistas plásticos, músicos e pessoal ligado à dança e ao cinema. Ali era distribuído o programa dos eventos mensais intitulado Chambre de la Poèsie et Musique,  que trazia poemas dos membros do grupos VOU, Pan Poèsie e independentes, informação sobre as exposições de óleos, gravuras e fotografias, exibições de filmes de 16mm e audições de seletos discos LP na noite da última segunda-feira de cada mês, com comentários do compositor de vanguarda, poeta e crítico musical Akiyama Kuniharu. Fugetsu-do era o reduto preferido para os encontros de sábados e domingos. Degustando doces tipicamente ocidentais, especialmente o black-forest e aapple pie, chás japonês e preto e café, os que ali se reuniam passavam bons momentos discutindo suas ideias e apresentando uns para os outros suas recentes produções. Eram muitíssimo apreciados os filmes de 16 mm, de pouca duração, exibidos no mezanino onde a luz dos vidros fumê da porta e da parede que dava para a rua, não impedia a boa visualização. Foi ali que conheci inúmeros poetas, alguns dos quais foram apoiadores ou parceiros no planejamento da I Exposição Internacional de Poesia Concreta realizada, em 1964, no Sogetsu-kaikan de Tokyo - sede da moderna escola de ikebana criada por Teshigahara Akane -, sita na ampla Avenida Aoyama-dori, do lado oposto ao palácio-residência do Príncipe Herdeiro, na época o atual imperador Akihito.



 



Para eventualmente servir de subsídio a quem se interessar, registro, cronologicamente, os nomes dos poetas que tiveram seus poemas divulgados nos programas dos eventos da Chambre de la Poèsie et Musique,de janeiro de 1961 a dezembro de 1962: Horiuchi Reiko (1932-), Fujitomi Yasuo (1928-), Shimizu Toshihiko (1937-), Takemura Kotaro (1916-), Uemura Yutaka (1926-), Tsuji Setsuko (1927-), Kawamura Yoichi (1932-), Akira Yutaka (1922-), Takahashi Shohachiro (1933-), Minamikawa Shuzo (1929-), Tesuka Hisako (1929-), Shimizu Masato (1936-), Kitasono Katué (1902-), Uchiyama Tomiko (1923-), Kishida Eriko (1929-), Fujieda Teruo (1936-), Takada Toshiko, Yamada Norio (1922-),  Yamada Masahiro (1933-), Osada Akira (1932-), Noguchi Masamichi (1932-), Akiya Yutaka (1922-) e Hiramatsu Mitoe (1932-). Para que os leitores deste artigo não encontrem apenas 23 nomes para 24 meses, não posso deixar de registrar que tive o privilégio de ter meu poema “de . a . ”, de 1960, publicado no programa da Chambre de la Poèsie et Musique, de fevereiro de 1961, acompanhado de versão em inglês e comentário do poeta Shimizu Masahito.



  


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