Do canto do céu, bem lá onde o mundo arredonda, surge de repente
Gotas chorosas de chuva.
Inseguras, errantes, lacrimosas formas...Lágrimas dos Deuses.
Venham, meu rosto as espera, misturemos nossos corpos decadentes,
Deixem que meu pranto faça parte desse milagre de ir e vir aos céus.
Pequenas senhoras vindas dos paraísos transitórios beijem-me o coração!
Refugiem-se em meus braços, alimentem-se do que um dia foi fogo ardente,
Descansem por um instante em minhas nubladas retinas.
Tragam-me notícias novas, atirem em mim sonhos de outros amantes,
Quero que meu sorriso sangre em batalhas em novos campos novamente.
Como brilham as verdes folhas com teu toque! Fabulosa fúria da vida.
Quero que me transpassem a pele e façam brilhar meu coração dormente.
Quero partir convosco, pequenas senhoras do ermo...Silencioso e lacrimal,
Quero misturar-me nos lagos e rios e depois ao calor do Sol ascender...
Entre orvalhos, tempestades e românticas garoas quero ir-me de encontro
A branca pele fugidia, fonte dos meus amores, dos meus martírios, dos meus delírios...
Lírio, quando eu chegar, me reconheças entre as fadas e abra-me teu corpo infecundo
Onde adormecerei líquido a banhar-te a saudade.
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