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Artigos-->DROGAS - O TRÁFICO INTERNACIONAL E OS NARCOESTADOS. -- 08/09/2012 - 11:38 (edson pereira bueno leal) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


         DROGAS - O TRÁFICO INTERNACIONAL E OS NARCOESTADOS. 



                                        Edson Pereira Bueno Leal, setembro de 2.012.



 



 



 



Para o psicanalista belga Jean-Pierre Lebrun “Há séculos que as drogas tem algo de paraíso artificial como diz Baudelaire. Ou seja, uma forma de se refugiar da dor humana, da insatisfação. As drogas sempre serviram para evitar o confronto com esse sofrimento. Quanto menos você está preparado para suportar as dificuldades, mais está inclinado a se evadir, a recorrer a substâncias, sejam as drogas ilícitas, sejam as medicamentosas, para limitar o sofrimento que vai se apresentar”. (Veja, 9.12.2009, p. 24).



“Fumei maconha uma vez, odiei. Tomei ayahuasca uma vez, odiei. Cheirei cocaína uma vez, odiei. Odeio drogas” Caetano Veloso, Veja, 28.07.2010, p.73).



 



TRÁFICO DE DROGAS E VOLUME DO COMÉRCIO MUNDIAL



 



Segundo Relatório Mundial sobre Drogas 2005 da ONU, com dados de levantamentos de 2003 e 2004 o comércio de drogas ilícitas no mundo atinge a US$ 321,6 bilhões ao ano e abastece um mercado de aproximadamente 200 milhões de pessoas, cerca de 5  % da população mundial entre 15 e 64 anos.  Do total, apenas 4% ou US$ 12,8 bilhões são gerados no momento da produção, 25% ou US$ 94 bilhões são gerados no atacado, o que supera o valor das exportações mundiais de carne, (US$ 52,5 bilhões) e cereais (US$ 40,7 bilhões),  e, portanto a maior parte do faturamento, US$ 321,6 bilhões  é gerado no varejo.



 


















































































Consumo de Drogas no mundo em milhões de pessoas por Drogas 1995-2001




droga




1995/98




% pop




1998-2000




%pop.




2000/01




%pop.




maconha




144,0




3,4




147,4




3,4




162,8




3,9




Anfetaminas




24,2




0,6




33,4




0,8




34,3




0,8




Ecstasy




4,5




0,1




7,0




0,2




7,7




0,2




Cocaína




14,0




0,3




13,4




0,3




14,1




0,3




Oleáceos




13.5




0,3




12,9




0,3




14,9




0,4




Heroína




9,2




0,2




9,2




0,2




9,5




0,2




Todas




180,0




4,2




185,0




4,3




200,0




4,7




 



No período 1995-2001 o maior aumento ocorreu com a maconha que é a droga mais consumida e que passou de 147,4 para 162,8 milhões de consumidores. Cerca de 4,7% da população mundial consome drogas, cerca de 40% tabaco e 60% álcool. .



A maior parte do consumo é feito nos países industrializados, daí, 76% do lucro é gerado nestes países. O maior mercado é a América do Norte, com 44% do faturamento no varejo e em segundo lugar a Europa com 33% do faturamento. Ásia 11%, A América do Sul representa apenas 3% do faturamento e a Oceania, 5% e a África 4%. 



Em uma perspectiva mais ampla o consumo de drogas ilícitas tem se mantido estável: 4,8% da população mundial entre 15 e 64 anos.



Segundo o Relatório Mundial sobre Drogas 2008, divulgado em junho de 2008 pelo Unodc (Escritório da ONU contra Drogas e Crimes) pelo menos uma vez ao ano, 208 milhões de pessoas usaram drogas ilícitas em todo o mundo ao longo de 2007. A metade usa drogas pelo menos uma vez por mês. Em 2008 o mundo tem 26 milhões de dependentes químicos, usuários considerados problemáticos, 0,6% da população adulta. Em 2007 eram 25 milhões. (F S P, 27.06.2008, p. A-14).



A ONU criou um índice global de drogas baseado na produção, consumo e grau de periculosidade da substância onde acima de 20 indica situação grave. Oriente Médio 52,67; América do Sul, 28,26; América do Norte 24,40; Oceania 18,86; Ásia Central 14,56; Europa Central e Ocidental 13,10; Sudeste da Europa, 12,75; Leste da Europa, 12,38; Caribe, 12,06; América Central, 7,62; Norte da África, 7,51; Sudeste da África, 5,32; Leste e Sudeste da Ásia 5,09; África Central e Ocidental, 5,03; Leste da África, 2,23. (F S P, 30.06.2005, p. A-14).



Dados da ONU de 2008 indicam que da população adulta mundial de 4,3 bilhões, cerca de 210 milhões consumiram drogas nos últimos 12 meses, cerca de 112 milhões consumiram drogas nos últimos 30 dias e 26 milhões são dependentes de drogas. Esta proporção se mantém inalterada desde o fim da década de 1990.



A maconha é consumida por 3,9% da população mundial, seguindo-se anfetaminas 0,6%, cocaína 0,4%, heroína 0,3% e ecstasy 0,2%.(Veja, 18.03.2009, p. 100).



O tráfico mundial de droga possui três grandes regiões exportadoras do produto. O chamado “cinturão branco” que reúne Bolívia, Peru, Colômbia e Equador, com forte produção de cocaína destinada aos mercados americano e europeu e onde o Brasil entra como zona de consumo e passagem. O “crescente dourado”, que congrega Irã, Afeganistão e Paquistão, sendo o Afeganistão o maior produtor de oleáceos do mundo e o chamado “Triângulo Dourado” que une Mianmar, Laos e Tailândia, produtor de oleáceos e drogas sintéticas. Drogas sintéticas também são produzidas na Europa. A África do Sul é o maior produtor mundial de maconha.



Segundo o jornalista inglês Misha Glenny em “McMafia”, com base em dados da ONU, cerca de 70% das organizações criminosas vivem das drogas. O restante se divide entre atividades como o contrabando de diamantes, o comércio ilegal de armas e o contrabando de cigarros. Boa parte dessas máfias conseguiu expandir suas atividades globalmente, graças a uma notável especialização. Os malfeitores chineses, por exemplo, são mestres em falsificar cigarros e mercadorias em geral. Os colombianos, em plantar e exportar cocaína. Nigerianos, os melhores em sofisticados ‘contos do vigário’. Segundo ele, as corporações criminosas aspiram se espalhar pelo mundo afora, à semelhança das metas globais de empresas como o McDonald’s. As razões começam pelos avanços tecnológicos, passam por uma generosa legislação que viabilizou intensos fluxos de dinheiro entre centros financeiros e terminam nos vácuos de poder de países que sofrem mudanças bruscas (como os que assistiram ao colapso do comunismo) ou foram administrados por governos fracos (como o que sucedeu o regime de apartheid na África do Sul). “(Exame, 4.6.2008, p. 133.)”.



François Miterrand, presidente da França, em discurso proferido em 26.08.1989 afirmou “O poderio assassino dos traficantes de droga se instala como um poder que compete com os Estados e assume a liderança das organizações internacionais do crime. É preciso ousar, pensar e dizer que nenhum compromisso é possível com esta cadeia de corrupção”.Na França, um banco deve – sob pena de ser processado – examinar não apenas a identidade do cliente, mas também a do direito econômico; ele deve determinar a proveniência das somas que aceita em depósito. Alem disso, um banco tem uma “obrigação de denúncia”. Se o banqueiro se vê diante de um negócio que levanta sua suspeita, ele deve avisar as autoridades “. (F S P, 21.12.1990, Especial p. 10)”.



Para César Gaviria, ex-presidente da Colômbia, “a democracia ficou realmente ameaçada pelas ofensivas dos narcotraficantes em meu país. Eu mesmo, quando fui presidente e combati os cartéis de Medelin e de Cali, enfrentei desafios descomunais. No Brasil, o que acontece nas favelas com bandidos que impõem suas próprias leis e desafiam as autoridades, é um conjunto de ações alheias aos princípios sagrados da democracia”.(Veja, 7.5.2008, p. 126).



O general Miguel Hidalgo, chefe da Diretoria Nacional Antidrogas do Peru em seminário internacional “Investigação Jornalística do Narcotráfico na América Latina”, previu um quadro futuro de “consolidação do narcoterrorismo”, o que “pode levar a um estado de guerra de baixa intensidade permanente”. Segundo ele, “a longo prazo, o narcoterrorismo ameaça a estabilidade e a governabilidade democrática”. (F s P, 15.06.2008, p. A-19).



O poder destruidor do narcotráfico é relatado pelo sociólogo Hugo Acera, que foi secretário de segurança em Bogotá de 1995 a 2003 “Na Colômbia, nos anos 1990, o então chefe do Cartel de Medellín, Pablo Escobar, decidiu pagar 500 dólares por policial morto. Resultado: em um ano, foram assassinados mais de 300 policiais. Por fim, crimes como furtos e roubos aumentam entre usuários de drogas. As estatísticas mostram que esse tipo de delito cresce à medida que aumenta a distribuição de drogas em determinada região”. (Veja, 21.05.2008, p. 108).



O Congresso dos EUA aprovou em junho de 2008 a Iniciativa Mérida, que destina US$ 1,4 bilhão para o combate ao tráfico de drogas no México e na América Central, em três anos, com o fornecimento de sistemas de comunicação, veículos e helicópteros para vigilância de fronteira e treinamento militar, (F S P, 28.06.2008, p A-19).



Brasil, Colômbia e Peru assinaram em julho de 2008 um acordo militar para combater o tráfico ilícito de drogas, armas e crimes transnacionais, menos o terrorismo. Exército e Marinha dos três países, e a Polícia Federal Brasileira participarão de operações simultâneas e ações de patrulhamento nos rios fronteiriços, em 1632 quilômetros de fronteiras. (F S P, 21.07.2008, p. A-14).



Os EUA retiraram pela primeira vez da lista dos principais países produtores de drogas o nome do Brasil Ainda assim, o país é citado como fonte de “séria preocupação”, devido à extensão do território e das fronteiras.



Na lista de 2011, estão: Afeganistão, Bahamas, Bolívia, Mianmar, Colômbia, Costa Rica, República Dominicana, Equador, Guatemala, Haiti, Honduras, Índia, Jamaica, Laos, México, Nicarágua, Paquistão, Panamá, Peru e Venezuela. (F S P, 18.09.2010, p. A-22).



Segundo o general Douglas Fraser, que chefia o Comando  Sul das  Forças Armadas dos EUA, o combate às Farc trouxe como efeito colateral o transbordamento das atividades de narcoguerrilheiros  para países vizinhos, como Peru e Bolívia. Associado ao novo poder dos cartéis do tráfico no México, é a maior ameaça à estabilidade na América Latina em 2012. (F S P, 13.07.2012, p. A-10).



 



 



OS NARCOESTADOS



 



Segundo Douglas Farah, autor de Merchant of Death (O Mercador da Morte), sobre o traficante de armas russo Viktor Bout, desde os atentados de 11 de setembro de 2001, “o combate ao crime organizado ficou de fora da lista de prioridades e diferentes grupos com atividades ilícitas puderam agir com uma liberdade sem precedentes. Eles fizeram contatos entre si e assumiram o controle de partes vitais da economia de muitos países. Na América Latina, houve um fenômeno ainda mais preocupante. Os criminosos foram convidados pelos governantes de países ditos ‘bolivarianos’, liderados pelo presidente venezuelano Hugo Chávez, para compartilhar o poder político. Assim, conquistaram uma força inédita na região”.



Narcoestado é o nome que se atribui a um país em que a cúpula governamental dá proteção às atividades dos traficantes ou mantém alguma participação direta no negócio clandestino. Nesses lugares, os criminosos são utilizados como instrumento de política interna e externa e apóiam o poder central. Em troca, cometem seus crimes com total segurança. A existência desse tipo de acordo explica o espetacular crescimento da Venezuela como local de passagem da cocaína para outros países. O mesmo ocorreu com o Equador e a Bolívia. Nesses países, quando funcionários do primeiro escalão são flagrados em operações ilegais, jamais são investigados ou punidos. Ao contrário, são promovidos. Quem é castigado são os jornalistas ou os políticos da oposição com coragem para divulgar as relações entre o poder político e o crime organizado. Foi o que aconteceu com o senador boliviano Roger Pinto, que entregou denúncias ao presidente Evo Morales e, por isso, passou a ser perseguido pelo governo. O político acabou refugiando-se na Embaixada do Brasil para escapar da retaliação.



O ministro da Defesa da Venezuela, Henry Rangel Silva, deu apoio material para que as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) transportassem drogas, segundo o Departamento do Tesouro americano. O juiz Eladio Aponte, que trabalhou sete anos no Tribunal Supremo de Justiça da Venezuela e está exilado nos Estados Unidos, também afirma ter provas do envolvimento de altos membros do governo de Hugo Chávez com narcotráfico. Até fugir para Miami, ele era fiel ao presidente. Na Bolívia, Juan Ramón Quintana, ministro da Presidência e Sacha Llorenti, ex-ministro de Governo, são suspeitos de manter relações escusas com o crime organizado. Llorenti acaba de ser nomeado embaixador da Bolívia na ONU. No Equador, dois aliados do presidente Rafael Correa, Gustavo larrea, ex-ministro de Segurança Interna e Externa, e José Ignácio Chauvín, ex-subsecretário de Governo, mantinham vínculos diretos com os traficantes das Farc.



...Nos países bolivarianos, o crime organizado espalhou-se de alto a baixo na estrutura de poder. No modelo antigo, sempre havia um setor do estado que não havia sido contaminado e podia reprimir os criminosos com a polícia ou as Forças Armadas. Nos narcoestados, essa capacidade de reação praticamente deixa de existir...Onde há narcotráfico, há lavagem de dinheiro, tráfico de seres humanos e prostituição “. (revista Veja, 5.9.2012, p. 17-20)”.



 



 



BOLÍVIA



 



Relatório do Departamento de Estado americano de 2008 destaca que a Bolívia não só falhou comprovadamente no combate às drogas , como ao empregar “retórica hostil” aos EUA, dificultou a cooperação. O relatório recorda que a Bolívia expulsou o embaixador americano em 2008  e sob acusações de ingerência e conspiração, Morales também expulsou integrantes da DEA, a agência antidrogas dos EUA, e da Usaid, de fomento. (F S P, 28.02.2009, p. A-18).



 



COLÔMBIA



 



Relatório da unidade de investigação do Congresso americano mostra que o Plano Colômbia, implantado em 2000, não alcançou o objetivo de reduzir a produção de cocaína pela metade, embora tenha melhorado os índices de violência interna.



Apesar dos US$ 6 bilhões em assistência á Colômbia, a produção de cocaína aumentou 4% entre 2000 e 2006, bem longe da meta inicial que previa uma queda de 50% nesse período. O cultivo da coca aumentou 15% entre 2000 e 2006, as plantações se espalharam e ficaram menos produtivas devido às fumigações aéreas.



O relatório sugere que o governo americano diminua o financiamento á Colômbia, transfira parte de suas responsabilidades operacionais e revise o programa para financiar alternativos ao cultivo da coca. (F s P, 7.11.2008, p. A-14).



Relatório do Departamento de Estado americano de 2008 destaca a queda na produtividade das plantações de coca e a apreensão recorde de cocaína e o crescimento de 6,37% da área usada para cultivo entre 2006 e 2007.



 



EUA



 



Os EUA gastam US$ 40 bilhões por ano e prenderam 500.000 pessoas, mas mesmo assim continuam sendo o maior consumidor mundial de substâncias ilícitas.



Segundo Peter Reuter, professor de departamento de criminologia da Universidade Maryland e especialista no mercado de drogas, apesar de 25 anos de guerra às drogas, os preços da cocaína e da heroína diminuíram em até 80%, e a oferta se manteve igual. Mesmo com a queda nos preços houve diminuição de 25% dos usuários de cocaína e heroína de 1988 a 2000, porém esta diminuição deve estar associada ao envelhecimento dos que consumiam nos anos 1980. O consumo de maconha se manteve estável e o de drogas sintéticas aumentou.



Para ele, a erradicação de cultivos “em um país leva invariavelmente à expansão em outro”. Da mesma forma a intensificação da repressão aos traficantes em um país faz com que as gangues reforcem suas redes nos países vizinhos. “Não há caso documentado” de programa de substituição de cultivos que tenha funcionado. A destruição de cultivos não tem efeito sobre o preço da cocaína porque o preço da folha de coca é insignificante em relação ao preço do produto final. (F s P, 28.08.2009, p. A-15).



O governo dos EUA apresentou em 24.03.2009 o novo plano contra o narcotráfico e a violência na região da fronteira com o México, pelo qual serão enviados quase 400 homens , como reforço a programas de fiscalização de alfândega e imigração, assim como de mais agentes para o combate aos fluxos de drogas e armas nos dois sentidos. Agentes investigativos irão ao México trabalhar em conjunto com as autoridades locais, e o Tesouro intensificará esforços contra a lavagem de dinheiro. A construção do muro que separa os dois países não será interrompida. Raios-X ajudarão a checar a carga e todos os trens de carga que passam de um país ao outro serão fiscalizados.



Já foram identificadas ao menos 230 cidades americanas que abrigam redes de distribuição ligadas aos cartéis mexicanos  (Cartel de Tijuana, Cartel de Juarez, Cartel de Sinaloa, Cartel do Golfo e Organização Beltrán Leyva). Os EUA consomem 90% da droga que passa pelo México.  (F s P, 25.03.2009, p. A-11).



Hillary Clinton, secretária de Estado Americana, afirmou em viagem ao México “Nossa insaciável demanda por drogas ilegais, alimenta o tráfico. (Veja, 1.4.2009, p. 52)”.



Em 11 de maio de 2010, a Casa Branca anunciou uma nova estratégia antidrogas para os EUA, que divide esforços entre prevenção e tratamentos, de um lado, e cooperação internacional e repressão, de outro.



Prevenção – Financiamento de projetos comunitários e campanha antidrogas nacional para jovens. Objetivo – reduzir o índice do uso de drogas por jovens em 15%.



Tratamento – Desenvolvimento de novos medicamentos e tratamentos baseados em resultados. Objetivo – reduzir o uso de drogas por jovens adultos em 10%.



Ação contra produção e tráfico – Apoio à polícia e à Justiça; ação contra tráfico de armas dos EUA para a América Latina. Objetivo – reduzir o número de usuários crônicos em 15%.



Cooperação internacional – Ações de inteligência e repressão conjuntas contra organizações internacionais de tráfico de drogas. Objetivo: reduzir mortes causadas por drogas em 15%. (F S P, 12.05.2010, p. A-14).



 



MÉXICO



 



Plata o plomo, em espanhol “dinheiro ou chumbo” citada pelo presidente Felipe Calderón era o opção que, no fim dos anos 80 e início dos 90, os chefões dos cateis da droga colombiana davam a políticos, policiais e juízes: ou aceitavam ser corrompidos, ou eram mortos.



O grupo criminoso mexicano Los Zetas é conhecido pela regra de recrutamento segundo a qual para entrar na organização é preciso matar e para sair, morrer. Sua influência se estende por todo o litoral caribenho do México e é o mais violento dos sete cartéis de drogas do país. (Organização Arellano Félix, Organização Béltran Levya, Cartel Sinaloa, Cartel Los Zetas, Organização Carrillo Fuentes, Cartel do Golfo/Nova Federação, Família Michoacana).  . Em agosto de 2010 cerca de 72 corpos foram encontrados amontoados junto às paredes de um galpão abandonado no Estado de Tamaulipas, fuziladas com tiros no rosto ou na cabeça. , fuziladas pelos Zetas segundo denúncia do único sobrevivente, o equatoriano Luís Freddy Pomavilla de 19 anos. (Veja, 1.9.2010, p. 144).



Mostrando o poder do comércio ilegal de drogas, o diretor interino da Polícia Federal do México, Edgar Millán Gómez, foi assassinado em 8.5.2008. Segundo os serviços de inteligência o ataque foi uma vingança de grupos criminosos pela prisão, de Alfredo Beltrán Levya, um dos líderes do tráfico no estado de Sinaloa, nordeste do México. O presidente do México, Felipe Calderón iniciou em 2007 uma ofensiva contra o crime organizado colocando milhares de policiais e 3.000 homens das Forças Armadas em vários Estados. (F S P, 9.5.2008, p. A-14).



Em quatro anos do governo Calderón, 28 mil pessoas foram mortas no México, 90% delas membros dos cartéis que disputam territórios e poder, não apenas entre si, mas contra o Estado, o que dá uma idéia de que ponto pode chegar o poder dos cartéis de drogas. (F S P, 3.7.2010, p. A-14).



Segundo Calderón o grande número de mortes é efeito colateral do sucesso no combate ao crime. Segundo outra tese, a violência simplesmente aumentou porque os cartéis se tornaram mais poderosos desde que o governo decidiu combatê-los.



Santiago Meza, preso em Ensenada, a 800 km da fronteira com os EUA e traficante de drogas confessou à polícia mexicana que dissolveu os corpos de cerca de 300 vítimas com corrosivos químicos, usando soda cáustica durante dez anos para se desfazer dos cadáveres, a maioria de rivais que lhe eram entregues por uma facção do cartel Fernando Arellano Félix, de Tijuana. A Guerra do narcotráfico no México fez mais de 6.000 vítimas só em 2008. (F S P, 26.01.2009, p. A-9).



A guerra feroz entre os cartéis do narcotráfico no México e as tentativas destes de ampliarem suas operações nos EUA, vêm levando a uma onda de seqüestros, tiroteios e invasões domiciliares no Arizona, nos EUA. As descobertas de granadas e outras armas de estilo militar sendo transportadas para o México estão virando rotina, assim como os seqüestros com pedidos de resgate que aumentaram de 48 em 2004 para 241 em 2008. (F S P, 25.02.2009, p. A-7).



O número de seqüestros quadruplicou em cinco anos, conforme levantamento da Câmara dos Deputados. Em 2005, o Ministério Público recebia menos de uma denúncia deste tipo de crime por dia – o, 89. Em 2009 foram 3,19. No primeiro semestre de 2010, houve novo pico, 3,72 por dia, aumento de 417% em cinco anos. (F S P, 8.9.2010, p. A-11),



Relatório do Departamento de Estado americano de 2008 elogia o esforço sem precedentes do governo do México para combater os cartéis de droga, mas aponta a corrupção como desafio.



Em 19 de março de 2008 o México anunciou a prisão do suposto chefe de operações do cartel de Sinaloa, o principal do país, Vicente Zambada, em uma região de elite no subúrbio da capital. (F S P, 20.03.2009, p. A-14).



Cidade Juarez, importante rota do narcotráfico aos EUA se transformou nos últimos meses na cidade mais violenta do México. A onda de assassinatos só foi parcialmente debelada com a chegada de mais 5.000 soldados. O prefeito de Juarez, José Reyes Ferriz explica “Vários fatores explicam a violência. O primeiro é que a polícia de Juarez deveria ter 4.000 homens e tem apenas 1.600. O segundo é a forte corrupção policial. E o terceiro é a guerra entre o cartel do Pacífico e o cartel de Juarez pelo controle da rota. A maior parte dessa guerra era matar policiais”. Com 1,4 milhão de habitantes, ocorreram 1.607 assassinatos em 2008, contra 320 em 2007. (F S P, 29.03.2009, p. A-14).



Em 2 de julho de 2010 a polícia mexicana anunciou a prisão de Jesus Ernesto Chávez, “O Camelo”, 41 anos, que liderava uma gangue de matadores ligada ao narcocartel de Juarez. Ele assumiu ter ordenado o assassinato de Lesley Enriquez,  uma funcionária do consulado americano em um ataque ocorrido em 13 de março em Ciudad Juarez, que teria providenciado vistos aos EUA para membros de uma gangue rival, o que foi negado pela embaixada americana que disse que ela não tinha autoridade para conceder visto. (F s P, 3.7.2010, p. A-14).



De 2008 a 2010, 144 mexicanos foram extraditados para os EUA. Nos seis anos anteriores, o número total havia sido de 133.



Na segunda-feira, dia 28 de junho, o candidato a governador do Estado de Tamaulipas, Rodolfo Torre foi assassinado junto com três guarda-costas e um deputado em uma emboscada em uma rodovia. Torre, do PRI, era o favorito para as eleições do dia quatro de julho e a hipótese inicial da política é de que ele foi morto por não aceitar suborno dos traficantes e por prometer combater o crime organizado e outra hipótese é que ele estivesse na folha de pagamento do cartel concorrente daquele que ordenou a sua execução. Porém, 95% das mortes violentas no México não são solucionadas pela polícia e talvez a verdade nunca seja descoberta. (Veja, 7.7.2010, p.76-66).



Em agosto de 2010, pela primeira vez na história recente do México, um cartel do narcotráfico conseguiu impor, na TV, a sua agenda à população de todo o país. Com quatro funcionários jornalistas e câmaras feito reféns, a poderosa emissora Televisa e o canal a cabo Milênio exibiram três vídeos por exigência dos seqüestradores.



Na última semana de julho os jornalistas foram capturados em Durango (centro-norte), quando cobriam uma rebelião num presídio. O grupo que diz ser do cartel de Sinaloa queria que as TVs passassem vídeos com supostos depoimentos sustentando que seus rivais dos Los Zetas estavam infiltrados na polícia.



As TVs cederam e os vídeos foram ao ar mais de uma vez na programação. Dois jornalistas foram liberados e dois foram resgatados pela polícia, após cinco dias.



Cerca de 30 jornalistas foram mortos no México, desde a chegada de Felipe Calderón ao poder, em 2006.(F s P, 18.08.2010, p. A-20).



Calcula-se que o cartel de Sinaloa opere em 2012 em 17 dos 31 Estados mexicanos. Entre outras atividades, promovem a construção de túneis na fronteira que se destinam a dar fluxo ás drogas para dentro dos EUA. Para especialistas no narcotráfico mexicano, o negócio lucra US$ 30 bilhões ao ano e Joaquim “El Chapo” Gusmán, o líder d cartel tem uma fortuna pessoal calculada em US$ 1 bilhão.Ele está sempre mudando de esconderijo para ludibriar as autoridades e as recompensas pela sua captura somam cerca de US$ 10 milhões, juntando as ofertas das autoridades mexicanas e das americanas. (F S P, 28.07.2012, p. A-16).



 



PERU



 



 



A Polícia Federal brasileira constatou que a coca vêm sendo plantada cada vez mais perto da fronteira, o que facilita a entrada no Brasil. Por isso, em 2011 foi fechado um acordo entre as polícias do Brasil e do Peru, tratando especificamente da entrada dos brasileiros em território peruano para destruição de plantações e de laboratórios. Em agosto de 2012 foi realizada uma missão em Tabatinga, a Operação Trapézio na qual em território peruano foram destruídos 100 hectares de plantação de folha de coca, que produziriam mais de 700 quilos da droga. Cada pé de coca destruído demora pelo menos dois anos para crescer novamente.



Com a ajuda de agentes peruanos, colombianos e do DEA, os brasileiros explodiram uma dezena de laboratórios usados para transformar a folha de coca em pasta base – etapa da produção de cocaína.



A PF também tem acordo com o Paraguai, no caso para combate à produção de maconha.



O Brasil tem 16,8 mil km de fronteiras e só cerca de 1.400 policiais no controle. Só a fronteira com a Bolívia tem o mesmo tamanho da divisão entre EUA e Médico, mas os americanos têm mais de 20.000 agentes de patrulhamento.



A idéia é repetir a tática na Colômbia e na Bolívia, de onde vem 54% da coca que entra no Brasil, o que depende do aval do governo Evo Morales. (F s P, 20.08.2012, p. C-1).



 



VENEZUELA



 



Relatório do Departamento de Estado americano de 2008 destaca que a Venezuela não só falhou comprovadamente no combate às drogas , como ao empregar “retórica hostil” aos EUA, dificultou a cooperação. O relatório recorda que a Venezuela expulsou o embaixador americano em 2008.



 



GUINÉ BISSAU



 



Independente de Portugal desde 1974, o país sofreu sucessivos golpes de Estado. João Bernardo Nino Vieira assumiu o poder em 1980 por meio de um golpe militar e em 1994, tornou-se o primeiro presidente eleito.



Foi derrubado em 1999, após um ano de sangrenta guerra civil e retornou ao cargo em 2005.



Em 2 de março de 2009 ele foi assassinado, horas após o assassinato de seu principal rival, o chefe das Forças Armadas, Tagmé Na Waié. (F S P, 3.3.2009, p. A-17).Um grupo de militares entrou em sua casa atirando bombas e varrendo o local com balas. Ferido, Vieira foi arrastado até a casa da sogra onde os soldados o retalharam a facão.



A Guiné Bissau é o quinto país na lista dos mais pobres do planeta. Seu principal produto oficial é a castanha-de-caju, mas a verdadeira riqueza está na utilização do país como entreposto para a cocaína que flui da América do Sul para a Europa e também para  a heroína que a Ásia exporta para os EUA. Facilitado pelo caos político e social e pela boa localização geográfica, o tráfico de drogas deu ao país um título inédito em relatório do Departamento de Estado americano em fevereiro de 2009, o de primeiro narcoestado do planeta. (Veja, 11.03.2009, p. 100).



 



ISENÇÃO TARIFÁRIA NOS EUA



 



O Congresso americano aprovou em 3 de outubro de 2008 a extensão de um programa de isenção tarifária que incentiva exportações dos países andinos ao mercado americano. Colômbia e Peru terão o benefício prorrogado por um ano. Equador e Bolívia por seis meses. A Bolívia pode perder a preferência antes mesmo de entrar em vigor o novo prazo, pois a aprovação não paralisa o processo de suspensão do país do programa iniciado por Washington, devido a falhas no combate ao tráfico.(F S P, 3.10.2008, p. A-14).



Agravando as relações com os EUA, em 1 de novembro o presidente Evo Morales suspendeu todas as atividades da DEA, a agência antidrogas dos EUA, no país, após acusar seus funcionários de espionagem e de terem financiado ações violentas da oposição em setembro.. (F S P, 2.11.2008, p. A-24).



O porta-voz do Departamento de Estado, Karl Duckworth classificou as acusações de “absurdas” e disse que não só a Bolívia, mas também países vizinhos e a Europa, consumidores da cocaína produzida sofrerão. Segundo ele, nem a DEA, nem qualquer outro integrante do governo americano espionaram La Paz. Para o Departamento de Estado, sem a cooperação de Washington, crescerá a produção de cocaína e a Bolívia será mais afetada pelo aumento da “corrupção, violência e tragédia” decorrentes. (F S P, 3.11.2008, p. A-16).



 



BOLÍVIA E VENEZUELA – FRACASSO COMBATE ÀS DROGAS



 



O Departamento de Estado americano disse em 16 de setembro de 2009, que Bolívia e Venezuela “fracassaram ostensivamente” em sua luta contra a produção e o tráfico de drogas nos últimos 12 meses, porque os dois governos “não cumpriram acordos antidrogas internacionais e não tomaram medidas de acordo com as leis dos EUA”.



No entanto, a Casa Branca decidiu eximi-los de possíveis sanções, “uma dispensa por interesse nacional”, para que se possa manter “benefícios á população” e “certificou” os países para manter financiamento a programas de desenvolvimento econômico e social. (F s P, 17.09.2009, p. A-16).



 

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