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cronicas-->Tarde quente -- 03/09/2002 - 15:58 (Hamilton de Lima e Souza) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O homem sentou na calçada, esperando que a natureza o poupasse sob a sombra do calor intenso do sol de dezembro. Sol que provocava suor intenso, quedas de pressão e certo incómodo. Sabia que junto com o suor perdia sais minerais. Por isso comia bananas e tomava água o dia inteiro.
Sabia que existiam sais minerais. Alguém lhe disse um dia, talvez o patrão de Maria, sua companheira de muitos anos. Sais do minério? Das pedras?
Como podia ter sal na pedra? O sal não era do mar, da terra? Afinal prá que comer coisas salgadas, se os índios evitavam isso? O que será que os índios faziam que os homens da cidade não sabiam explicar ainda?
Enquanto pensava o suor empapava sua camisa. Passou um grupo de moleques com a bola na mão, provavelmente para jogar no campinho do outro quarteirão. Com certeza iriam suar bastante, perder sais minerais. Depois correriam para o riacho no final da rua, onde a mata ainda preservava sua pureza, protegida por árvores muito antigas, coisa de mais de 100 anos.
Laurindo olhou para os garotos e sorriu. Lembrou do tempo em que podia fazer aquilo também. Mas a rua ainda não existia. Era tudo mato por ali, dentro das terras do seu pai.
O velho Lauro tinha terras mas não tinha estudo. Botou no mundo 12 filhos, só um homem. Tinha também 11 meninas mulheres. O patrão de Maria disse que não precisava falar menina mulher, só uma coisa ou outra, mas Laurindo achava que se falasse tinha que ser completo: menina mulher; quando crescesse virava moça e depois mulher.
E se mulher fosse casava, paria, enchia o mundo de curumins. Coisa das mulheres, que faziam que os homens suassem de dia e de noite, com dor do trabalho e prazer da carne. E no suor perdiam mais sal. E também tinham problemas de queda de pressão.
Calor muito forte, temperatura muito alta. Laurindo sentia o peito doendo no meio daquela situação incómoda.
Deixou de comer bananas de manhã, bebeu pouco. E sentia rios de suor descendo pelo corpo, levando embora seu sal.
O sal podia salvar sua vida se fosse o caso. Se desse tempo. Se aparecesse alguém. Se não fosse a queda na calçada, a batida no meio-fio, o último pensamento numa colher de chá, com um pouco de sal. Se...
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