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cronicas-->A ponte do Vacacaí -- 17/09/2002 - 13:53 (Hamilton de Lima e Souza) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Aquele dia foi triste. Especial e triste. Finalmente soubemos que a transferência havia sido aprovada pelos superiores, raça de burocratas que estavam atrapalhando a vida de meu pai.
A mudança toda encaixotada estava seguindo para a cidade de Curitiba, a capital gelada do Paraná.
O vento dos pampas estava sendo deixado de lado. Mala, cuia, cinco piazitos e uma criança no ventre da mulher.
Lembranças de um Rio Grande amigo, onde o homem casou e viu seus filhos nascerem, uns na montanha, outro na capital e um na cidade de São Gabriel, a terra dos marechais, com suas ruas compridas, naquele tempo calçadas com pedras irregulares, tentando brotar para uma década de desafios.
O seu Teco, da borracharia, nem teve coragem de ver nossa partida. O homem tinha o coração fraco. Não queria despedidas. Quase ninguém queria mirar nos olhos, pois a tristeza era muita.
Fazia frio? Ninguém reparou.
A BR-290, a ligação com Porto Alegre, com a fronteira, com um mundo desconhecido.
As ruas da pequena cidade, frias no inverno e escaldantes no verão, viram o automóvel sair sem pressa, meio arrependido de deixar tantos amigos para trás.
Um tempo curto, mas profícuo. A milicada do 6ºBE, o ginásio XV de Novembro, a invernada perto da rodovia federal, tempos de lazer num bosque ou nas pequenas praças bem cuidadas e arborizadas.
Ah, na saída tinha o estádio municipal, o restaurante, o trevo, e o posto da Polícia Rodoviária Federal. Um pouco depois a curva e a ponte sobre o rio Vacacaí.
O passeio de outros dias desta vez não tinha volta.
Esquecemos a ponte, enchemos os olhos de lágrimas e deixamos a história para a página virada.
Sete pessoas com o coração na mão, com o mar nos olhos, o silêncio gritando adeus.
A ponte nada falou, nem os eucaliptos que margeavam a estrada. Nem podiam. Queriam evitar que uma palavra causasse uma dor maior no peito.
O veículo seguiu a estrada, o tempo o seu caminho.
A ponte ficou na memória, a cidade no coração.

*São Gabriel é uma cidade simpática do Rio Grande. Tem história e tradição. Tive a felicidade de morar na Terra dos Marechais durante três anos. Foi muito bom, mesmo. Estive lá em 2002, para matar a saudade e apresentar a meus filhos parte da minha trajetória. Valeu a viagem São Gabriel.
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