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Ensaios-->Sionismo: um presente desanimador -- 06/11/2007 - 11:14 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Sionismo: um presente desanimador

por Daniel Pipes (*) em 06 de novembro de 2007

Resumo: Se Israel conseguir atravessar e prosseguir além de todos os seus problemas, isto ainda deixaria o país em face de seu maior desafio: uma população judia crescentemente desencantada, até mesmo constrangida, com a ideologia fundadora do país, o sionismo, o movimento nacional judaico.

© 2007 MidiaSemMascara.org


“Agora somos todos keynesianos” foi a famosa afirmação de Richard Nixon no exato momento em que as teorias econômicas de John Maynard Keynes caíam em descrédito.[*] Do mesmo modo, em 1989, alguém poderia ter dito, com a mesma confiança, algo quanto ao fato de Israel ter conquistado ampla aceitação. “Agora somos todos sionistas”. Não mais.

Conte de quantas maneiras Israel está sitiado: iranianos construindo uma bomba nuclear, sírios estocando armas químicas, egípcios e sauditas aumentando forças convencionais para valer, o Hezbollah atacando a partir do Líbano, o Fatah a partir da Margem Ocidental, o Hamas, de Gaza e os cidadãos israelenses muçulmanos estão ficando politicamente impacientes e mais violentos.

Ao redor do mundo professores universitários, redatores de editoriais e burocratas de chancelarias questionam a existência continuada de um estado judeu. Até mesmo governos aliados, notadamente a administração Bush, seguem um caminho de iniciativas diplomáticas que debilitam a capacidade de dissuasão israelense na mesma medida em que as vendas de armas americanas à Arábia Saudita corroem a segurança de Israel.

Vamos supor, todavia, que Israel consiga, de alguma forma, atravessar e prosseguir além de todos esses problemas. Isto ainda deixaria o país em face de seu maior desafio: uma população judia crescentemente desencantada, até mesmo constrangida, com a ideologia fundadora do país, o sionismo, o movimento nacional judaico.

Tal como concebido por Theodor Herzl (1860-1904) e outros teóricos, o clamor do sionismo por um estado judeu soberano se encaixava no contexto e na disposição mental da época. Se chineses, árabes e irlandeses buscavam estabelecer um estado nacional, por que não os judeus? De fato, especialmente os judeus, pois por quase dois milênios eles pagaram o maior preço pago por um povo por sua fraqueza política, tendo sido expulsos, sacrificados, perseguidos e assassinados em massa como nenhum outro. O sionismo oferecia uma salvação dessa história trágica ao assumir uma postura ereta e de espada na mão.

Desde o seu início, o sionismo teve a sua parcela de opositores judeus, desde os Haredim (ultra-ortodoxos), aos judeus iraquianos nostálgicos, até os rabinos reformistas. Mas até recentemente, esses eram elementos marginais. Agora, devido às altas taxas de natalidade, a antes pequena comunidade Haredi constitui 23% dos alunos das turmas de primeiro ano elementar; adicione a isso os 22% de árabes nessas turmas de 1º ano de ensino elementar e uma mudança muito profunda na política israelense pode ser esperada ao redor de 2025.

Ainda pior para Israel é o fato de que o nacionalismo judaico perdeu seu quase automático apoio que uma vez já teve entre os judeus seculares, muitos dos quais acham essa ideologia do século XIX fora de moda. Alguns aceitam alegações de que um estado judeu representa racismo ou a idéia de supremacia étnica, enquanto outros acham atraentes as alternativas universalistas e multi-culturalistas. Avaliem alguns sinais das mudanças em curso:

- Jovens israelenses estão evitando o serviço militar em números jamais vistos, com 26% dos homens em idade de alistamento e 43% das mulheres não se alistando em 2006. As alarmadas Forças de Defesa de Israel pediram uma legislação que negue benefícios concedidos pelo estado àqueles que não servirem.

- O procurador-geral de Israel, Menachem Mazuz, pôs um fim ao trabalho do Fundo Nacional Judaico, umas das instituições sionistas pioneiras (fundada em 1901), ao determinar que o seu papel de adquirir terras especificamente para judeus, no futuro não poderia continuar com a assistência do estado.

- Proeminentes historiadores israelenses lançam seu foco sobre como Israel foi concebido em pecado e tem sido uma força para o mal.

- O ministério da educação de Israel aprovou livros didáticos para estudantes árabes da terceira série que apresentam a criação de Israel em 1948 como uma “catástrofe” (em árabe, nakba).

- Avraham Burg, descendente de uma proeminente família sionista e ele mesmo um importante membro do Partido Trabalhista, publicou um livro em que compara Israel à Alemanha dos anos 1930.

- Uma pesquisa de 2004 descobriu que apenas 17% dos judeus americanos se consideram e se proclamam “sionistas”.


Vista num contexto mais amplo, esta reviravolta no sionismo ecoa tendências de outros países ocidentais, onde o patriotismo à moda antiga e o orgulho nacional também tiveram um declínio. Na Europa Ocidental, os cidadãos tendem a ver pouco valor especial em sua própria história, costumes e tradições. No mês passado, a Princesa Máxima, da Holanda, e mulher do herdeiro ao trono, anunciou, para grande aplauso, que ”A identidade holandesa não existe”. Esse declínio do patriotismo por todo o Ocidente agrava os apuros de Israel, sugerindo que o que lá acontecer se encaixa numa tendência mais ampla, tornado-a mais difícil de resistir ou de reverter.


Para completar, hoje os árabes estão se movendo na direção exatamente oposta, atingindo um clímax febril de belicosidade étnica e religiosa.

Sendo eu mesmo um sionista, eu observo essas várias tendências como um agouro, um presságio para o futuro de Israel. Eu me consolo ao recordar que poucos dos problemas atuais eram evidentes em 1989. Talvez em 2025, as perspectivas do sionismo voltem a brilhar, na medida em que ocidentais em geral e israelenses em particular, finalmente despertem para os perigos apresentados por palestinos irredentistas, por jihadistas e outros extremistas do Oriente Médio.




Publicado pelo New York Sun. Também disponível em danielpipes.org

[*] NT: O autor obviamente refere-se apenas aos EUA. Na AL e no Brasil, em particular, os adeptos de Keynes não perderam uma chance de tentar implantar planos econômicos mirabolantes e quase sempre, fracassados.


(*) Daniel Pipes é um dos maiores especialistas em Oriente Médio, Islã e terrorismo islamista da atualidade. Historiador (Harvard), arabista, ex-professor (universidades de Chicago e Harvard; U.S. Naval War College), Pipes mantém seu próprio site e dirige o Middle East Forum, que concebeu junto com Al Wood e Amy Shargel — enquanto conversavam à mesa da cozinha de sua casa, na Filadélfia — e que hoje, dez anos mais tarde, tem escritórios em Boston, Cleveland e Nova York. Depois do MEF, vieram o Middle East Quartely, o Middle East Intelligence Bulletin e o Campus Watch, dos quais ele participa ativamente. Juntos, esses websites recebem mais de 300 mil visitantes por mês. Por fazer a distinção sistemática entre muçulmanos não-islamistas e extremistas islâmicos, Daniel Pipes tem sido alvo de ataques contundentes. A polêmica gerada por sua nomeação, em 2003, para o Institute of Peace pelo presidente George Bush apenas confirmou o quanto as idéias de Pipes incomodam as organizações islamistas e outros interessados em misturar muçulmanos e terrorismo. Daniel Pipes é autor de 12 livros, entre eles, Militant Islam Reaches America, Conspiracy, The Hidden Hand e Miniatures, coletânea lançada em 2003.



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