Não houve dias bem aproveitados
Ou, em minha vida, noites bem dormidas.
Tudo que sobrou em mim são feridas
Dos arrependimentos em meu peito cravados.
Não há um dia que vivo de bom grado,
Ou um momento antigo que me dê abrigo.
Pois meu passado, que fora há anos deixado,
Atormenta-me e me faz meu inimigo.
Ai passado que teima e não passa.;
Dor que minha alma tanto sente.;
Motivo de minha intolerável desgraça.;
Desespero tão insuportável presente,
Por que, se é passado, permanece?
Por que não dá lugar ao presente?
Por que o Ontem tanto me entristece?
Por que é meu futuro, ainda que ausente?
É tão atual quanto o dia que amanhece,
E ainda que já tenha sido, perdura,
E mesmo que tão antigo não envelhece,
Mas (re)nasce em minha vida futura.
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