Livro: VERTIGEM
Desprezo
Como desprezo este mundo
que a todos leva na mira
dos fachos do seu roteiro...
e vivo já moribundo
sem que seus males prefira
roubam-me que por inteiro
tornando-me um vagabundo
soez e até desordeiro...
Como desprezo esta estrada
que rola-me sob os pés,
que me dirige pro nada,
que me dá tudo ao revés.;
que me atormenta a existência
matando-me o tempo inteiro
e que com sua aderência
faz-me inda seu prisioneiro...
Desprezo tudo mas te amo,
ó deusa do meu encanto!
Teu nome sendo, portanto
único nome que eu chamo,
e por amar-te é que odeio
o mundo todo ao meu lado,
e por querer-te é que creio
já ser um ser acabado...
CPE-MS, 14.07.85 - 09:15
|