Livro: VERTIGEM
Bálsamo
Fere-me o acre desejo
pelo doce do teu seio...
pelo ardor do teu interno,
mata-me o passo se eu vejo
tua esfinge em meu recreio
que separa o céu do inferno...
que me separa do laço
que (u)ne a mim teu regaço...
Sinto de fêmea o teu cheiro
que é bálsamo de pecado...
que é trilho no qual me esgueiro
dos ares teus coroado.;
sinto mulher teu semblante
que me atormenta e apavora,
que de mim faz vil amante
no instante todo da hora...
Quero teu beijo de morte,
morrer exausto contigo
ferido de fundo corte...
quero te amar em perigo,
sorver o suco da vida
que emanas quando te ris,
e após a tua partida
lançar-me à terra, feliz...
CPE-MS, 10.07.85 - 11:37
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