Livro: VERTIGEM
Ardência
São teus olhos meus desvelos...
a luz que neles inflama
ofusca-me o pensamento
de cio enchendo e de zelo
toda esta entranha que em chama
arde-se vil no momento
em que eu te crio (im)plume
ao te sentir o perfume...
És o fogo que arrebenta
minha débil estrutura...
és tu com essa candura
o mal que rói-me e atormenta...
és tu meu pecado mudo,
o câncer que me apodrece,
és tu minh ânsia, meu tudo
razão és da minha prece...
Penso em ti nesta tormenta
que me suscita o teu riso
e que amarga, fera e lenta
vem-me em quadrante impreciso...
querendo-te não me exponho,
ó mulher que me sucumbe!
e a noite (é) quem se incumbe
de transportar-te ao meu sonho...
CPE-MS, 09.07.85 - 16:28
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