Livro: VERTIGEM
Agonia
Minh alma grita ofegante
um som metálico, frio
por dores que eu mesmo crio
no triste peito de amante.;
sou ébrio que a toda hora
vacila o passo doente,
sou vento no campo a fora
a voar eternamente...
Meus olhos mortos de espanto
são luzes podres de orgia
que no recato do dia
derramam todo o meu pranto,
e o lábio meu tremulante
do beijo teu esquecido
eis que se faz inflamante
no seu ardor corrompido...
Minh alma triste, cansada
chorando a falta do riso
digere a dor consumada
molhando o chão onde eu piso,
molhando o leito sofrido
na ardência do sofrimento,
deixando em mim o rebento
feito em terror conhecido...
CPE-MS, 15.06.85 - 14:45
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