Livro: VERTIGEM
Serpente
Os olhos teus por tormenta
a mim confundem por lua
na noite em que me aparenta
tal qual risonha mulher.;
minh alma, louca, recua.;
meu corpo, inerte, sequer
se arrima à beira da rua
ou em paragem qualquer...
Do alto a lua se esquiva
risonha e cheia de graça
riscando o céu com preguiça,
enquanto o mundo me priva
da luz e traz-me a desgraça
da mesma que insana atiça
meu ser que vai à deriva
sumindo em véu de fumaça...
Do alto a lua me ri,
de um riso ardente do céu.;
do plano ris - nem pedi,
de um riso amargo de fel.;
a lua passa carente
da luz do sol que não sai,
e tu, rasteira serpente,
me finca o veneno e vai...
CPE-MS, 03.06.85 - 18:44
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