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cronicas-->O Bloco dos Sem Vergonhas -- 18/09/2002 - 18:04 (Wilson Gordon Parker) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O Bloco dos Sem Vergonhas

Atualmente, a melhor época que existe para se refletir e pensar sobre a vida em geral é durante o período de carnaval.

Tempos atrás isto seria uma coisa inimaginável. O carnaval tomava conta de mim, e de muita gente, como um todo. Uma forte alegria interna atirava a minha alma para fora do meu corpo. Ela parecia querer sambar nas calçadas da cidade, e suar nos salões calorentos dos bailes.

Na cidade onde morava, o Rio de Janeiro, a prefeitura decorava as principais ruas da cidade, anunciando que a festa de Rei Momo estava para acontecer. As pessoas eram induzidas para um universo de alegria.

Quando saiam as ruas, aumentavam a atenção com a sua segurança pessoal, porque no carnaval a coisa ficava mais complicada. Entretanto, não tinham esta paranóia de insegurança que toma conta de todos hoje em dia, não só no carnaval, mas durante o ano inteiro.

O Rio de Janeiro este ano, sem uma decoração sequer em qualquer rua ou praça, a não ser no ambiente "hollywoodiano" do sambódromo, parecia uma cidade fantasma. Alguns andróides saltitavam sem muito ànimo, e com bastante álcool, em algumas ruas, que estavam contaminadas pela tristeza de um povo.

Hoje em dia, no Brasil, só existe cenário da festa carnavalesca onde a TV Globo resolve estar presente.

Reveillon e Carnaval só continuam em cartaz porque tudo é transmitido ao vivo, e porque, assim sendo, a emissora dos irmãos Marinho consegue ótimas audiências na sua transmissão.

É bom não se esquecerem de que, quando falo em carnaval, estou me referindo basicamente aos sambódromos que foram construídos em muitos estados pelos governos, para serem transformados em verdadeiros estúdios de baixo custo para que a Rede Globo pudesse usa-los.

Mais negócio ainda são as transmissões realizadas nas praias, onde são montados verdadeiros "mafuás", como acontece no reveillon, e em outras comemorações ao longo do ano.

Sendo assim, neste ambiente propício à reflexão, eu passei o carnaval tentando descansar, fazer do descompromisso uma coisa proveitosa, navegar na internet, para não ficar parado dentro de casa, e levar alguns papos bem loucos no fascinante mundo dos canais do IRC.
Como tinha muito tempo disponível, fui tomando conhecimentos de fatos que fazem deste nosso país o estado mais surrealista do mundo. Vejam só:

A imprensa anuncia que Jader Barbalho e Antonio Carlos Magalhães ganham qualquer eleição em seus estados. Os dois são ex-presidentes do Senado Federal, e cassados por falta de decoro. Roubo e fraude.

Na televisão, em plena semana de carnaval, o Paulo Maluf faz campanha política, enquanto procuradores da justiça brasileira estão "rebolando" na Suíça, tentando bloquear, junto às autoridades daquele país, os milhões de dólares roubados pelo mesmo. Foi feito um levantamento, e descobriu-se que Paulo Maluf pegou a prefeitura com US$ 2.5 bi de endividamento e a devolveu com US$ 6.5 bilhões. Um aumento de 260% em apenas 4 anos. O secretário de finanças do Maluf era o desconhecido Celso Pita, que articulou todo o desvio de verbas, e foi eleito sucessor do grande chefe. Na época, a roubalheira do Maluf era tão "perfeita", que muitos prefeitos usaram os seus conhecimentos, originando o famoso "escàndalo dos precatórios". Esta roubalheira toda foi ignorada pelo legislativo e pelos tribunais de contas.

Tempos atrás, o senador Gilberto Mestrinho foi escolhido como presidente da Comissão de Ética do senado, estando o mesmo sendo processado por malversação do dinheiro público.
E aí, no meio do meu monótono carnaval, eu deparo com a história mais surrealista que poderia acontecer.

Uma notícia sobre um dos assassinos que incendiaram o índio Galdino Jesus dos Santos, 44, Pataxo Ha-Ha-Hae da área ndígena Caramuru/Paraguaçu, Bahia, em 21 de abril de 1997.
Humildemente vestido, de sandália havaiana, ele não era um mendigo, mas um importante membro de uma comunidade indígena que estava na cidade Brasília para uma missão especial.

Galdino de Jesus estava reivindicando o cumprimento do dever constitucional da União Federal de proteger e fazer respeitar os direitos territoriais e a integridade física e moral das comunidades indígenas e seus membros.

Este homem dormia num banco ao relento por puro descaso do órgão indigenista oficial (Funai), que não lhe proporcionou o abrigo e a proteção devidos contra os perigos do meio urbano, aos quais não estava acostumado.

Foi na Quarta-feira de cinzas que eu descobri que um dos assassinos do índio Galdino Jesus dos Santos, o filho do presidente do TJDF, Bruno, fez concurso público para o cargo de segurança do tribunal, tendo 12 vagas disponíveis, salário de R$1.300,00, e ficou em 65º lugar.

Depois do resultado do concurso, aumentaram o número de vagas para 70. Depois de 12 dias no cargo, o assassino foi promovido a dentista do TJDF, com o salário de R$6.600,00 [seis mil e seiscentos reais].
O presidente do TJDF, Edmundo Minervino, disse que "Não houve ato ilegal nenhum".
Até o próximo carnaval, se houver!

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