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Cronicas-->Uma estranha liberdade para nada -- 18/09/2002 - 18:05 (Wilson Gordon Parker) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Uma estranha liberdade para nada

Sem muita coisa para fazer no meu retiro na região serrana do estado do Rio de Janeiro, fui dar uma olhada na caixa de fitas de vídeo que estava jogada num canto da sala.

Peguei uma que não tinha nome, enfiei no aparelho, e logo depois estava entrando no ar o "Globo Repórter", que foi ao ar há já alguns meses.

O programa trazia à baila um problema que vive na cabeça dos que tem boas condições financeiras, e podem se dar ao luxo de pensar e decidir como resolver o mesmo.

O casal deve morar junto ou separado?

Na vida moderna, por causa da rapidez como as coisas acontecem, ficamos com a adrenalina sempre lá em cima e, às vezes, sem muito saco para aturar a pessoa que gostamos, que nos ama e vive com a gente.

Por outro lado, a modernidade do mundo em que vivemos exige que nós sejamos rápidos e, em contra partida, sempre cobramos rapidez dos que estão próximos de nós.

Cansados, depois de um dia normalmente estressante, chegamos em casa e jogamos o nosso corpo num sofá para assistir televisão. De imediato, queremos que surja naquele mesmo instante, um programa que nos agrade. Se em cinco ou dez segundos ele não cai no nosso gosto, apertamos o controle remoto, e começamos a terrível dança dos canais.
Conforme o tempo passa, a velocidade do clicar é mais rápida. Só permanecemos mais tempo quando é um programa que estamos decididos a ver, ou somos viciados em novela, ou é o telejornal que costumamos assistir sempre.

A maior parte dos que assistem a novelas, o faz porque está sempre na sala, e são obrigados a assisti-las todos os dias, à reboque dos viciados que não podem perder um capítulo sequer.

O expectador passivo acaba sendo induzido a assistir o dramalhão que vai diariamente ao ar.

Quando a novela está terrivelmente chata, as pessoas procuram outra coisa qualquer pelos outros canais. Quando nada encontram, surge a idéia de ler alguma coisa, ou se comunicar com alguém da família. As pessoas se humanizam.

Invariavelmente sempre assistimos ao Jornal Nacional até o fim. Ninguém acredita nele, pois eu tenho a impressão que mesmo o brasileiro mais humilde e semialfabetizado, sabe que quase tudo que se diz ali é para dar suporte a algum grande interesse que está sempre muito bem escondido nas entrelinhas da notícia.

Desde o início do ano, o Jornal Nacional, juntamente com o restante da grande mídia, decidiu iniciar de forma subjetiva a campanha eleitoral de 2002.

Subitamente, o governo surge como um gerador de realizações fantásticas, o Brasil está uma verdadeira maravilha, os economistas do governo se autoproclamaram mestres dos colegas argentinos, a càmera só focaliza pessoas que estão felizes e realizadas, com alguns problemas bem pequenos, sendo que o povo em geral está alegre e satisfeito, enfim, está tudo pronto para que seja encaixado o boneco oficial que irá disputar a presidência da república.

Voltando ao programa do Globo Repórter que estava vendo, Morar sozinho ou não?", constatamos alguns casos interessantes do porque as pessoas que podem, vão viver sozinhas, embora gostem e sejam apaixonadas umas pelas outras".

Eu conheço pessoas que adoram assistir televisões sozinhas, e outras que só conseguem apreciar os programas que passam na telinha, se a família estiver toda reunida.

Naquele Globo Repórter nós vimos os mais variados motivos do porque as pessoas gostam de estar sozinhas, pelo menos durante algum tempo do dia.

Um dos entrevistados, disse que estava morando num canto e a esposa em outro, porque adorava dar uma volta no quarteirão toda noite, e não ter que responder sempre a mesma pergunta da mulher: "Aonde você vai?" E ele: "Dar uma volta no quarteirão". E ela: "Á essa hora?".

Pude assistir também a reportagem com a badalada Narcisa Tamboridegui, aquele socialite que rodopia no Rio de Janeiro. Em matéria de futilidade ela conseguiu bater todos os recordes. A expressão facial, o linguajar, revelaram a todos uma das mulheres mais vazias que já se apresentou num programa de TV. Ela não optou por viver sozinha, é que não existe homem na face da terra que possa aguentar tanta insipidez dentro de uma cabeça.
Enfim, o programa revelou fatos e histórias interessantes.

Infelizmente, os menos favorecidos não podem pensar em viver em lugares diferentes. Eles têm que se aguentar, quer gostem, quer não. Não tem dinheiro para manter uma casa, quanto mais duas.


Os produtores do Globo Repórter poderiam fazer uma matéria com essas pessoas que, sem opção, tem que se aturar vinte e quatro horas por dia. O pessoal da Globo também poderia fazer um programa sobre o casamento virtual.

Acho que dentro de pouco tempo, o ideal será as pessoas só se casarem virtualmente, mantendo a relação na pontinha dos dedos, isto é, no teclado.

Em vez de morarem numa casa, irão morar num canal de Chat: #Maison Fulana&Beltrano. Viverão no IRC. De vez em quando, marcarão um encontro real em algum lugar, poderá ser num hotel, para dar um pouco mais de realidade, e estimular a relação virtual.

Nas casas-canais poderão receber amigos. Entrada só para convidados. Nas horas de lazer, irão passear nos canais abertos, onde encontrarão amigos, e serão paquerados.

Olha gente, por incrível que possa parecer, às vezes é mais difícil manter uma relação amorosa no mundo virtual do que no real.

Outro dia encontrei o meu querido amigo Alfredinho Boca Livre, aquele que se apaixonou e casou de uma hora para a outra, deixando todo mundo boquiaberto. Durante o almoço que tivemos, me contou o seguinte:

"Certa vez arrumei uma namorada, gostava dela, mas eu morava no meu canal e ela em outro. De vez em quando, lá pela madrugada, ela vinha ao meu espaço virtual, ou eu ia até ao dela. Depois acabávamos ao telefone. Decorrido um certo tempo, instalamos uma càmera no micro, e um telefone último modelo. Podíamos fazer amor nos vendo, ver a novela das oito bem juntinhos, e darmos grandes gargalhadas com o Jornal Nacional. Entretanto, a partir de um certo tempo, eu reparei que quando começávamos a nos encontrar muito seguidamente, a coisa degringolava, e começávamos a encontrar dificuldades para nos aturar. Como tínhamos experiência no assunto, passávamos um tempo só nos encontrando rapidamente pelo ICQ, trocando breves e curtas mensagens, e mandando e-mails".

Na ocasião lembro que falei o seguinte para o meu amigo:

"Isto que você disse é bem possível de se fazer quando a gente não está apaixonada pela pessoa, porque quando o negócio envolve paixão, meia hora depois de largarmos a pessoa amada em casa , estamos morrendo de saudades. Aliás, quando você conheceu o verdadeiro amor, casou logo, e até hoje não está arrependido. As pessoas só não se aturam quando falta amor".

- O seu caso é o que chamo de "O Sucesso de uma Paixão".

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