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Cronicas-->Crónica escrita no amanhecer de uma ressaca natalina -- 18/09/2002 - 18:08 (Wilson Gordon Parker) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Crónica escrita no amanhecer de uma ressaca natalina

O Brasil, como na história do bom garoto, faz certinho o seu dever de casa, pois resgata as suas dívidas pontualmente, sendo que só em novembro passado pagamos de juros aos nossos credores a quantia de "Um Bilhão e Quatrocentos Milhões de dolares".

Com muita alegria e muita festança, estamos privatizando tudo, isto é, entregando tudo ao glorioso capital internacional.

Segundo os homens que estão no poder, os estrangeiros saberão zelar muito melhor pelos nossos interesses, e terão dinheiro para modernizar as nossas empresas, o que significa que estaremos, ou eles estarão, capacitados para competir num mundo globalizado.

O nosso ministro da economia é um "Mala" e não um "Cavalo", temos um presidente que nunca anda na "Rua", sorridente, fagueiro, alegre, saltitante, poligrota, com aquele jeitão de grande imperador, enfim, para nossa "salvação", estamos estreitamente ligados e azeitados aos grandes especuladores e banqueiros internacionais, isto é, aos trezentos e cinquenta e seis nomes que detem 40 % do capital que rola aqui na Terra.

Para completar este belo quadro, somos um povo ordeiro, educado, alegre e faceiro, sempre de braços abertos aos que aqui chegam, pois todo brasileiro é uma espécie de Cristo Redentor dos que aqui desembarcam para ganhar dinheiro.

Conforme diz uma notícia no Financial Times, em 22 de dezembro de 2001 - "Para administrar uma banda cambial é necessário, em termos ideais, uma vinculação com a moeda de um país com o qual se realiza uma boa parcela de sua atividade comercial, uma economia doméstica flexível, um forte sistema financeiro e uma robusta postura fiscal e um povo disciplinado e contido" .

Resumindo, aqui estamos deitados em berço esplendido, nos banhando num mar de rosas sob o auri-verde pendão, ou perdão, da esperança, e o augusto da pátria, aceitando tudo, ouvindo tudo, concordando com tudo, agraciados com uma mídia que está perfeitamente orquestrada com aqueles tais 356 nomes que ditam as normas nos quatro cantos do mundo.

Somos um povo maravilhoso, sendo que cerca de quarenta milhões de pessoas desta gente brasileira sente fome e não protesta, nem saqueia, apenas resmunga que a vida está ruim.

Outros tantos milhões de pobres que detestam pobres, e só elegem os ricos, pois não confiam nos pobres, assistem novela toda noite, absorvendo o drama dos personagens, sentindo na pele tudo o que acontece com eles, e, por comparação, acham que a vida do pessoal da novela está pior que a deles, pois aquela mensagem de que dinheiro não trás felicidade a ninguém faz o efeito desejado em cima dos telespectadores, porque está subliminarmente colocada ao longo de toda a história.

Possuimos uma classe média que esta empobrecendo, mas que também não gosta de pobres, e vai se afundando silenciosamente na sua penúria.

Estamos um povo empobrecido que detesta a indigência !

Somos um país que pode se vangloriar de ter um número fantástico de economistas, financistas e administradores, que sabem de tudo, estudaram nas melhores universidades do mundo, tem opinião sobre tudo, mas nunca podem ser contestados por nós infelizes mortais, sob pena de sermos execrados, pois todo brasileiro tem que ter fama de bonzinho, e sempre cooperar com o bom andamento do processo democrático, para que o pessoal dos outros países nos admirem por sermos um povo ordeiro e respeitador da livre inciativa.

A livre tudo, que deus nos livre, e em todo amanhecer de um novo dia, encerramos a nossa reza dizendo : "...e livrai-nos do mal, amem".

Assim sendo, com tudo isto, teremos um natal diferente dos argentinos e demais povos que estão, ou estavam, esperneando e se suicidando pela sua diginidade.

Certamente passaremos um natal bem pior que o anterior, mas sorrindo e com bastante otimismo, mesmo sabendo que o próximo natal será pior ainda, e que no fim do ano entraremos felizes e carnavalescamente no novo milênio, sabendo que este povo sofrido e acomodado, deverá eleger em 2002 a nossa nova "salvação" nacional, que não deverá ser pobre, nem ter cheiro de pobreza, mas sim, alguém culto, cheiroso, sorridente, que tenha nascido em berço esplendido, homem ou mulher, que deverá ser marquetado por toda a mídia que estará a serviços daqueles tais 356 nomes que mandam em tudo, tanto aqui na "Terra Como no Céu".

E os poucos lúcidos que por aqui teimarem em sobreviver, estarão marginalizados, chamados de dinossauros lerdos e burros, apedrejados como terroristas dispostos a subveter a ordem social.

Sempre é bom lembrar as palavras de um conhecido historiador americano, John Kenneth Galbraith :
"Globalizacao nao é um conceito sério. Nós, americanos, o inventamos para dissimular nossa política de entrada económica nos outros paises".

FELIZ NATAL PARA TODOS ! UM ÓTIMO 2002
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