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Ensaios-->Por que o governo brasileiro não condena as FARC? -- 07/04/2008 - 16:25 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Por que o governo brasileiro não condena as FARC? – Parte I

por Graça Salgueiro (*) em 25 de março de 2008

Resumo: Citar o Foro de São Paulo é uma coisa; permitir que o público tome conhecimento do que se discute e delibera nos Encontros anuais e reuniões do Grupo de Trabalho deste Foro é outra, bem diferente.

© 2008 MidiaSemMascara.org


“Não classificamos as Farc de grupo guerrilheiro, beligerante ou criminoso porque isso poderia atrapalhar nossas estratégias diplomáticas ou humanitárias”.

(Celso Amorim, Ministro de Relações Exteriores do Brasil)

Depois que foi acesa a luz verde para se falar no Foro de São Paulo (FSP), todos os jornais e jornalistas que esconderam da população brasileira durante 18 anos a existência de tal entidade, passaram a referir-se a ela com a naturalidade de quem discorre sobre um assunto demasiadamente conhecido de todos. Assim o fizeram o Estadão em seu editorial do dia 05, cujo título era precisamente “Foro de São Paulo” e O Globo, também em editorial no mesmo dia sob o título “Ponto de ebulição”.


Não posso deixar de registrar minha repugnância à atitude desses profissionais e meios de comunicação, pois há mais de uma década todos sabem da existência desta organização que opera nas sombras, chamada Foro de São Paulo, mas preferiram se calar cúmplices e servis. Todos! O sr. Merval Pereira por exemplo, além de agora escrever no jornal O Globo sobre o FSP, também andou fazendo muito espalhafato sobre a tal organização em entrevista à rádio CBN como se tivesse descoberto a pólvora. Entretanto, quando este senhor era editor-chefe do jornal dos Marinho, não moveu um só dedo para impedir a demissão (sob o falso pretexto de “contenção de despesas” mas que no fundo era mesmo para silenciar a incômoda voz) do filósofo e jornalista Olavo de Carvalho, que desde 2002 denunciava exaustiva e solitariamente as ligações do PT com as FARC e outras organizações comuno-terroristas pertencentes ao FSP (v. Notícias faltantes, Jornal da Tarde, 3 janeiro de 2002 e A vitória do partido único, Midia Sem Máscara, 18 de setembro de 2002) e, exatamente por fazer estas denúncias, foi demitido destes mesmos jornais que hoje alardeiam em seus editoriais não só a existência do Foro, como as ligações deste com o presidente Lula e seu Partido-Estado.


Todavia, “citar” o FSP é uma coisa; permitir que o respeitável público tome conhecimento do que se discute e delibera nos Encontros anuais e reuniões do Grupo de Trabalho deste Foro é outra, bem diferente. A prova disto é que o site oficial da entidade existe, teve seu registro atualizado em 17 de agosto de 2007 com vigência até 17 de agosto de 2009 (v. Mentindo sobre as FARC: Mercadante pego no pulo), nome de domínio www.forosaopaulo.org mas, se o comum mortal tentar acessá-lo, vai dar de cara com uma mensagem de “página indisponível”.


E a diligente companheira de viagem, Eliane Cantanhêde, no artigo “Guerra Fria e Quente” , publicado na Folha de São Paulo no dia 06 de março pp., diz em seu primeiro parágrafo: “Vinte anos depois da queda do Muro de Berlim e seis após Lula renegar o Foro de São Paulo para aderir ao neoliberalismo que condenava nos tucanos, a América Latina ainda vive a Guerra Fria...”. Ora, nesses 18 anos de existência dona Eliane jamais mencionou uma só vez o Foro de São Paulo, muito menos relacionando-o com Lula tão diretamente como faz neste curto parágrafo! Resolve fazê-lo agora apenas com a intenção clara de blindá-lo, afirmando que o presidente da República e fundador do Foro o havia “renegado há seis anos”.


Dona Eliane mente sem qualquer pudor – por iniciativa própria ou por determinações superiores –, primeiro porque foi o próprio Lula quem afirmou em várias ocasiões (no Encontro dos 15 anos de fundação do FSP, em 2005; no III Encontro Nacional do PT, em 2007; e mais recentemente no Pará, num encontro do Mercosul – para citar apenas os mais recentes), suas relações mais que firmes na organização. E, segundo, para tentar livrá-lo de qualquer responsabilidade criminal com as descobertas que vêm sendo feitas nos arquivos dos computadores de Raúl Reyes, o segundo em importância no comando das FARC, pois é de conhecimento de todos que esta organização narco-comuno-terrorista é também membro efetivo do Foro de São Paulo.


Os jornais têm citado o FSP a esmo como para banalizá-lo, e minimizar seu grau de malignidade e importância nos rumos políticos da América Latina como um todo (vale lembrar que esta organização elegeu governantes comuno-socialistas de oito países: Brasil, Venezuela, Argentina, Chile, Uruguai, Equador, Bolívia e Nicarágua exceto Cuba, que era o único “governado” pela esquerda quando da fundação do Foro, e brevemente elegerá o presidente do Paraguai, como se verá mais adiante), mas não revelam seus planos, suas diretrizes, tampouco suas alianças com organizações narco-terroristas.


Pois bem, os leitores precisam saber o que se passa nesses encontros. Nos dias 11 e 12 deste mês de março o Grupo de Trabalho (GT) do Foro de São Paulo reuniu-se no México, em seu primeiro encontro após a ação que resultou na morte de Raúl Reyes, onde foi aprovado um “forte pronunciamento de repúdio à ‘latino-americanização’ da doutrina Bush pelo governo de Álvaro Uribe”. Segundo informa o site “Vermelho” do PC do B, o “Grupo de Trabalho é uma instância de coordenação entre os Encontros anuais do Foro”, ou seja, é quem prepara a pauta a ser debatida e deliberada nos Encontros anuais que este ano acontece em Montevidéu, entre os dias 22 e 25 de maio. Participaram deste GT o Partido dos Trabalhadores (PT) do Brasil, que responde por sua Secretaria Executiva, o PC do B, representações partidárias da Argentina, Chile, Colômbia, Cuba, Equador, El Salvador, Guatemala, Nicarágua, Peru, Porto Rico, Uruguai e Venezuela, além dos anfitriões, Partido da Revolução Democrática (PRD – partido do ex-candidato presidencial López Obrador) e Partido do Trabalho (PT) ambos do México.


Duas resoluções foram aprovadas neste encontro: uma, em solidariedade ao Equador e a “atitude enérgica” de Rafael Correa; e outra, condenando com veemência a “agressão” de Uribe. Além disso, a reunião também prestou solidariedade ao povo mexicano pela morte no acampamento das FARC de “jovens estudantes” da UNAM (Universidad Nacional Autónoma de Mexico). Para o XVI Encontro, serão debatidas as experiências e ascenção das forças “progressistas” e a necessidade de “avançar e fazer confluir os processos de integração da América Latina, como o Mercosul e a União das Nações Sul-Americanas (UNASUL), mas este é um tema para outro artigo que será exposto oportunamente.


Na seqüência desta reunião do GT, ocorreu nos dias 13 e 14 o XII Seminário anual do Partido do Trabalho do México, onde participam “forças de esquerda” de todo o mundo, inclusive com a presença de Valter Pomar, secretário de Relações Internacionais do PT, Ronaldo Carmona, diretor do CEBRAPAZ e Javier Alfaya, vice-presidente desta entidade, ambos do PC do B, que representavam o Brasil na reunião do GT do Foro de São Paulo.


Mas, quem é e o que faz este PT do México? Quem são as “forças de esquerda” que participaram deste Seminário? O jornal El Universal do dia 12 de março revela que o PT do México admitiu ter convidado e financiado passagens e hospedagem a membros das FARC e do ELN para este Seminário porém, que os mesmos não participarão porque o governo não lhes concede o visto de entrada no país. O coordenador do PT mexicano na Câmara dos Deputados, Ricardo Cantú, reconheceu que seu partido tem vínculos com as FARC como com qualquer outra organização de esquerda do continente e afirmou: “Os grupos guerrilheiros não tiveram a sorte de chegar a acordos de paz e têm participado em foros de esquerda, e não nos pediram que retirássemos sua assinatura nas convocatórias em outros espaços de debates”. Acrescentou que desde 2002 essas organizações só têm enviado comunicados, considerando que o ex-presidente Vicent Fox decidiu fechar os escritórios das FARC que havia no México e não conceder os vistos de entrada a seus representantes.


Em entrevista ao El Universal, o senador Alberto Anaya, presidente nacional do PT mexicano, explicou que estes seminários são convocados pelo Foro de São Paulo criado em 1990, quando seu partido ainda não existia, e que “trata-se de um foro no qual participam mais de 90 organizações políticas de diversas partes do mundo, incluindo grupos armados”. Disse ainda que “as FARC já não atendem a nenhum seminário, em nenhuma parte do planeta, porque correriam o risco de ser detidas”. Está aí confirmado, pelo presidente do partido anfitrião, que as FARC continuam participando de Seminários e Encontros do Foro de São Paulo, embora a participação se dê através de comunicados.


Em março de 2007, após a realização do 11º Seminário do PT mexicano, o presidente Álvaro Uribe expressou sua preocupação de que tivessem convocado as FARC e o ELN para o evento. Em resposta, Alberto Anaya rechaçou a acusação de Uribe, não negando que os bandos terroristas constassem como convidados mas retrucou: “Desde 2002 eles não vêm ao México, tampouco o visitam porque o governo não lhes dá o visto e, nessa perspectiva, eles não assistem a esse foro”. É plausível que de fato as FARC não se arrisquem a estar de corpo presente mas não é necessário isto para participar, como ficou provado em 16 de janeiro de 2007, por ocasião do XIII Encontro do FSP em El Salvador, onde a Comissão Internacional das FARC enviou um comunicado aos “companheiros”. Diz o comunicado: “Al no podernos hacer presentes en tan importante evento entregamos a ustedes este documento con nuestros puntos de vista, y agradecemos de antemano el tenerlo en cuenta en las deliberaciones” (http://www.farcep.org/?node=2,2513,1). Quer dizer, quem participa das deliberações não pode ser outra coisa que membro efetivo com plenos direitos!




Na segunda parte deste artigo, as estreitas relações das FARC com a Universidad Nacional Autónoma de México, com o PT do Brasil, com o candidato à presidência do Paraguai, Fernando Lugo, e ainda com a “estudante” mexicana sobrevivente do ataque ao acampamento da guerrilha no Equador.


(*) Graça Salgueiro é jornalista independente, estudiosa do Foro de São Paulo e do regime castro-comunista e de seus avanços na América Latina, especialmente em Cuba, Venezuela, Argentina e Brasil. É articulista do Mídia Sem Máscara, onde também colabora como tradutora e revisora, correspondente brasileira do site La Historia Paralela da Argentina, articulista do jornal 'Inconfidência' de Belo Horizonte e proprietária do blog Notalatina.


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