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Artigos-->Ladrões de tempo -- 02/11/2012 - 15:43 (Jefferson Cassiano) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


 



Ladrões de tempo



 



Socorro! Estou sendo assaltado! Neste exato momento, como bem demonstra o gerúndio: estou sendo assaltado agora. Esta versão do Word na qual digito meu texto é mestre em travar ou, ao menos,  demorar para registrar as letras que digito no teclado com velocidade de datilógrafa dos filmes do Jerry Lewis.  Demoro o dobro do tempo que planejei para registrar estes singelos 2.800 toques. O Bill Gattes é um ladrão de tempo. Interpol, help me!



            Quem dera fosse só o dono da Microsoft o larápio dos meus preciosos segundos. Esse tipo de criminoso está em cada canto de minha vida. Há muita gente no mundo engajada em roubar o tempo que eu, ingênuo, sempre acreditei que me pertencia. É uma máfia berluscônica especializada em surrupiar os giros do meu relógio, o que é apenas uma metáfora, pois meu relógio é digital.  Eles roubam, então, os dígitos do meu cronômetro.



            Basta programar um fim de semana preguiçoso em frente à TV para que eles, sempre eles, entrem em ação: falta energia. Saiba: a CPFL  também está envolvida nisso.  Depois de perder tempo esperando pela volta da “força”, perco a minha e resolvo sair  de carro, tentativa louca de escapar das garras dos ladrões de tempo.  Erro monstruoso: os maiores meliantes estão nas ruas, comandando um automóvel. Eles só saem de casa para praticar furtos, às vezes, roubos. São madames baixinhas, escondidas atrás de óculos maiores que os para-brisas de suas esse-u-vês; são velhinhos que ainda dirigem seus Fuscas como se estivessem na Ribcity de 1946; são jovens bonezudos em brilhos de aparelhos ortodônticos revelados pelo riso do orgulho de pegar “emprestado’ o importadão do pai; são as meninas precárias em saltos plataforma sobre as motonetas de brinquedo; são os motoristas “prefissionais” de coletivos que acham que são dois por serem grandes. Todos eles roubam minutos preciosos de meu tempo. Marronzinhos, onde estão vocês? 



            As madames fazem questão de andar no meio da rua, metade da Hilux numa faixa e metade na outra. Não posso ultrapassar: não caibo. Se estivesse de moto, poderia me enfiar ali naquele espaço. Poderia nada: tem uma menina precária apanhando de sua Biz, pronta para beijar o asfalto.   Consigo ultrapassar pela direita. A direita é a nova esquerda. É pela direita que o trânsito flui melhor nas avenidas de Ribcity. Parte da culpa pela lentidão da faixa esquerda é dos velhinhos em seus Fuscas. Eles são treinados ladrões do tempo alheio. Entram na Francisco Junqueira, lá na Jerônimo, e se mantêm na faixa esquerda, 30 km por hora. Deixe de ser chato, cara! Não percebe que ele vai virar à esquerda no acesso ao Novo Shopping? Alzheimer, ajude-me!



            Nem vou ter tempo de descrever os roubos dos motoristas de ônibus e dos herdeiros bonezudos. Quando roubam seu tempo, roubam também seu espaço, pois eles, tempo e espaço, são, desde Einstein, indissociáveis. Vai daí, que o meu espaço aqui é limitado e, para ser honesto, acabou faz uns cento e poucos toques e...



Jefferson Cassiano é professor e publicitário. Ocupa a cadeira 31 da Academia Ribeirãopretana de Letras


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