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Ensaios-->Conselho Sul-Americano de Defesa: a serviço de quem? -- 23/05/2008 - 10:25 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Conselho Sul-Americano de Defesa: a serviço de quem?

por Graça Salgueiro (*) em 23 de maio de 2008

Resumo: Se o interesse real é defender o país de possíveis agressões, por quê a necessidade de criar um outro conselho de defesa?

© 2008 MidiaSemMascara.org


“Confundir o inimigo e o público: esta é a tarefa, enquanto se faz o que deve ser feito”.

(Vladimir Ilyitch Ulianov – Lenin)


No passado 14 de abril o ministro da Defesa, Nelson Jobim, esteve na Venezuela reunindo-se com o presidente Hugo Chávez para tratar da proposta do Conselho Sul-Americano de Defesa, numa reunião que realizou-se a portas fechadas. Jobim negou que houvesse uma carreira armamentista na América do Sul mas ressaltou a importância de que os países membros adquiram armas, porque “a projeção de poder na América do Sul é dissuasiva ante eventuais inimigos”.

Lá, Jobim teria dito que a iniciativa da proposta partiu de Lula, depois de a Colômbia ter atacado uma base das FARC no Equador e que Chávez mostrou-se muito receptivo, demonstrando um interesse muito forte neste projeto que será implantado em outubro de 2008. E em notícia no site do PT, diz-se que “... terá o papel de elaborar políticas de defesa conjunta, intercâmbio de pessoal entre as Forças Armadas de cada país, realização de exercícios militares conjuntos, participação em operações de paz das Nações Unidas, troca de análises sobre os cenários mundiais de defesa e integração de bases industriais de material bélico”.

A história, entretanto, não é bem essa. Ela remonta, pelo menos, ao ano de 2001, quando Chávez enviou seu então ministro da Defesa, General Hurtado Sucre, à Brasília que apresentou ao presidente Fernando Henrique Cardoso a proposta de integração militar latino-americana; este gostou da idéia mas já estava quase de saída e o projeto não avançou. Em dezembro de 2004, o marxista germano-mexicano Heinz Dieterich escreveu um artigo intitulado “ A doutrina militar e o Bloco Regional de Poder Militar”, onde faz uma análise da situação das Forças Armadas na América Latina e Caribe, e afirma que os dois estrategistas militares mais importantes do continente latino-americano são Fidel Castro e Manuel Marulanda “Tirofijo”, comandante das FARC. Afirma ainda que Cuba oferece um paradigma militar para o futuro Bloco Regional de Poder Militar latino-americano (BRPM) que então começa a se delinear. Diz que o “novo Fidel” é Chávez porque ele “saberá encontrar a fórmula para que a vanguarda e o bloco do centro [que Dieterich destaca como sendo Lula, Kirchner – que era o presidente à época – e Tabaré Vázquez] se encontrem em uma nova dinâmica de libertação, digna dos próceres da Pátria Grande”.

Entre os dias 27 e 29 de outubro de 2006 aconteceu em Sucre, Bolívia, o encontro fundacional do Bloco Regional de Poder Popular, organizado por Dieterich e patrocinado pelo governo boliviano de Evo Morales, e que estabelecia quatro elementos para garantir o “avanço do processo revolucionário regional”. O quarto desses elementos, diz: “Organização de um plano militar de caráter defensivo integrado regionalmente, para enfrentar a eventual agressão e intervenção militar direta do imperialismo e que deverá estar baseado na concepção da ‘guerra de todo o povo’. Esse organismo seria denominado Bloco Regional de Poder Militar” (BRPM).

E no artigo intitulado “Brasil, Argentina e Venezuela constituem um Bloco Regional de Poder Militar” escrito em 28 de fevereiro deste ano, Heinz Dieterich não esconde sua alegria pela decisão de Lula em encabeçar a formação do BRPM. Afirma ele que o “Conselho Sul-Americano de Defesa será o órgão dirigente do BRPM”, quer dizer, este Conselho criado por Lula e Jobim ratifica o BRPM, não vem para fortalecer o papel das nossas Forças Armadas na defesa do nosso território e soberania mas para formar, junto com os outros países do continente uma força conjunta preparada para agir contra a “invasão do imperio”.

Dieterich alega que “o império” está perdendo sua hegemonia financeira, econômica e política por isso recorre aos métodos de dominação pela força militar. Diz ele: “Esta é a mais profunda razão histórica e legitimação da constituição do Bloco Regional de Poder Militar e seu Conselho Sul-Americano de Defesa na Pátria Grande”. Nesse contexto, não é delírio supor que, quando houve o ataque militar colombiano ao acampamento das FARC em 1º de março, se este Conselho já existisse o Brasil teria, junto com os outros países do Bloco se voltado contra a Colômbia, desencadeando talvez uma guerra desnecessária e insana de proporções inimagináveis.

No dia seguinte, Pedro Echeverría V. exulta com a criação deste Conselho no artigo Alternativa militar regional de defesa frente ao exército yanqui , do qual cito alguns trechos: “Por isso me deu uma enorme alegria ler o interessante artigo de Heinz Dieterich na revista ‘Rebelión’. No artigo ele detalha a formação do Bloco Regional de Poder Militar (BRPM) latino-americano encabeçado pelo presidente brasileiro, Inácio ‘Lula’ da Silva”. (...) “Na América Latina e no mundo não deveria haver exércitos; porém, ante a ameaça e as permanentes invasões yanques não se pode viver sem um organismo armado internacional de defesa, organizado por governos anti-imperialistas”. (...) “O exército será nacionalista, anti-imperialista, defenderá os interesses dos povos da América Latina frente ao império yanque ou outro grande país”.

O Brasil possui um “Conselho de Defesa Nacional”, criado em 11 de abril de 1991, pela Lei nº 8.183 que cumpre perfeitamente seu papel de defender o território e a soberania, claramente explicitados nos Art. 5º e Parágrafo único deste artigo:

Art. 5º - O exercício da competência do Conselho de Defesa Nacional pautar-se-á no conhecimento das situações nacional e internacional, com vistas ao planejamento e à condução política e estratégica para a defesa nacional.

Parágrafo único – As manifestações do Conselho de Defesa Nacional serão fundamentadas no estudo e no acompanhamento dos assuntos de interesse da independência nacional e da defesa do estado democrático, em especial aos que se refere:

I – à segurança da fronteira terrestre, do mar territorial, do espaço aéreo e de outras áreas indispensáveis do território nacional;

II – quanto à ocupação e à integração das áreas de faixa de fronteira;

III – quanto à exploração dos recursos naturais de qualquer tipo e ao controle dos materiais de atividades consideradas do interesse da defesa nacional.

Se o interesse real é defender o país de possíveis agressões, por quê a necessidade de criar um outro conselho de defesa? O que será feito deste já existente, vai ser anulado? Como vimos, os objetivos deste Conselho Sul-Americano vão além das nossas fronteiras territoriais. Um documento do XIV Encontro do Foro de São Paulo que realiza-se entre os dias 22 e 25 de maio em Montevidéu, Uruguai, reafirma a “necessidade” desta integração. Vejam o que diz este trecho do documento:

“A maioria dos Governos de esquerda e progressistas têm entre seus delineamentos e Programas de ação a Integração Regional e Continental como objetivo fundamental... (...) para avançar na coordenação e execução dos projetos integracionistas e a conformação de Blocos Regionais”. E na V Cúpula de América Latina, Caribe e União Européia em Lima, Peru, Lula afirmou sem pudor que o Foro de São Paulo serviu-se da democracia para alcançar seus objetivos de dominação. Disse ele: “Esse foro, que nós criamos, esse foro foi educando a esquerda para compreender que existia a possiblidade de disputar eleições e ganhar pela via democrática”.

Ao mesmo tempo, Jobim e Chávez mostram toda sua valentia ante a Quarta Frota americana. Chávez disse à agência russa Ria Novost: “Vamos enterrar o império americano neste século, quando entrarmos numa nova era de governos de esquerda” e Jobim vociferou em coro: “Eles poderão atuar em áreas jurisdicionais brasileiras. Aqui não entra!”. Ambos, como de resto, toda a esquerda e os eternos nacionalistas anti-americanistas seguem o que já ditou Fidel Castro, do fundo de seu sarcófago, em uma de suas “Reflexões”: “... os porta-aviões e as bombas nucleares com que se ameaça nossos países servem para semear o terror e a morte, porém não para combater o terrorismo e as atividades ilícitas”. E concluiu que os grandes gastos e o destino dessas armas “deveriam servir também para envergonhar os cúmplices do império e multiplicar a solidariedade entre os povos”.

Lula percebeu que o momento está tenso para o Brasil com a confirmação da autenticidade dos documentos encontrados nos computadores de Raúl Reyes (não esqueçam que ele recebeu uma carta de saudação das FARC por ocasião de sua reeleição e que isto fatalmente deve estar lá, pois foi assinada pelo próprio falecido!) e resolveu então aplicar a estratégia das tesouras: enquanto Chávez e Jobim vociferam fanfarronices contra “o império”, ele tenta – muito simpático e solícito – uma aproximação com os presidentes Álvaro Uribe, da Colômbia e Alan García, do Peru, corroborando a idéia farsesca para os Estados Unidos de sua “ruptura” com a esquerda mais radical latino-americana, que pode apaziguar os arroubos chavistas e assim continuar agindo sem ser incomodado.

O que não se pode esquecer, em todo este maquiavelismo torpe, é que Lula, seu governo e o Partido-Estado são membros do Foro de São Paulo e, portanto, jamais irão trair suas deliberações; os dois discursos de Lula, aparentemente antagônicos em Lima neste fim-de-semana, são as duas faces da mesmíssima moeda furada. Está claro a “quem” servirá este Conselho de Defesa Sul-Americano?


Publicado pelo Jornal Inconfidência - Maio 2008


(*) Graça Salgueiro é jornalista independente, estudiosa do Foro de São Paulo e do regime castro-comunista e de seus avanços na América Latina, especialmente em Cuba, Venezuela, Argentina e Brasil. É articulista do Mídia Sem Máscara, onde também colabora como tradutora e revisora, correspondente brasileira do site La Historia Paralela da Argentina, articulista do jornal 'Inconfidência' de Belo Horizonte e proprietária do blog Notalatina.


Obs.: Esse Conselho de Defesa não será nada mais do que a ala militar internacional do Foro de São Paulo, órgão espúrio, neocomunista, que pretende implantar em toda a América Latina uma nova União Soviética. O inimigo para esses patifes esquerdistas (desculpe o pleonasmo), claro, é os EUA, como sempre (F. Maier).


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