Um sujeito barbudo, de olhos azuis, vestindo uma túnica da época de Jesus invadiu os estúdios da televisão no meio de um telejornal ao vivo.
– Apaguei o velho! Apaguei aquele velhaco! Toma, desgraçado!
Era isso que o elemento gritava, com voz rouca de quem devia ter uns 2 mil anos de idade. Ele estava cheio de sangue no corpo e nas roupas. Pêlos de animais também. Repórteres, editores, equipe técnica, todos estavam atônitos, porém com uma sensação familiar. Eles pareciam sentir os movimentos do eremita dentro do órgão responsável pela circulação sanguínea.
– De onde vem esse hippie, imundo desse jeito? Estava carneando um porco para a ceia de Natal? – perguntou Phil, o apresentador arrogante e sem-paciência.
– Sim, porcos esbeltos com galhadas na cabeça. Acabei de vir do chalé daquele merda. Na Finlândia.
E todos caíram na gargalhada. Não podiam nem respirar, sufocados pelas contrações do organismo. Os telespectadores devem ter achado esquisito quando de repente os âncoras do programa foram descendo até deitarem no chão. E rolarem de rir. Phil não achou tanta graça e logo bradou.
– Da Finlândia é? Prazer, eu sou o Papai Noel.
– Definitivamente, não é!
– Acabou de vir de lá?! Nem um avião você poderia ter pego, asqueroso do jeito que está.
– Mas eu esquartejei o velhaco... Uhuuuu! Que alívio. Eu estou no ar?
Olhou para a câmera. E começou a pular e dançar feito um louco, babando e cantando uma música do Prodigy.