Me murmura a natureza
borburinho de beleza,
misturada com tristeza,
me pedindo pra ficar.
E sussurra com nobreza,
brisa leve de certeza,
vem sentar comigo à mesa,
me pedindo pra cantar.
Parapeito, ventania,
na voragem desses dias,
querendo tudo arrancar.
Amurada dos enganos,
montagem de tantos planos,
onde eu fui passar os anos,
e o meu sonho acalentar.
Pesadelo, correria,
foi a noite, foi o dia,
tempestade em alto-mar.
Alamedas e lagares,
aragens nos meus cantares,
vôo alegre pelos ares,
e ventos de alevantar.
Coisas que me dilaceram,
as que serão, as que eram,
difícil é separar.
Miragens e pensamentos,
desesperanças, tormentos,
versos, imagens, alentos
no susto de cada olhar.
Me murmura a natureza
borburinho de beleza,
misturada com tristeza,
me pedindo pra ficar.
No brilho da estrela-guia,
será de paz e alegria
o tom desta melodia
que me faz recomeçar. |