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Cronicas-->Lua -- 25/06/2000 - 10:12 (FAUTH) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
LUA



A Lua brilha nos meus pensamentos. Um brilho que hoje é vulgar e excessivo. Quando a tecnologia ainda não passeava por aqui, era possível contar nos dedos o que era brilhante. O fogo, o Sol, a Lua, as Estrelas e alguns metais que emitiam meros reflexos (e nessa época pensava-se que a Lua emitia a própria luz, como o Sol). O Homem ainda só fabricava luz pelo fogo.
Hoje tudo é brilho. Brilho que emerge das telas, das caixas onde moramos. Há sempre uma luzinha a nos perseguir. Os brilhos indicam nossa vida: as horas digitais, o alimento aquecido no microondas, o celular ligado, a TV em stand by. Não há mais escuridão para nós. Mesmo quando apagamos todas as luzes da casa, invadem, pelas frestas, os claros exteriores a nos informar que há algo sempre brilhando perto da gente.
Com isso a Lua ficou um pouco de lado. Só nos lembramos dela quando num passeio noturno em lugares distantes. Passamos meses, e há aqueles que passam anos, sem se dar conta das fases lunares. Quantas luas cheias você lembra de ter visto no último ano? Lembra-se de ter visto as treze? Percebe como perdeu a importància diante de tanto brilho? É o brilho das làmpadas penduradas em postes, das placas luminosas, dos faróis, tudo isso a ofuscar o céu, tão lindo quanto natural. Naturalmente lindo.
Diferente de observar uma propaganda eletrónica cheia de luz, por mais bem produzida e bonita que possa ser, olhar o céu com a Lua e todas as estrelas é como olhar profundamente nos olhos de uma criança ou da mulher amada: há uma terna magia, uma força que nos prende à vida. Nada pode substituir um luar. E ele anda tão esquecido!
Caminhamos de noite pelo mundo sem olhar para o alto, sem perceber a beleza natural que nos acompanha. Estamos tão bombardeados pela tecnologia que acabamos por nem sentir falta dessa ligação homem-natureza, como se não dependêssemos do ar que respiramos ou da água que bebemos. Há tantos sucos "naturais" e artificiais, bebidas mil, que passamos dias sem beber água e sem sentir o gosto verdadeiramente natural das coisas. Alimentos empacotados, ensacados, de beleza plástica, como se nós fóssemos belos assim. Estamos em busca da perfeição plástica. Queremos um mundo cada dia mais limpo, e não temos onde depositar toda nossa sujeira. Já conseguimos usar roupas limpas diariamente, utilizamos produtos para não cheirarmos a humanos que somos (há até aqueles que nos impedem de suar). Tanta tecnologia e ainda não conseguiram eliminar aquela engenhoca horrível e anti-higiênica chamada "vaso sanitário". Por que temos que conviver com essa coisa feia, fétida e encorpada que, como um filho, sai de dentro de nosso corpo? E pensando assim, nós, a humanidade, caminhamos.
Vamos construindo nosso belo mundo artificial e deixando de lado a natureza que nos mantém vivos. Tudo em troca de um mundo "melhor". Estamos diariamente à mercê de luminosidades, queiramos ou não. Nossos olhos andam cansados de tanta luz que parece crescer a cada dia. Cada uma querendo brilhar mais que a outra, vendendo a vida perfeita a que tanto almejamos.
Para apreciar uma bela noite prateada, somos hoje obrigados a andar quilómetros e quilómetros para longe da perfeição confortável de nossas vidas. Os amantes têm, hoje, encontros sob a làmpada de um quarto e a claridade límpida, bela e plástica da tela de um computador. A cena de um casal de namorados fazendo juras de amor ao luar está cada vez mais próxima de uma realidade vitual. Chegará o dia em que, incrivelmente, os pares romànticos encontrar-se-ão sob a luz vermelha da Lua onde se poderá ler, em várias línguas, que "Coca-Cola é isso aí"!

FAUTH
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