Qual mensagem seria melhor do que a que embutimos no fato de estarmos perante os mortais, transmitindo-lhes considerações e ensinamentos adquiridos à medida que progredimos nos estudos da existência, sob o ponto de vista dos desencarnados?
Em tudo quanto expomos, existe a chama da esperança, o louvor da fé e o desejo da caridade. A partir da intenção de demonstrar que todos podem alcançar conforto e paz após a morte, acreditamos que o bastão sempre haverá de ficar nas mãos dos leitores, uma vez que de seu discernimento e boa vontade é que nascerá a crença de que estão deparando-se com mensagens sérias e honestas.
Mesmo quando um ou outro de nós busca redigir de forma bem humorada e lúdica, não há como deixar de perceber que os temas são apropriados para reflexões profundas de caráter filosófico e religioso, com repercussões evidentes em todos os setores constituintes da personalidade.
Hão de dizer-nos que os princípios espíritas, para os bons cristãos, são prescindíveis e que toda a teoria relativa à natureza da dimensão espiritual, por falta de comprovação, apenas incide em acréscimo de preocupação, podendo ser posta de lado, já que, assim que se desligarem da matéria, todos os humanos se depararão com sua contextura "psicoplástica" ou "perispiritual".
Argumentar contra tais raciocínios não consta de nossos objetivos, tão evidentes são as lições que podemos ministrar através das comunicações. Por outro lado, sabemos que, Ã vista dos exemplos dados por quase todos os colegas da turma, pouquíssimas são as pessoas com capacidade de compreensão da verdade que vivenciamos aqui. Importa, então, mostrar o caminho ou a possibilidade de extrapolar os limites proporcionados pelo aparato sensório dos encarnados, encaminhando-os para a assimilação das diferentes reações psicológicas ou psíquicas, segundo as experiências hauridas durante a vida.
É de todo improvável que este desenvolvimento consiga ganhar foros de importància diante dos relatos criados a partir dos problemas enfrentados pelos companheiros. Mas é preciso que alguém venha enfatizar a necessidade de se considerarem as soluções apontadas como recursos que poderão ser empregados em situações análogas. Eis mais uma relevante observação para quem ainda desconfie de que nós estamos a malhar em ferro frio.
Para dar cunho pessoal à dissertação, posso afiançar-lhes que também relutei bastante até admitir a hipótese de que de alguma utilidade seria uma explanação que evidenciasse a oportunidade desta manifestação.
- Você, Petrónio, disse-me o mestre, irá sacrificar um pouco a linha esplêndida seguida pelos colegas, mas oferecerá, sem dúvida, um bom respaldo crítico para quem possui o hábito das comprovações subjetivas, levantando hipóteses de contradições, a partir da descrição de superior personalidade, como se o escritor dominasse inteiramente a obra, atribuindo-lhe qualidades para ombrear-se com os melhores discursos medianímicos. Não se perca por isso. Pense bastante na estrutura de sua composição e demonstre que o trabalho não se deu de afogadilho. Você verá que a comunicação se inserirá com naturalidade no conjunto dos ditados.
Tentei levantar vóo, porém, logo percebi que estava com as penas das asas aparadas rente. Solicitei o apoio da turma e recebi incondicional estímulo para apresentar-me perante este público. Escrevi o primeiro rascunho, cujo resultado me desanimou. Era como se estivesse ainda debatendo-me no fundo da consciência por causa dos males que pratiquei e que começavam a me pesar.
Insisti com denodo inesperado, já que os colegas me ajudaram a pensar sobre o assunto, principalmente no sentido de demonstrar que existe colaboração e amizade, quando se trata de espíritos de boa índole. Esta é noção básica para incentivar as criaturas a progredirem no aspecto moral, dando de si e esforçando-se para que o colega consiga êxito em todo empreendimento que se fundamente em solidariedade, em fraternidade, na ajuda pela superação dos defeitos e eliminação dos vícios.
Quando vi meu trabalho formulado, discutido e aprovado, não senti que haviam crescido as minhas penas, mas senti algo muito mais confortante: estava voando nos braços da turma, alçando os pensamentos a regiões de muito melhor evolução.
Contaria agora a história do patinho feio, se esta não tivesse merecido pena de superior condição literária.
Apenas para finalizar, caso, apesar de tudo, algum amigo leitor ainda suspeite de que este meu atrevimento não deveria ter constado da obra, ao menos abra parênteses para aceitar que existem pendores diferentes daqueles a que se habituaram nos livros mediúnicos, porque todos estamos a caminho de receber de Jesus sua bênção do mais puro amor.
