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Ensaios-->Teologia da Libertação e Ecumenismo -- 11/08/2008 - 12:22 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Teologia da Libertação e Ecumenismo

Osmar José de Barros Ribeiro (*)


Para a perfeita compreensão da forma pela qual a Teologia da Libertação invadiu a Igreja Católica, seria necessário palmilhar um longo caminho, de certa forma abreviado pela leitura de um manual (O que é Pastoral) da autoria de João Batista Libânio, parte da Coleção Primeiros Passos, Editora Brasiliense.

Na Introdução, o autor propõe-se a levar o leitor a compreender de que forma a Igreja tem buscado, ao longo de 20 séculos, fazer pastoral e informa haver escolhido três cenários para tanto:

- um primeiro, povoado pela pastoral clássica, que praticamente plasmou o catolicismo tradicional;
- o segundo, a nova pastoral, surgida das ruínas da guerra, do cataclismo cultural e moral provocado pelos pensadores da suspeita, da fúria desenvolvimentista dos milagres econômicos, dos abalos sísmicos no interior da Igreja dos Pontificados de Pio XII e João XXIII;
- o terceiro, o cenário latino-americano, palco da Pastoral Libertadora, a Pastoral do Terceiro Mundo, ... encarnada nas comunidades eclesiais de base, na pastoral da terra e dos índios e em outras semelhantes ... a pastoral libertadora nasce de dentro do conflito. Cola-se à realidade de Igreja e de Sociedade de nosso continente.

Aflora, desde as primeiras páginas, a possibilidade do surgimento de uma Igreja Católica Latino-Americana e ligada o Conselho Mundial de Igrejas (CMI), seu principal mantenedor e o real interessado em constituir-se numa força à altura do Vaticano, muito particularmente nos países em desenvolvimento. E, sabendo-se como se sabe, que a Igreja Anglicana é umbilicalmente ligada à Coroa Inglesa, sempre caberá a suspeita de que tal atitude pode ter tudo a ver com os interesses dos grandes grupos econômicos britânicos.

No Capítulo seguinte, Em busca das raízes, o teólogo jesuíta pretende esclarecer o que deve ser entendido por pastoral, que define como sendo o agir da Igreja no mundo, para logo indagar: que Igreja? que tipo de agir? e que mundo?.

Dedica-se também a explicar a origem do vocábulo pastoral, assinalando que qualquer ação pastoral tem algo a ver com a ação própria de um pastor ... Na medida em que a experiência do pastor se distancia do nosso mundo, ... o esforço de recuo àquela experiência arcaica se faz mister.
A partir daí repassa as tradições bíblicas, mesopotâmica e a reinterpretação feita por Israel, concluindo que, nesta última, a tradição bíblica deixa-nos um sabor amargo de desconfiança em relação às autoridades humanas. Talvez esteja, nesta frase, a raiz da aversão que os seguidores da Teologia da Libertação demonstram para com a autoridade secular, muito especialmente aquelas que não se afinam ideologicamente com eles.

Nesse ponto, segundo o autor, Jesus insere-se na tradição bíblica e é na Sua trajetória que o autor vai buscar a missão última e radical do pastor: amar as ovelhas até o extremo, até o fim, oferecendo-lhes o dom da vida, a entrega total de si. E logo traça um paralelo entre Inácio de Antioquia, entregue às feras num circo romano, nos primórdios do cristianismo e Oscar Romero, ressalvando que este foi convertido à causa dos pobres em virtude da morte do jesuíta Rutílio Grande, assassinado violentamente na defesa dos camponeses, omitindo, propositadamente, que o evento ocorreu durante guerra civil na República de El Salvador e que, em tais circunstâncias, é corriqueira a prática de atentados contra inimigos políticos, por um e outro dos lados em conflito.

No capítulo intitulado Pastoreio numa sociedade tradicional, assinala que, enquanto instituição social, a Igreja reproduz no seu interior os choques e contradições do contexto histórico-político. E também que a caminhada da Igreja se dá sob permanente tensão entre o pólo institucional (a hierarquia) e o da consciência teologal (o Evangelho), ou seja, segundo os cânones da dialética marxista.

A caminhada começa pela Igreja imperial, surgida em 313 d.C, quando o poder estatal ainda forte tutela, em grande parte, a Igreja.

Na Igreja medieval, até o pontificado de Gregório VII, ainda há a hegemonia do poder estatal sobre o eclesiástico mas, a partir de Inocêncio III, o Papado assume a indiscutível direção do Ocidente cristão, de modo que o mesmo credo e a mesma moral reinavam sem concorrência no espaço político-cultural da Cristandade, experiência que marcou a pastoral tradicional. Esta, no dizer do autor, a vivemos no Brasil até antes do Concílio Vaticano II e aqui ainda persiste e resiste aos impactos transformadores desse Concílio e de eventos eclesiais como Medellín e Puebla.

O Concílio de Trento (1545-1563), marco da pastoral tradicional, levou o clero a buscar espiritualizar a religião dos fiéis, arrancando-os das preocupações exclusivas com os problemas diários, à base do medo da eternidade. Esta pastoral, centrada no eixo dogmático e moral, foi transplantada para o Novo Mundo e a sua ortodoxia levou as pessoas letradas a abandonarem a Igreja, por impossibilidade de articular com seus conhecimentos científicos a rigidez de tal apresentação ....
À pastoral tradicional seguiu-se a pastoral moderna, nascida ou pelo menos incentivada pelo Concílio Vaticano II, que livrou os fiéis da tutela eclesiástica. Nesse processo teve grande impacto o desenvolvimento da Psicologia, em particular a de cunho freudiano pois, onde não há culpa, o pecado, o medo do inferno, do purgatório, do juízo de Deus, desaparecem. Passou a vigorar a ética da satisfação, posto ser o sentimento de culpa derivado da repressão que pesa sobre nós por obra especialmente da religião e de regimes opressivos e puritanos.

Nesse ponto, conclui o autor, surgiram no interior da Igreja forças que unidas às forças exteriores, terminaram por liquidar a pastoral tradicional. O clero entra em crise de identidade e termina por dissolver-se na massa do anonimato cristão, no meio dos simples fiéis, deixando de existir a autoridade clerical.

Parte-se então, na pastoral moderna, para um trabalho com minorias, mais que uma atividade clerical de tutela e ensinamento das ovelhas, ... de uma ação também própria do leigo.
E esta nova visão pastoral tem início com a Ação Católica. Cresce a autonomia do leigo através da Juventude Operária Católica (JOC), da Juventude Agrária e Camponesa (JAC), da Juventude Estudantil Católica (JEC), da Juventude Universitária Católica (JUC) e da Juventude Independente Católica (JIC), desde logo infiltradas por elementos de nítida tendência marxista.

E aí, novamente surge o conflito: de um lado, movimentos leigos que carregam a tinta no testemunho de uma vida cristã, sem deixar o mundo burguês em que vivem. Dentro dos limites de pureza evangélica possível no seio das classes dominantes e burguesas e, sem renunciar às benesses de sua classe, testemunham certas renúncias em nome de sua convicção cristã e de uma honestidade humana, sobretudo no campo da sexualidade e dos negócios. Do outro lado, uma pastoral que procura atingir as massas pela via do testemunho, da presença penetrante, da comunicação de vida, da irradiação pessoal.

A pastoral moderna termina por entrar em crise, em particular nos países em desenvolvimento onde, em proveito de uma pequena camada de privilegiados, as massas humanas são sugadas através do arrocho salarial, da superexploração da mão-de-obra barata.

Em Medellín (1958), os bispos latino-americanos dão os primeiros sinais de que percebem tal fenômeno.

Em 1962, sob a inspiração do socialismo humanista de Teilhard de Chardin, Jacques Maritain e outros pensadores franceses, é criada a Ação Popular que logo tomou um caráter marxista e revolucionário, como bem o demonstraram os acontecimentos que estavam por vir.

No ano de 1967, F. Henrique Cardoso e E. Faletto lançam a `teoria da dependência` para explicar a relação entre o desenvolvimento dos países ricos centrais e o empobrecimento dos países periféricos, o enriquecimento de camadas reduzidas desses países periféricos e o empobrecimento-marginalização de suas grandes massas, dando suporte teórico-científico às decisões de Medellín e depois às de Puebla.

Em Puebla (1968), os bispos latino-americanos afirmam que o clamor pode ter parecido surdo naquela ocasião. Agora é claro, crescente, impetuoso e, nalguns casos, ameaçador. Era a análise do Evangelho sob o prisma marxista determinando que a pobreza das nações periféricas não era uma etapa casual no seu caminho para o desenvolvimento, mas sim o produto de determinadas situações e estruturas econômicas, sociais e políticas.

Era a Igreja, sentindo que o início da urbanização do País fazia diminuir seu prestígio e liderança, enveredando pelo caminho da política, já tantas vezes trilhado no passado, com maior ou menor êxito.

Naquele mesmo ano, com o surgimento induzido de manifestações estudantis, é que grupos religiosos empenhados na marxistização da teologia começam a manifestar-se, sobretudo na cidade de São Paulo, cujo cardeal possuía estreitas ligações com representantes do CMI. E logo surgiram as Comunidades Eclesiais de Base (CEB`s), na maioria das quais o esforço era feito no sentido de despertar a animosidade contra a autoridade constituída.

Em 1971, Gustavo Gutiérrez lança o livro Teologia da Libertação. É o primeiro esforço teórico para, dentro de uma compreensão da luta de classes no seio da sociedade, dar embasamento à mesma, tendo recebido todo o apoio dos órgãos do CMI.

O surgimento da pastoral libertadora seria, assim, a soma de três fatores a saber: a emergência das classes populares, pobres e de fé; a elaboração da teoria da dependência e suas conseqüências no campo político e a experiência da caminhada da Ação Católica, tudo esquematizado, a partir de 1971, na obra de Gutiérrez.

Na verdade tratou-se, em última análise, de uma revolução no interior da Igreja, quando uma ala embebida dos e nos ensinamentos marxistas da luta de classes enveredou pelo caminho da dissensão em lugar da comunhão entre e com os fiéis, contando com o incentivo e o apoio do CMI.
Em 1972, tomava corpo o Conselho Indigenista Missionário, ao qual não são estranhas as tratativas em curso na ONU para a criação de 'nações indígenas' nas respectivas reservas que, sobretudo em áreas de fronteira, têm uma extensão exagerada e estão em áreas privilegiadas economicamente (minérios e biodiversidade).

Em 1975, um Encontro de Bispos da Amazônia faz surgir a Comissão Pastoral da Terra (CPT) cujo fruto mais brilhante é, nos dias de hoje, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), responsável, junto com a inação e em certos casos corrupção e/ou politização dos órgãos responsáveis pelo trato do problema, pelos conflitos fundiários ora em curso em diferentes regiões do País.

A Teologia da Libertação e seu instrumento - a pastoral libertadora - vêm atuando, desde fins da década de 50, em particular junto às populações mais pobres, muito embora também busque infiltrar-se entre os jovens e em setores da classe média.

A ação do CMI junto àquelas organizações religiosas engajadas na propagação da Teologia da Libertação, em última análise significando a busca de um socialismo utópico, desenvolve-se de várias maneiras, sendo a principal delas o fornecimento de recursos financeiros, notadamente externos, com vista à mais completa e total subversão da organização social e política do País. Nesse sentido, cumpre salientar o apoio prestado a grupos tais como os representados pelas minorias étnicas, homossexuais, drogados e outras.

Assinale-se, por pertinente, que o Conselho Mundial de Igrejas está na origem e no desenvolvimento de uma série de ONGs atuantes no Brasil, diretamente ou por suas subsidiárias, notadamente aquelas que tem a sua origem na Inglaterra. Daí a necessidade do conhece-lo e ao seu apoio irrestrito à Teologia da Libertação.

O movimento ecumênico partiu do Conselho Mundial de Igrejas (CMI) o qual, desde o início, tornou evidentes as suas pretensões hegemônicas, ao deixar claro o seu objetivo de que os cristãos deveriam estar unidos para que o mundo creia. Afinal, era preciso evitar que o Jesus de um grupo não servisse para o outro e que continuassem divididos aqueles que pregavam o amor universal.
Contando com farto numerário e com uma ideologia (a Teologia da Libertação) que pretende a implantação do Reino de Deus na Terra, não foi difícil conseguir a adesão de sacerdotes católicos a um ecumenismo e a uma teologia que faziam praça da extinção das diferenças sociais e defendiam uma utópica igualdade entre os homens.

E diferentes Igrejas, tendo à frente a Católica, passaram a engajar-se em movimentos sociais, ainda que revolucionários, bem como em campanhas que, tendo por mote a paz e a justiça, são entendidas ambas de forma sectária.

No Brasil, possuem vínculos profundos com o CMI e com o 'ecumenismo' defendido por ele: Arquidiocese de São Paulo; Biblioteca Camboniana Afro-Brasileira (BCA); Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB); Centro de Estudos Bíblicos (CEBI); Comissão de Estudos de História da Igreja na América Latina e no Caribe (CEHILA); Centro Ecumênico de Serviços à Evangelização e Educação Popular (CESEP); Conselho Indigenista Missionário (CIMI); Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (CONIC); Comissão Pastoral da Terra (CPT); Prelazia de São Félix do Araguaia; Revista 'Sem Fronteiras'; Sociedade de Teologia e Ciências da Religião (SOTER).

A CNBB, possui vários organismos, boa parte deles rezando pela 'cartilha ecumênica': Associação Brasileira de Escolas Superiores Católicas (ABESC); Associação de Educação Católica (ABEC); Caritas Brasileira (composta pela Caritas Nacional e suas subsidiárias no Maranhão, Ceará, Nordeste 2, Nordeste 3, Minas Gerais, São Paulo e Rio Grande do Sul); Centro Cultural Missionário (CCM); Centro de Estatística Religiosa e Investigações Sociais (CERIS); Comissão Brasileira de Justiça e Paz (CBJP), cujo Secretário Executivo é Francisco Whitaker; Comissão Pastoral da Terra (CPT); Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB); Conselho Indigenista Missionário (CIMI); Conselho Nacional de Leigos (CNL); Instituto Brasileiro de Desenvolvimento (IBRADES); Instituto Nacional de Pastoral (INP), cujo Secretário é o padre João Inácio Kolling; Organização dos Seminários e Institutos Filosófico-Teológicos do Brasil (OSIB); Pontifícias Obras Missionárias (POM), cujo diretor é o padre João Panazzolo. A partir dessa relação, é fácil concluir da poderosa influência exercida pelo CMI na organização e na orientação da CNBB.

Também merece referência, por suas estreitas ligações com o CMI, o Conselho Episcopal Latino-Americano (CELAM), localizado na Colômbia e a Pastoral Indígena Mexicana, esta conhecida por CENAMI, ambos da Igreja Católica.

Mostra da importância que o CMI empresta à América Latina, é a existência, na Colômbia, da Rede Informática da Igreja na América Latina (RIIAL), montada e custeada pelo Conselho Latino-Americano de Igrejas (CLAI), órgão do CMI para a América Latina e que apóia os movimentos guerrilheiros locais (FARC e ELN).

Hoje em dia, pouco se fala da Teologia da Libertação e da influência que ela exerceu e exerce sobre largos setores da sociedade. No entanto, basta recordar que seus frutos estão à vista de quem tiver olhos para ver: a laicização da Igreja, a frouxidão dos costumes, os “movimentos sociais” (com singular destaque para o MST), a crescente aceitação de postulados marxistas pela sociedade, o movimento ambientalista-indigenista, etc.

E assim, cegos guiando cegos, caminhamos para o despenhadeiro da convulsão social.


(*) Osmar JB Ribeiro é tenente-coronel R/1 do Exército.



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