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Artigos-->ISRAEL E OS PALESTINOS 2006 A 2012 -- 21/11/2012 - 08:03 (edson pereira bueno leal) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


 



 



ISRAEL E OS PALESTINOS 2006 A 2012



 



Edson Pereira Bueno Leal, novembro de 2011, atualizado em dezembro de 2012.



 



 



VITÓRIA DO HÁMAS  2006



 



As eleições palestinas de janeiro de  2006 surpreenderam  com a vitória do Hamas que obteve 76 das 132 cadeiras do Parlamento , contra apenas 43 do Fatah .



O Hamas tem como objetivo fundamental a destruição do Estado de Israel . Criado em 1987 , durante a primeira Intifada , como o braço palestina da Irmandade Muçulmana , organização fundada no Egito nos anos 1920 ,  o Hamas , desde o início da Segunda Intifada executou 425 atentados levando á morte quase 400 israelenses .



A  vitória revela o fracasso do Fatah que mergulho a administração da Faixa de gaza após a saída de Israel em um caos , co gangues armadas espalhando o terror e extorquindo sem  controle , além da corrupção e da disputa de grupos pelo poder após a morte de Arafat .Ao contrário o Hamas tem uma imagem de integridade ética de seus líderes , conquistada com a construção de escolas , hospitais e outros projetos sociais nas cidades palestinas .



A grande questão é como que um grupo terrorista irá comportar-se na arena política . Mahmoud al Zahar , um dos principais líderes do Hamas deixou esta dificuldade bem clara em entrevista logo após a vitória “ Nós consideramos Israel o ocupante que mata nosso povo, destrói nossas vidas e nos impede de viver como seres humanos. Qual a alternativa em nossa visão ? O mundo árabe e islâmico, através dele faremos nosso contato com a comunidade internacional ...Israel matou nossos líderes , destruiu nossas casas e nossa agricultura . os israelenses ocuparam nossas terras e um de nossos locais mais sagrados , Al Aqsa . Como podemos considerá-los vizinhos ? Eles são nossos inimigos . E quem apoiar Israel também será considerado nosso inimigo . “( F s p 27.01.2006 , p. A-13) .



O Hamas poderia fazer como o IRA que abandonou a luta armada pela via política . Mas para o israelense Gabriel Horenczyk  da Universidade Hebraica em Jerusalém , isto não será possível porque : “ O IRA lutava pela independência , algo que pode ser negociado , e não pela destruição pura e simples da Inglaterra como o Hamas quer fazer com Israel . “ ( Veja, 1.2.2006, p. 85) .



Com o controle do Hamas deverá haver diminuição da violência e da corrupção na área palestina . O Hamas executa atividades assistencialistas , como a construção de escolas e hospitais . Desde agosto de 2004 não executa um ataque suicida contra Israel . O tempo mostrará como conseguirá controlar outros grupos radicais como o Jihad Islâmico e as Brigadas de Al Aqsa . Se ocorrerem negociações com Israel certamente o Hamas será mais intransigente do que o Fatah .



Em 19 de fevereiro , com a posse do novo Parlamento palestino, dominado pelo Hamas , Israel classificou o governo palestino como “autoridade terrorista” e anunciou a suspensão da transferência de  US$ 55 milhões mensais que coletava de tributos para a Autoridade Nacional Palestina. Trata-se de medida bem mais leve do que o pacote de medidas inicialmente sugerido pelos especialistas de segurança israelenses que  incluía a proibição da entrada de trabalhadores palestinos em território israelense e a suspensão de todo o comércio entre Israel e os palestinos .



A ANP depende dos US$ 55 milhões em impostos para pagar os salários dos cerca de 140 mil funcionários públicos e tentará suprir a suspensão israelense com pedidos para a Liga Árabe . ( F S P 20.02.2006 , p. A-9) . 



Parte da ajuda internacional também foi suspensa , mas a estratégia teve efeito contrário pois ao invés de enfraquecer, fortaleceu o Hamas . A população palestina passou a atribuir não ao Hamas , mas aos governos estrangeiros a deterioração geral dos já penosos serviços públicos .



Em março de 2005 o líder do Hamas , Khaled Meshal em reunião com autoridades russas , descartou qualquer possibilidade de reconhecer o Estado de Israel , “ Se Israel anunciar oficialmente sua prontidão em se retirar de todos os territórios ocupados em 1967 , o retorno dos refugiados palestinos , o fechamento dos assentamentos , o desmantelamento das barreiras [ entre Israel e territórios palestinos ] e a libertação dos prisioneiros , então nosso movimento  tomará um grande passo em direção á paz” . ( F S P 4.3.2006 , p. A-14) . 



 



PLANO UNILATERAL  DE OLMERT 2006



 



O premiê interino Ehud Olmert anunciou um plano unilateral de fixação de fronteiras , na linha do proposto por Ariel Sharon . Até 2010 , Israel deve abandonar a maioria de seus assentamentos na Cisjordânia e recuar até a linha em que está sendo construída a barreira de separação com possíveis ajustes .



Segundo ele “ Não restará um único judeu para protegermos além da cerca . No fim do processo nós teremos a total separação da vasta maioria da população palestina . “ Segundo Khaled Meshal, principal líder do Hamas , a retirada unilateral tem como base “ os interesses de segurança de Israel e não as exigências da paz e significa uma declaração de guerra contra o povo palestino “ . “ F S P 11.03.2006 , p.A-21 .



Olmert candidato  ao cargo de premiê conservou dois símbolos de seus status de interino . Deixou a cadeira de premiê vazia nas reuniões do gabinete e recusou-se a entrar no gabinete de primeiro ministro antes das eleições .



A operação que lançou para capturar os homens procurados em Jericó que seriam liberados pelos palestinos foi bem recebida pela população . A exemplo de Sharon ele acredita que medidas unilaterais por parte de Israel são mais eficazes que o diálogo com os palestinos e que Israel deve retirar-se da Cisjordânia para poder conservar a maioria judaica em seu próprio território .



 



Novo Governo Palestino coordenando ataques



 



Em uma declaração surpreendente para um governo constituído o ministro do interior palestino Saeed Seyam , nomeado pelo Hamas e que será o responsável pelos serviços de segurança, os acordos de cooperação com Israel nessa área não serão cumpridos .



Em entrevista à agência Reuters Seyam defendeu a legitimidade dos  ataques da “ resistência” , contra a ocupação israelense e disse que o Hamas ajudará a coordená-los . As conversas com as facções  no futuro , enfocarão os mecanismos , a forma e o momento [ dos ataques] . Prisões políticas serão abolidas . “Não chegará o dia em que um palestino será preso por sua afiliação política ou por resistir à ocupação “ .



Estas declarações reforçam a ação unilateral de Olmert e deixam claro que dificilmente haverá algum avanço nas negociações entre palestinos e israelenses . ( F S P 24.03.2006, p. A-13) .



 



VITÓRIA DO KADIMA   2006



 



O  resultado das eleições israelenses confirmou o favoritismo do Kadima que obteve 28 cadeiras em 120 . A direita ficou com 23 ( Likud 11 e Israel Nossa Casa 12 ; os religiosos com 28 – Shas 13, Partido Nacional Religioso – 9 e União da Tora pelo Judaísmo 6 ; o centro 35 , Kadima 28 e Partido dos Aposentados – 7 ; e a esquerda 34 , Partido Trabalhista 20 , partidos árabes 10 e Meretz- Yahad 4. O Kadima terá que se coligar para governar provavelmente com o Partido Trabalhista, o Shas , o Partido dos Aposentados , o Judaísmo pelo Tora e o Meretz , pois todos concordam em linhas geais com o plano de retirada unilateral . ( F S P 30.03.2006 , p. A-18) .  



 



O PRIMEIRO ATENTADO PÓS VITÓRIA DO HAMAS 2006



 



No primeiro atentado após a vitória do grupo Hamas , em 17.04 2006 nove pessoas foram mortas e mais de 60 ficaram feridas em um atentado suicida cometido em um restaurante popular de Tel Aviv , por um homem bomba palestino de 18 anos, assumido pelo grupo terrorista Jihad Islâmico . ( F S P 18.04.2006 , p. A-10) .



A polícia oficial palestina conhecida como os “guardas azuis “ e os grupos ligados ao Fatah representam 60.000 homens que estão com seus salários atrasados e do lado do Hamas e seus aliados radicais islâmicos há cerca de 10.000 membros de grupos terroristas com disposição de fanatismo religioso e nacionalista .



 



 A OFENSIVA CONTRA O LÍBANO  2006



 



Em 12 de  julho de 2006 , guerrilheiros do Hezbollah cruzaram a fronteira , mataram três soldados e seqüestraram dois . Até então Israel tinha respondido moderadamente a estas ações mas  desta vez  decidiu invadir o sul do Líbano em guerra frontal . Inicialmente a ação foi executada pela Força Aérea e posteriormente com a entrada de tropas . Porém o Hezbollhah mostrou grande capacidade de resistência e passou a bombardear as cidades israelenses com mísseis .



O objetivo de Israel com a invasão era de destruir a infra estrutura do grupo , acabar com seus depósitos de mísseis e , matar militantes e líderes .Porém os militantes do Hezbollhah atuam infiltrados junto à população civil e a ofensiva causou mais de mil mortes entre os civis ,  considerável dano à infra estrutura do Líbano , além de obrigar aproximadamente 800.000 libaneses em uma população de 4 milhões a abandonar as suas casas .  Do lado de Israel morreram 159 pessoas , a maioria soldados , além de parte da população do norte do país ser obrigada a passar semanas escondida em abrigos subterrâneos .



Depois de menos de trinta dias , Israel foi obrigado a  aceitar um cessar fogo articulado pela ONU e retirou suas tropas do sul do Líbano sem ter conseguido alcançar nenhum dos objetivos propostos e ao contrário com a impressão de que o Hezbollhah acabou saindo vitorioso . Com o Hezbollah também se fortalece o Irã , que com ambições nucleares é fator de tensão na região . O fracasso de Israel em sua ofensiva no Líbano representa um abalo no prestígio do exército israelense conquistado em quatro guerras vitoriosas contra os árabes .



 



ACORDO HAMAS E FATAH  2007



 



Depois de meses de confrontos armados que deixaram dezenas de mortos na faixa de Gaza, quase desencadeando uma guerra civil , as duas principais facções palestinas , Hamas e Fatah assinaram em 8.2.2007 um acordo em Meca para a formação de um governo de união . O novo governo será formado pelo premiê Ismail Haniyeh , do Hamas e terá nove ministros do Hamas e sete do Fatah . O acordo foi obtido ao fim do segundo dia da cúpula de emergência realizada em Meca sob o patrocínio da Arábia Saudita , o que assinala a intenção dos sauditas de mediar os conflitos árabes , o que até então não haviam feito , considerando que se trata de um governo moderado e simpático aos EUA , o que inclusive vai facilitar o apoio americano e colaborar para o fim do bloqueio internacional imposto ao governo palestino . Não há menção ao reconhecimento de Israel no entendimento firmado o que pode ser entendido como uma derrota do líder do Fatah Mamoud Abbas  e que poderá dificultar a continuidade das negociações com os judeus . ( F S P 9.2.2007 , p. A-12) .



 



HAMAS ASSUME O CONTROLE DA FAIXA DE GAZA 2007



 



O  acordo entre Hamas e Fatah durou pouco , até junho de 2007 quando o Hamas com relativa facilidade tomou o poder com facilidade na Faixa de Gaza . A residência particular do líder Abbas em Gaza foi ocupada , mas obviamente ele não estava lá . Delegacias de policia , repartições públicas foram tomadas , saqueadas , incendiadas e até implodidas . Para o Hamas , os integrantes do Fatah são traidores, vendidos a Israel e aos EUA , e merecedores dos piores suplícios . Mostrando o grau de animosidade , um cozinheiro da Guarda presidencial de Abbas foi jogado pela janela de um prédio de quinze andares , com as mãos e os pés amarrados na Faixa de Faza . Em resposta , um clérigo do Hamas foi executado da mesma maneira por militantes do Fatah .   



Em retaliação o Fatah saqueou e destruiu instalações ligadas ao Hamas na Cisjordânia . O Parlamento , em  Ramallhah , onde o Hamas tem a maioria foi tomado , assim como os ministérios da Educação e do Interior em Hebron . Em Nablus , a prefeitura controlada pelo Hamas foi invadida por um grupo que hasteou a bandeira do Fatah .( F S P , 17.06.2007 , p. A-19) . 



Com isso o território palestino ficou dividido em duas partes , o Hamastão na Faixa de Gaza e a Fatahlândia na Cisjordânia e a possibilidade de criação de um estado palestino ficou mais remota . Existe ainda um grande risco de Gaza se tornar um novo sl do Líbano , com o Hamas lançando ataques a Israel .



Perplexos , Israel , a União Européia e os EUA decidiram jogar todo o seu apoio em Mahmoud Abbas . A estratégia é transformar a Cisjordânia em uma vitrine de prosperidade e assim minar o poder do Hamas em Gaza .  O poeta Mahmoud Darwish em um poema evoca a derrota na Guerra dos Seis Dias em 1967 e afirma “ se não encontrarmos alguém para nos derrotar de novo , nós nos derrotaremos por conta própria .” ( Revista Veja, 27.06.2007 , p. 79) .



Líderes de Israel , Jordânia e Egito se reuniram no dia 25 de jumho no balneário egípcio de Sharm el-Sheik para manifestar apoio ao gabinete de emergência criado pelo presidente da Autoridade Nacional Palestina ( ANP) , Mahmoud Abbas .



Israel anunciou o desbloqueio de US$ 300 a 400 milhões , da parcela de impostos que arrecada em nome dos palestinos retida desde dezembro de 2005 e prometeu ainda a libertação de 250 prisioneiros do Fatah , entre os 10.000 palestinos presos . ( F S P , 26.06.2007 , p. A-15 ) .



Os EUA poderiam desbloquear fundos para programas de infra-estrutura na Cisjordânia e a União Européia faria o mesmo . Israel propõe  ainda a instalação de forças internacionais na fronteira de Gaza com o Egito , para impedir o ingresso de armas que reforçaria o poder do Hamas .



Mahmoud Zahar , médico , um dos principais líderes do Hamas afirmou “ Não temos nada a falar com eles ( os israelenses) , a não ser sobre a ajuda essencial de emergência , como alimentos. Eles não tem um projeto a oferecer ao povo palestino “ . ( F S P 22.06.2007 , p. A-12) .



 



ENTIDADE INIMIGA – FAIXA DE GAZA 2007



 



Em resposta ao disparo quase diário de foguetes contra seu território , o governo de Israel declarou em 29.09.2007  a faixa de Gaza como “ entidade inimiga” , que abre caminho para a aplicação de uma série de sanções que vão de corte no fornecimento de energia , á restrição ao movimento de pessoas e mercadorias , que podem piorar mais ainda a crise econômica da região . O Hamas considerou a media israelense uma “ declaração de guerra” . A Faixa de Gaza com 1,5 milhão de palestinos , 98,7% muçulmanos a maioria sunita , apresenta índice de 50% de desemprego e 60% da população abaixo da linha de pobreza . ( F S P , 20.09.2007 , p. A-14) . O comércio está definhando desde junho com a conquista do Hamas e o principal posto de travessia de produtos , em Karni foi fechado por Israel , paralisando as importações e exportações . A Autoridade Nacional Palestina paga seus funcionários para ficarem em casa e nçao trabalhares para  o Hamas . ( F S P 20.09.2007 , p. A-14) .



 



ESTADO PALESTINO



 



A Secretária de Estado americana , Condoleezza Rice em Ramallah fez um apelo para que a Autoridade Palestina e Israel preparem um documento “ concreto” para a conferência de novembro de 2007 nos EUA  que abra caminho para a criação de um Estado palestino . No mesmo dia o primeiro ministro israelense disse abertamente que alguns bairros de Jerusalém poderiam passar para o controle palestino , porém os palestinos querem que Jerusalém Oriental seja integralmente devolvida aos palestinos com seus lugares sagrados .( F S P , 16.10.2007 , p. A-13) .



 



ATAQUE DE ISRAEL À SÍRIA   2007



 



Em 6 de  setembro de 2007 Israel realizou um ataque aéreo à Síria . Estranhamente  nenhum dos dois países revelaram o que foi atingido .  De acordo com funcionários de governos que tiveram acesso a relatórios de inteligência , o ataque teve como alvo as instalações de um reator nuclear parcialmente construído do mesmo tipo que a Coréia do Norte usou para produzir combustível nuclear.  O ataque é um aviso à Síria e ao Irã de que Israel não vai permitir que países vizinhos tenham possibilidade de executar um programa nuclear . ( F S P , 15.10.2007 , p. A-10) . 



 



A QUESTÃO DEMOGRÁFICA



 



O   crescimento populacional desigual entre árabes e israelenses ameaça o poder de dissuasão e põe em xeque a política de Washington e Jerusalém para a região .Enquanto a população de Israel deve passar de 6,4 para 8,5 milhões de habitantes entre 2006 e 2050 a dos seus vizinhos em conjunto deve aumentar de 138,6 para 238,3 milhões de pessoas . Com a população árabe aumentando acentuadamente , o suprimento de água deve se esgotar , além dos sérios problemas sociais do aumento da população . Da mesma forma a população palestina na Cisjordânia e na Faixa de Gaza deve aumentar de 3,9 para 9,8 milhões , muito superior aos 6,5 milhões de judeus e 2 milhões de árabes israelenses .
































































Evolução da população do Oriente Médio 1973 – 2050




País




1973




2006




2050




Israel




3,2




6,4




8,5




Líbano




2,8




3,9




5,0




Cisjord. e F Gaz.




1,1




3,9




9,8




Jordânia




1,7




5,9




11,8




Síria




6,9




18,9




34,4




Arábia saudita




6,7




27,0




48,7




Egito




35,5




79,0




127,6




Total  árabes




54,7




138,6




238,3




 Fonte: Kennedy, Paul . FSP 4.11.2007 , p. A-19 .



 



CÚPULA DE ANNAPOLIS  2007



 



Patrocinada pelo governo americano , Ehud Olmert de Israel e Mohmoud Abbas da Autoridade Nacional Palestina encontraram-se em novembro de 2007 na cidade de Annapolis, estado de Maryland nos EUA ,. Foi o primeiro encontro significativo , desde o fracasso da cúpula de Camp David em 2000 .



Da cúpula participaram representantes de 49 países , inclusive o Brasil e  22 países da Liga Árabe e em especial a adesão mais importante foi a da Síria , o que contribuiu para isolar o Irã no contexto do Oriente Médio .



O  resultado mais concreto do encontro foi a decisão pela retomada das conversações de paz interrompidas há sete anos e um  acordo para início em 12 de dezembro de conversações para a criação de um Estado palestino, mantendo a partir daí reuniões quinzenais . . 



Decidiu-se dar prosseguimento às metas estabelecidas no Mapa do Caminho e esforçar-se para chegar a um acordo antes do fim de 2008 .  O Mapa do Caminho é um acordo patrocinado pelo quarteto EUA, Rússia , União Européia e ONU , em 2003, que visava encerrar o conflito israelo-palestino até 2005 . Estabelece etapas a serem cumpridas pelos dois lados até a criação de um Estado Palestino : “Fim do terror e da violência , normalização da vida palestina e construção das instituições palestinas . Encerramento incondicional dos ataques palestinos a Israel e retirada dos assentamentos israelenses erguidos desde março de 2001 .. Uma transição pela implementação de um estado Palestino com fronteiras provisórias e atribuições soberanas  e um acordo de status permanente e fim do conflito com a criação do Estado Palestino . ( F S P, 28.11.2007 , p. A-12) .



Porém apenas uma semana depois do encerramento da cúpula, a administração israelense anunciou a abertura de licitação para a construção de 307 novas unidades residenciais no assentamento de Har Homa  criado no final dos anos 1990 . Para o governo israelense , Har Homa , faz parte da “Grande Jerusalém “ e deveria ser acrescentado a que os israelenses chamam de sua “capital unificada e indivisível” . Para os palestinos , Har Homa fica no território conquistado por Israel na Guerra dos Seis Dias ( 1967) e deve fazer parte de Jerusalém Oriental, onde os palestinos querem ter a sua capital . Cerca de 180 mil colonos israelenses vivem em Jerusalém Oriental e 267,5 mil na Cisjordânia . Israel está construindo uma barreira de segurança de 760 km , que abrange 10% da Cisjordânia ) e a margem ocidental do rio Jordão e concorda em remover apenas os colonos estabelecidos a oeste desta barreira , entre 70 a 80 mil colonos . ( F S P , 7.12.2007 , p. A-22) .



 



CONFERÊNCIA EM PARIS  2007



 



Conferência em Paris, realizada por 68 países em dezembro de 2007, terminou com o compromisso de doações de US$ 7,4 bilhões aos palestinos , escalonada em três anos , com o objetivo de dar viabilidade econômica aos palestinos . O resultado foi maior do que esperavam os próprios palestinos que era US$ 5,6 bilhões .  O chamado Quarteto ( EUA,União Européia, Rússia e ONU) , divulgou comunicado manifestando sua “preocupação” pela extensão da colonização israelense em Jerusalém Oriental  onde Israel acaba de autoriza a construção de 300 novos domicílios em terras árabes . O porta voz do Hamas , Fawzi Barhoum qualificou a conferência de “conspiração perigosa”.  O premiê israelense Ehud Olmert , reiterou que assumiria apenas compromissos que não colocassem em risco o seu país e a ministro do Exterior , Tzipi Livni a respeito dos pontos de bloqueio que dificultam a circulação de bens e pessoas na Cisjordânia , afirmou que Israel está diminuindo o bloqueio econômico de Gaza e que os pontos de controle obedecem a critério de segurança necessários . ( F S P , 18.12.2007 , p. A-14) . 



 



O FECHAMENTO DE GAZA  2008



 



No início de janeiro de 2008 , além de realizar uma ofensiva que deixou pelo menos 30 palestinos mortos , Israel manteve as fronteiras da Faixa de Gaza fechadas e bombardeou um  prédio de quatro andares onde havia funcionado o Ministério do Interior do grupo  Hamas , mas que estava desocupado  .



Foi o primeiro ataque contra um edifício governamental palestino desde que o Hamas tomou o controle da região em junho de 2007 . A operação visa diminuir o número de foguetes  Qasam , cerca de 165 foram disparados em uma semana , deixando 15 feridos . ( F S p , 19.01.2008 , p. A-16) .



Após uma semana de isolamento os militantes palestinos derrubaram parte do muro que separa a Faixa de Gaza do território do Egito, perto da passagem de Rafah . Cerca de metade da população de Gaza ultrapassou a fronteira para comprar alimentos , remédios e outras mercadorias no Egito . O governo egípcio permitiu a entrada desde que as pessoas não estivessem portando armas . ( F S P , 24.01.2008 , p. A-12) .  



Depois de três dias que o muro foi derrubado , após tolerar a entrada livre dos palestinos, e sob pressão de Israel e dos EUA , o governo egípcio tentou fechar novamente a fronteira , mas a situação já estava fora de controle . O Hamas com escavadeiras abriu novos pontos de ultrapassagem e com a multidão as forças egípcias foram obrigadas a se retirar , sendo o movimento controlado por militantes do Hamas . ( F S P , 26;01.;2008, p. A-9) .



Em 26 de janeiro os blindados egípcios bloqueavam pontos de saída da cidade de Rafah , impedindo que as pessoas avançassem ainda mais na península do Sinai . Era permitido ainda viajar até a cidade de Al Arisch , a 50 km . No dia seguinte entretanto as autoridades determinaram o fechamento do comércio em Al Arish  em face do desabastecimento e do aumento dos preços e os soldados começaram a expulsar os palestinos da cidade . ( F S P , 28.01.2008 , p. A-9) .



Segundo o governo de Israel , os palestinos aproveitaram os 11 dias que a fronteira ficou aberta para se abastecer de armamentos .



 



CERCA NA FRONTEIRA COM O EGITO



 



Para aumentar a pressão sobre a Faixa de Gaza e dificultar a entrada de militantes palestinos através do deserto do Sinai o governo israelense decidiu pela construção de uma cerca na fronteira com o Egito .



A cerca será feita de arame farpado e deverá ser imediatamente construída em duas regiões mais sensíveis , as áreas próximas ás cidades de Eilat e Nitzana . a um custo de US$ 410 milhões . Em janeiro , um ativista palestino atravessou a fronteira e se explodiu na cidade de Eilat , matando 3 pessoas . ( F S P , 7.2.2008 , p. A-18) .



 



O ATAQUE A GAZA  2008



 



No final de fevereiro de 2008 devido aos constantes ataques de foguetes contra cidades da fronteira e que atingiram até Askelon , distante apenas 40 km de Tel Aviv Israel iniciou uma ofensiva contra Gaza, para segundo o Ministro da Defesa Ehud Barak , destruir os mísseis , mas também “enfraquecer o Hamas e até derrubá-lo “ .



Com a ação , de 27 de fevereiro a 3 de março 110 pessoas morreram , dos quais dois soldados israelenses . Apenas no sábado 1 de março morreram 61 palestinos , o dia mais mortífero desde 2.000 .  A presidência da União Européia condenou o “ uso desproporcional “da força do Exército de Israel , ao qual o primeiro ministro Ehud Olmert respondeu “ Nada nos impedirá de continuar as operações para proteger nossos cidadãos . Ninguém tem o direito moral de pregar contra Israel por dar os passos básicos da autodefesa” . ( F S P , 3.3.2008 , p. A-14) .  



Em 3 de março Israel retirou os contingentes militares, segundo a Associated Press , em razão das pressões dos EUA . O Hamas interpretou a retirada como uma vitória militar e convocou um ato público comemorativo , ao qual compareceram 20 mil pessoas . ( F S P , 4.3.2008 , p. A-14) . 



 



TRÉGUA  ISRAEL -  HAMAS   2008



 



Em 12 de março de 2008 o Hamas por seu líder na faixa de Gaza Ismail Haniyeh apresentou proposta na qual ofereceu a Israel o fim do lançamento dos mísseis Qassam e de todos os demais tipos de ataque em troca de três condições principais : levante ao bloqueio a Gaza , reabertura dos postos de fronteira e fim das incursões militares .



O acordo de cessar fogo seria recíproco e simultâneo e deveria vigorar tanto na Faixa de Gaza , controlada pelo Hamas , como na Cisjordânia, controlada pela ANP .



Desde 7 de março , os militantes palestinos suspenderam o lançamento de foguetes contra o sul de Israel e o Exército israelense cessou os ataques à faixa de Gaza ,( F S P , 13.03.2008 , p. A-14) .



A proposta foi reafirmada em 24.04.2008, segundo declaração do ex-chanceler Mahmoud al Zahar . . O anúncio significa que “Israel suspenderia imediatamente toda atividade militar na faixa de Gaza, como prisões , ataques e assassinatos , enquanto o Hamas por sua vez , poria fim aos disparos de foguetes contra Israel e ao contrabando de armas para o território ( F S P , 25.04.2008 , p. A-18) . 



A trégua foi inicialmente rejeitada por Israel “ Infelizmente , isso não parece nada sério . O Hamas continua visando os israelenses e se armando “ , segundo o porta-voz israelense Mark Regev. ( F S P , 26.04.2008 , p.A-16) .



Em 17 de junho de 2008 , o governo do Egito , que vem mediando as negociações entre Israel e o Hamas anunciou ter sido obtido um cessar fogo de seis meses que passa a vigorar a partir de 19 de junho de 2008 .



A trégua , que obteve o aval de outras facções palestinas que atuam em Gaza, será implementada em duas etapas . A primeira , durando três dias com a abertura por Israel de uma passagem para Gaza para a entrada de suprimentos .



A segunda fase inclui a devolução do cabo Gilad Shalit , refém do Hamas desde 2006 e a abertura da passagem de Rafah , principal ligação da Faixa de Gaza com o Egito e a mais usada pelos mais de 1,4 milhão de habitantes de Gaza para saírem do território em busca de assistência médica ou de possibilidade de viagem ao Exterior . ( F S P , 18.06.2008, p. A17) .



A devolução de Gilad Shalit ficou complicada depois do acordo de Israel com o Hizzbollah de libertar Samir Kantar, um miliciano condenado à prisão perpétua em troca de corpos de dois soldados mortos . O Hamas anunciou que aumentará suas exigências e exigirá a libertação de muitos integrantes do Hamas que o Estado Judaico se recusa a soltar por terem “sangue nas mãos” . 



Segundo Jihad Hammad, cientista político da Universidade Al Ahzar , os arquiinimigos tendem a respeitar o trato por necessidade . “Israel compreendeu que o Hamas pode lançar foguetes, e o Hamas , que Israel pode continuar matando palestinos .”



A trégua vai permitir ao Hamas recuperar o apoio popular perdido devido ao bloqueio israelense que causou penúria de alimentos e combustível no território e pode consolidar o Hamas como interlocutor legítimo perante as potências ocidentais . ( F S P , 20.06.2008 , p. A-16) .



A trégua durou menos de uma semana . Em 24 de junho militantes palestinos dispararam quatro foguetes e um projeto de morteiro contra a cidade de Siderot . O ataque foi uma resposta do Jihad Islâmico à morte de dois militantes por forças israelenses , em Nablus, na Cisjordânia , embora o acordo só valha para a Faixa de Gaza. ( F S P , 25.06.2008 , p. A-15) .



Como resposta ao lançamento dos foguetes Israel fechou todas as passagens fronteiriças pelas quais entram suprimentos na Faixa de Gaza , apesar de formalmente a trégua continuar em vigor .



Em 26 de junho de 2008 , as Brigadas dos Mártires de Al Aqsa, ligadas ao Fatah, dispararam um foguete contra Israel a partir da Faixa de Gaza . ( F S P , 27.06.2008 , p. A-13) .



Em 29 de junho Israel reabriu os postos de Sufa ( comercial), Nahal Oz ( combustíveis ) e Erez ( passageiros) . O posto de Karni ( comercial) , continuou fechado .



Em 10 de julho de 2008 soldados israelenses mataram um palestino de 18 anos na faixa de Gaza que tentou atravessar a fronteira e não parou diante dos tiros de alerta . O Hamas prendeu sete militantes palestinos que tentavam reagir ao ataque . Três deles conseguiram disparar dois foguetes em direção a Israel . A Briga de Mártires de Al Aqsa , braço armado do Fatah , disse que o jovem era militante do grupo . ( F S P , 11.07.2008 , p. A-12) .



 



ACORDO HAMAS – FATAH  2008



 



O Hamas e o Fatah assinaram em 23.03.2008 , um acordo mediado pelo Iêmen , prometendo retomar o diálogo direto depois de meses de hostilidade, mas continuam divergindo sobre a divisão de poder na faixa de Gaza e na Cisjordânia . A chamada Declaração de Sanaa ( capital do Iêmen ) , também afirmou a “unidade do povo , do território e da autoridade palestina” . ( F S P , 24.03.2008 , p. A-12) .  



 



O HOLOCAUSTO E ISRAEL



 



Para o escritor israelense David Grossman, o holocausto “ ainda é o acontecimento mais marcante .Ele faz com que não acreditemos realmente que haja um futuro . Nossas experiências  são sempre definidas em termos totais . Ser ou não ser . Também nos tornam desconfiados e levam o outro lado a se adaptar à nossa desconfiança . E fazem da morte uma opção extremamente disponível . Conheço muitas famílias que tiveram três filhos , para que , se um deles for morto, ainda restarem dois . “



Quanto à possibilidade de um país binacional ele acha inviável . “ Não creio . Após tantos anos de ódio em negação mútua , não dá para esperar que esses dois povos convivam sob uma mesma nacionalidade . E acho muito  importante , para nós e para os palestinos , que tenhamos uma fronteira . Israel chega aos 60 anos sem fronteiras definidas , é enlouquecedor! É como viver em uma casa em que as paredes se movem o tempo todo , não dá para ter uma vida normal . E é claro que isso tem conseqüências , gera um medo permanente de que o vizinho invada o seu território . Além da tentação de invadir o vizinho . ( F S P , 19.05.2008 , p. A-16) . 



 



NEGOCAÇÕES COM A SÍRIA  2008



 



Em 21 de maio de 2008 , os governos da Síria e de Israel anunciaram , simultaneamente , o reinício das negociações de paz. Os contatos entre as duas delegações estão sendo intermediados em Ancara , por diplomatas turcos , pois não há contatos diretos entre as delegações.  .



Além da instituição de uma faixa desmilitarizada na fronteira existente antes de 1967 , Israel também exigirá que a Síria retire o apoio a grupos islâmicos radicais que ameaçam sua segurança interna como a Hamas e o Hzzbollah . Israel também deve pressionar a Síria para se afastar do Irã.  Com certeza Israel deverá devolver as Colinas de Gola, capturadas em 1967 durante a Guerra dos Seis Dias e onde assentamentos judaicos reúnem atualmente 17 mil colonos .



O diálogo rompido desde 2.000 , por desacordos em torno da devolução de Golã, foi retomado em abril quando o primeiro-ministro israelense Ehud Olmert enviou carta ao ditador sírio , Bashar al Assad , propondo o reinício dos contatos. ( F S P , 22.05.2008 , p. A-12) .



Em Paris em 13 de julho de 2008 o sírio Bashar Assad declarou à Al Jazeera que fixou como objetivo a normalização das relações bilaterais com Israel , com a troca de embaixadores ao fim das negociações . Depois ele afirmou que a paz com Israel é possível no prazo de dois anos .



O israelense Olmert declarou “começamos o diálogo com a Síria . Por enquanto ele é indireto , mas se tornará brevemente direto” . ( F S P , 14.07.2008 , p. A-13) .



 



ACORDO ISRAEL E HIZBOLLAH 2008



 



O  governo de Israel e o Hizbollah chegaram a um acordo sobre troca de prisioneiros . Pelo acordo , o Hizbollah libertaria os corpos de Udi Goldwasser e Eldad Regev , soldados israelenses capturados em julho de 2006 na fronteira entre Israel e Líbano, cujo sequestro desencadeou uma guerra de 33 dias entre as duas forças e que provavelmente devem estar mortos e em troca Israel libertaria Samir Kuntar , um libanês druso , condenado a 542 anos de detenção pela morte do israelense Danny Haran de 28 anos, sua filha de quatro Anat  e um policial  em 1979 e outros quatro membros do Hizbollah. ( F S P , 27.05.2008 , p. A-14) .    



Em 1 de junho Israel libertou Nasin Nisr após cumprir sentença de seis anos e que foi recebido como herói em Naqoura, sul do Líbano e que continuará a trabalhar para o Hizbollah . Por sua vez o Hizbollah , por intermédio da Cruz Vermelha , devolveu para Israel os supostos restos mortais de soldados mortos na guerra de 2006, enviados à perícia para confirmação de sua autenticidade . ( F S P , 1.6.2008 , p. A-14) .



O governo de Israel concordou em libertar Samir Kuntar . A decisão de libertar Samir foi difícil pelas características do crime cometido, pois trata-se de condenado com “sangue nas mãos” como se diz  .



Pouco depois da meia noite de 22 de abril de 1979 , Samir kuntar , 16 anos, um druso libanês desembarcou em um bote em uma das praias de Nahariya , em companhia de outros três combatentes da Frente Popular pela Libertação da Palestina. Os quatro mataram um policial e invadiram um edifício , seqüestrando Danny Haran e sua filha de quatro anos Anat, que foram levados a uma praia próxima .



Segundo testemunhas, Kuntar matou Haran diante de sua filha e depois arremessou a cabeça da menina contra uma pedra e esmagou seu crânio com a coronha do rifle . O ataque é considerado pelos israelenses um dos mais cruéis da história . Smadar Haran , a mulher de Danny , se escondeu em um canto do apartamento com sua filha de dois anos e acidentalmente a sufocou e matou , em seu esforço para impedir que a menina chorasse . .



Ainda que Israel tenha um retrospecto de trocar grande número de prisioneiros por seus solados capturados , a perspectiva de trocar o mais desprezado prisioneiro do país por cadáveres causou indignação .   O premiê Ehud Olmert afirmou “ pagamos um alto preço para cumprir com nossas obrigações em relação a nossos soldados “



Israel também concordou em libertar quatro outros prisioneiros libaneses, dezenas de corpos e um número não revelado de prisioneiros palestinos .



Em troca , o Hizbollah deverá devolver os corpos de dois soldados mortos por guerrilheiros , Ehud Goldwasser e Eldad Regev, que foram capturados pelo Hizbollah em 2006 , numa incursão que deu início a um mês de intensos combates no Líbano entre o grupo e as tropas israelenses .



. Receberá também partes de corpos de outros soldados mortos na guerra do Líbano e um relatório completo do Hizbollah sobre Ron Arad, um piloto israelense que está desaparecido desde que seu avião caiu no Líbano , em 1986 . O Hizzbollah cumpriu parcialmente  esta parte , confirmando a morte do piloto .



Críticos , afirmam que a decisão poderá incentivar as milícias a matar soldados  cativos. Dizem ,também ,que o Hizbollah vai aproveitar a ocasião para declarar vitória . Olmert insistiu no acordo citando o compromisso moral de Israel com soldados mortos e cativos :” Desde crianças , somos ensinados que não abandonamos nossos feridos no campo de batalha e que não deixamos nossos soldados sem fazer tudo o que podemos para libertá-los” . ( F S P , 30.06.2008 , p. A-13) .



Smadar Haran , a viúva e mulher de Danny, morto por Kuntar e ainda viva afirmou “ O que aconteceu a mim e à minha família será sempre parte de minha dor pessoal , mas isso não significa que eu não seja capaz de ver a dor alheira , a das famílias Goldwasser e Regev.” . A mãe de Miki Goldwasser, conduziu uma campanha agressiva antes o governo em favor da troca . Ela sabia que as chances eram modestas , mas mantinha alguma esperança de que seu filho pudesse voltar vivo , mas esta esperança não se concretizou .



Em 16 de julho de 2008 , Israel e o Hizbollah selaram uma histórica troca de cadáveres e prisioneiros . Israel recebeu os corpos de Ehud Goldwasser e Eldad Regev  Em troca , Israel entregou os cadáveres de cerca de 200 militantes libaneses e de outros países árabes, enterrados em cemitérios de combatentes inimigos . Israel soltou ainda quatro militantes do Hizbollah e o libanês Samir Kuntar .



Para os críticos , além  do Hizbollah sair fortalecido no episódio , não cumpriu a promessa de fornecer um relatório completo sobre Ron Arad  . Os cinco prisioneiros libertados foram tratados oficialmente como “heróis nacionais”  e recebidos em Beirute pelo presidente Michel Suleiman e pelo premiê Fuad Siniora . Depois atravessaram a capital em cortejo até um bairro xiita da periferia onde uma multidão eufórica os esperava . ( F S P , 17.07.2008  , p. A-14) .



Em uma clara demonstração de como será difícil chegar a uma situação de paz na região , os quatro militantes indultados e Samir Kuntar visitaram o túmulo de Imad Mughniveh, morto em fevereiro de 2008 em um atentado atribuído ao serviço secreto israelense e Kuntar afirmou “ Juramos por Deus que continuaremos seu caminho e não iremos recuar até conseguir a mesma estatura que Deus lhe concedeu” .  Por sua vez , Goldwasser e Regev foram enterrados em um cemitério militar ao norte de Israel, sob clima de grande comoção nacional . ( F S P , 18.07.2008 , p. A-17) .



 



PEDIDO DE SAÍDA DE OLMERT  2008



 



O ministro da Defesa e líder do partido Trabalhista , Ehud Barak , apelou em 28 de maio de 2008 , para que o primeiro-ministro Ehud Olmert se afaste do  cargo em razão de suspeita de corrupção .Caso Olmert não renuncie ou se licencie , seu partido , principal aliado do Kadima , abandonará o governo , para forçar a antecipação de eleições previstas para 2010 .



No dia 27 o milionário americano Morris Talansky disse em depoimento ter entregue US$ 150 mil em espécie para Olmert quando ele era prefeito de Jerusalém ou Ministro da Indústria e Comércio . Também comentou os hábitos fúteis e luxuosos do então amigo . Olmert também é acusado de ter usado para duplo reembolso , notas fiscais de viagens ao exterior . ( F S P , 29.05.2008 , p. A-14) .



Em 21 de setembro de 2008 , Olmert apresentou formalmente seu pedido de demissão , mas deverá permanecer interinamente no cargo até que sua provável sucessora , a ministra das Relações exteriores , Tzipi Livni , consiga montar uma nova coalizão . ( F S P , 22.09.2008, p. A-16) .



 



ATAQUE AO IRà



 



Shaul Mofaz, ministro dos Transportes de Israel e vice-primeiro-ministro declarou que “ se o Irã prosseguir em seu programa para obter armas nucleares , nós o atacaremos . As sanções [ votadas por duas vezes pelo Conselho de Segurança da ONU ] não tem dado resultados” . Mofaz , acrescentou ser “inevitável “ a intervenção israelense . ( F S P , 7.6.2008 , p. A-23) .



Em junho de 2008 Israel efetuou uma simulação sobre o Mediterrâneo , com centenas de caça-bombardeios e helicópteros de resgate para ataque a um alvo a 1450 km de distância , a mesma entre as bases israelenses e a usina de Natanz, onde o Irã enriquece urânio .



No final de junho o jornal inglês “The Guardiam” , publicou que Israel considera atacar o Irã antes do fim do mandato de Bush em janeiro de 2009 . O cálculo é que , se o democrata Barack Obama vencer as eleições americanas , a Casa Branca poderá trazer Teerã à mesa de negociações , derrubando parte dos argumentos para uma ação militar que sem aval dos EUA dificilmente ocorreria . ( F S P , 1.7.2008 , p. A-10) .



Diante da atuação situação no Oriente Médio é pouco provável que os EUA concordem com um ataque ao Irã . O petróleo bate recordes de preço e os EUA já comprometeram muito suas tropas no Iraque . O Irã já avisou que caso seja atacado fechará o estreito de Hormuz, por onde passa diariamente 40% da produção mundial de petróleo .



 



ISRAEL LOCAL PERIGOSO



 



É a tese de Philip Roth  em “Operação Shylock” . Para ele o sionismo foi importante para garantir aos judeus uma casa depois das atrocidades cometidas pelas nazistas na Segunda Guerra Mundial . Mas ,  ao” concentrar “os judeus num único espaço, Israel converteu-se, irônica e tristemente , no local mais perigoso para eles .



Para João Pereira Coutinho , Auchwitz foi a conclusão lógica de um longo processo de desumanização anti-semita que já era anterior à subida de Hitler ao poder em 1933 .



Este anti-semitismo existe atualmente no Islã e aparece na imprensa popular , onde os judeus  aparecem como seres “conspirativos” , “decadente” , “´parasitários” . Os “`Protocolos dos Sábios do Sião”, documento forjado pelas autoridades czaristas no século 19 para legitimar as perseguições antijudaicas, continua a servir de base para telenovelas no Egito . O livro “Mein Kampf “ de Hitler , vende-se com sucesso nas livrarias de Teerã . O filme “A Lista de Schindler” de Spielberg, continua proibido no Islã .



Portanto, a posse de armas nucleares pelo Irã , ou seja, a possibilidade de organizações terroristas terem acesso a elas , pode destruir fisicamente Israel ; e mesmo que a bomba não seja usada , a sombra dessa possibilidade acabará por destruir econômica e até psicologicamente o Estado judaico .



  Por isso a tese de Roth de que depois do “sionismo” , é preciso revitalizar o “diasporismo” , ou seja, permitir que os judeus de ascendência européia possam regressar à Europa, escapando assim da aniquilação nuclear . ( João Pereira Coutinho, F S P , 22.07.2008 , p. E-8) .



 



CONSOLIDAÇÃO DO HAMAS



 



Ao contrário do que esperavam Israel e os Estados Unidos, os moradores da Faixa de Gaza não se revoltaram contra o grupo e a autoridade do Hamas se espalhou por todos os aspectos da vida , incluindo o Judiciário .



Amaldiçoar a Deus em público , algo muito comum nesta faixa de terra sob cerco , agora pode levar à prisão . Beijar em público também . Um juiz determinou que um banco não poderia cobrar juros sobre uma dívida de dez anos, porque o Islã proíbe a usura .



Gaza sempre foi pobre a piedosa , diferente da Cisjordânia mais secular e próspera . Um ano de governo do Hamas aprofundou estas características . Mais mulheres andar cobertas, mais homens usam barba , sites da Internet são filtrados e manifestações de outros grupos estão na maior parte banidas.



A dominação do Hamas há um ano não foi um golpe pois o Hamas estava forte , enraizado na sociedade palestina e o Fatah estava fraco e corrupto . Mesmo os que detestam o Hamas , dizem que há mais segurança . Segundo Eyad Serraj, psiquiatra formado no Reino Unido , “ O Hamas é brutal , mas muito eficiente . Eles estão distribuindo vales de gás . Eles obrigaram as pessoas a pagar para registrar seus carros e a pagar as contas de luz, o que por anos todos se recusavam a fazer. A cidade e os hospitais estão mais limpos “ . ( F S P , 16.06.2008 , p. A-10) .



 



TRÉGUA COM O HAMAS



 



Em 19 de junho de 2008 , sob mediação do Egito, Israel e o Hamas acertaram uma trégua por seus meses , até 19 de dezembro .



 



 



NEGOCIAÇÕES COM OS PALESTINOS



 



No Encontro de 43 governantes da União do Mediterrâneo , idealizada pelo presidente francês Nicolas Sarkozy , o primeiro-ministro israelense Ehud Olmert afirmou que israelenses e palestinos nunca estiveram tão perto de chegar à paz . Por sua vez Mahmoud Abbas, presidente de Autoridade Nacional Palestina afirmou que as negociações são “sérias” e que a paz é o objetivo das duas delegações . ( F S P , 14.07.2008 , p. A-13) . Israel precisa estabilizar suas relações com os palestinos e com a Síria pois sua maior ameaça é o Irã .  amaHa



Em 25 de agosto de 2008 Israel libertou 198 prisioneiros palestinos como “gesto de boa vontade” para reforçar as negociações de paz . É a primeira vez que Israel liberta sem contrapartida palestinos com “sangue nas mãos” , pois entre os libertados estão dois que cumpriam pena de prisão perpétua há 30 anos por atentados que causaram morte de israelenses . Nenhum prisioneiro do Hamas foi libertado , apenas da ANP . ( F S P , 26.08.2008, p. A-16) .



Para o rei Abdullah 2º da Jordânia , “ as conversas tem ocorrido nos últimos meses , mas sem muito efeito . Isso acontece porque há uma grande falta de conexão entre o que Israel diz que quer e o que Israel faz na prática . Israel disse que busca um Estado palestino. Isso é retórica . A realidade é um pouco diferente : construção de assentamentos e asfixia financeira da economia palestina .. Também precisamos de  mais unidade palestina . Um fronte dividido [ entre o Fatah de Abbas e o Hamas , que governa a faixa de Gaza] é uma desculpa para a inatividade por parte de Israel e para que a comunidade internacional diga que não há ninguém com quem negociar .E precisamos que a comunidade internacional se envolva . Não haverá progresso sem ela . ( F S P , 23.10.2008 , p. A-21) .



 



FIM DA TRÉGUA COM O HAMAS



 



Em 5 de novembro um ataque aéreo preventivo de Israel na Faixa de Gaza , para destruir um túnel supostamente construído pelo Hamas para seqüestrar soldados israelenses, gerou reação do grupo que voltou a disparar foguetes contra Israel .



A ministra das Relações Exteriores de Israel , Tzipi Livni , deu em 7 de dezembro por encerrada a trégua com o Hamas  e instou o ministro da Defesa , Ehud Barak , a “atuar” , em vez de negociar a extensão do acordo que vence em 19 de dezembro . A trégua tem sido abalada pelo lançamento de foguetes  contra o território israelense e pela ação de Israel contra militantes islâmicos em Gaza . Israel apertou o cerco ao território , dificultando a passagem de suprimentos , que tem sido contrabandeados de túneis  cavados na fronteira com o Egito . ( F S P , 8.12.2008 , p. A-10) .



O líder do Hamas no exílio , Khaled Meshaal , que vive na Síria disse a uma televisão sediada no Líbano “ Levando-se em conta que o inimigo não respeita seus compromissos e mantém o assédio contra o nosso povo , a trégua acaba no dia 19 e não será renovada “ . ( F S P , 15.12.2008 , p. A-14) .



No dia anterior ao fim da trégua, um porta-voz do Hamas afirmou “Não há possibilidade de renovação da trégua com Israel . O inimigo sionista a destruiu . Temos agora o direito de responder a qualquer agressão sionista contra o povo palestino “ ( F s P , 19.12.2008 , p. A-10) .



 



OS EXTREMISTAS JUDEUS



 



Desde a década de 1970 fanáticos judeus começaram a se instalar em Hebron ,na Cisjordânia , Palestina para os palestinos e Judéia para os judeus ,  movidos pelo furor divino de recuperar para Israel a terra onde acreditam que foi sepultado o patriarca bíblico Abraão . Cerca de 600 habitantes vivem em um enclave , entre uma população árabe de 170.000 pessoas . Cerca de 250 pessoas , comandadas por Daniella Weiss , defensora radical da ocupação de terras palestinas , ocuparam um casarão , supostamente comprado de um proprietário palestino . Casa da Paz para os partidários e Casa da Discórdia para os adversários . O caso foi parar na Suprema Corte de Israel, que mandou desocupar o lugar , desocupação feita pelo exército israelense com o uso de força . ( Veja, 10.12.2008 , p. 47) .



 



LIBERTAÇÃO DE PRISIONEIROS PALESTINOS  2008



 



Em 15 de dezembro de 2008 , Israel libertou 227 presos palestinos como gesto de boa vontade com o presidente da ANP , Mahmoud Abbas . Nenhum dos anistiados é membro do Hamas . Ainda há 11 mil prisioneiros palestinos em Israel . ( F S P , 16.12.2008 , p. A-15) .



 



SITUAÇÃO DOS PALESTINOS NA FAIXA DE GAZA



 



Mais de 90% dos 1,5 milhão de habitantes do território são pobres e metade da população ativa não tem renda fixa . Dois terços dos cerca de 110 mil empregos que existiam no comércio desapareceram nos últimos anos . O bloqueio de 2007 acirrou a crise . Das 3.900 empresas locais de 2005 , sobraram menos de 200 .



Com o colapso do sistema de esgotos , os dejetos acabam sendo despejados  no mar , tornando insalubres as praias mediterrâneas e aniquilando a fonte de lazer preferida da juventude local .Só há eletricidade durante metade do dia . Calcula-se que 80% dos moradores atuais sejam membros de famílias antes estabelecidas no que viria  a ser Israel . Gaza após os acordos de Oslo em 1993 viveu seus melhores momentos . Hotéis foram construídos no calçadão à beira mar e investimentos foram feitos em agricultura e pesca . O novo Parlamento e alguns ministérios da recém criada ANP ali se instalaram . Um novo aeroporto foi inaugurado em 1997 . A circulação era livre entre Gaza e a Cisjordânia .



A situação se degradou com a Segunda Intifada em 2000 . Israel apertou o cerco e isolou os territórios ocupados . O Hamas se fortaleceu, graças a uma extensa rede de amparo social . Ganhou as eleições e expulsou o Fatah e o confronto total com Israel levou à atual situação que não para de piorar . ( F S P, 4.1.2009 , p. A-12) .



 



ASSENTAMENTOS OBSTÁCULOS À PAZ



 



Os assentamentos começaram a ser construídos logo depois da Guerra dos Seis Dias em 1967 , em que Israel conquistou terras da Jordânia , do Egito e da Síria . Relatório secreto publicado em fevereiro de 2009 pelo jornal “Haaretz” mostrou que os assentamentos continuaram a ser ampliados em terras privadas de palestinos enquanto Ehud Olmert negociava com o presidente da ANP , Mahmoud Abbas .



Alheios às críticas internacionais , a maioria dos colonos só espera uma ordem do governo para construir . Os assentamentos na Cisjordânia constituem-se no maior obstáculo para um acordo de paz . Muitos assentados crêem em missão divina . ( F S P , 8.2.2009, p.A-17) .



Contrariando o compromisso assumido com os EUA de congelar a expansão dos assentamentos na Cisjordânia , Israel confiscou 1,7 km2 de terras palestinas , abrindo caminho para ampliar uma colônia perto de Jerusalém , segundo revelou o jornal “Haaretz” . A área , declarada “terra do Estado”, é contígua ao assentamento de Efrat e nela serão construídas 2.500 casas . ( F S P , 17.02.2009, p. A-11) .



Em 2 de março de 2009 , a ONG israelense Paz Agora , divulgou um relatório segundo o qual autoridades israelenses têm planos para a construção de 73 mil novas unidades habitacionais em assentamentos na Cisjordânia , apesar de só uma fração deles ter sido aprovada . Já foi aprovada a construção de 15.156 novas unidades , das quais 8.950 já estão prontas . Se todos os planos forem implantados , irá dobrar o número de colonos nos territórios palestinos . (F S P , 3.3.2009, p. A-17)



Em 21 de maio o governo israelense ordenou a destruição do assentamento de Maoz Esther . Horas depois da destruição , os colonos , muitos deles judeus radicais , usaram uma escavadeira para aplainar novamente o terreno , primeiro passo para a reconstrução das casas . ( F S P, 22.05.2009, p.A-13) .



Em 23 de agosto  de 2009 a ONG Peace Now em relatório disse que a construção de assentamentos na Cisjordânia continua , apesar dos anúncios do governo de que suspendeu a construção de novos projetos de moradia. Segundo a organização, os assentados judeus encontraram maneiras de burlar o congelamento com construções ilegais ou baseadas em projetos antigos , que haviam sido aprovados há 25 anos . A construção de 596 novos prédios em assentamentos começou na primeira metade de 2009 . ( F S P , 24.08.2009, p. A-16)



Em 14 de setembro de 2009 , Binyamin Netanyahu disse à comissão de Defesa e  Relações Exteriores do Parlamento “ Eles [EUA] pediram o congelamento total [ das colônias]  e respondemos não . Disse aos americanos que vamos considerar reduzir a extensão das construções (...) e por tempo limitado . Mas é necessário um equilíbrio entre avançar nas negociações e permitir aos habitantes [das colônias] que sigam com sua vida normal . “ Segundo ele, Jerusalém Oriental “não é um  assentamento” e que as construções ali, “continuarão normalmente” ( F S P , 15.09.2009, p. A-14) .



 



ELEIÇÕES EM ISRAEL  2009



 



O sistema partidário israelense é pulverizado entre uma dúzia de partidos , o maior deles com apenas 28 deputados em um Parlamento de 120 cadeiras o que faz com que as alianças sejam fluidas .



Está em ascensão o político populista Avigdor Lieberman , um imigrante vindo  da Moldávia em 1978 não se opõe à criação de um estado palestino, mas não quer cidadãos árabes dentro do estado judeu . Sua proposta é a troca de áreas fronteiriças de Israel com grande população árabe, por territórios ocupados por colonos judeus na Cisjordânia . Ele ainda quer condicionar a cidadania israelense a um juramento de lealdade ao Estado . Um princípio básico da democracia em Israel é o usufruto de direitos iguais por judeus e árabes , que são dispensados de servir nas Forças Armadas e este  princípio será quebrado . Os árabes-israelenses são 1 milhão em 7 milhões de habitantes .



O problema é que a fórmula terra por paz , velha bandeira do Partido Trabalhista já não anima a população . Em 2.000 Israel ofereceu a volta ás fronteiras de 1967 e a divisão de Jerusalém, mas Arafat não apenas recusou como iniciou uma nova intifada .



Depois as tropas israelenses deixaram o sul do Líbamo e a Faixa de Gaza e nos dois casos o resultado foram saraivadas de mísseis e ataques terroristas do Hezbollah e do Hamas . Ou seja, a leitura feita em Israel é a de que a desocupação de territórios só leva a novas guerras . ( veja, 18.02.2009, p. 78-79) . 



Em 20 de fevereiro o presidente Shimon Peres , conforme a tradição , entregou uma carta oficializando o pedido  para chefiar o governo , logo após a última rodada de negociações com líderes dos 12 partidos que formarão o Knesset , o Parlamento israelense unicameral .



Netanyahu , foi escolhido, apesar de seu partido , o Likud não ter sido o mais votado , algo inédito . O kadima, liderado pela chanceler Tzipi Livni , obteve uma cadeira a mais 28, contra 27 do Likud . A volta de Netanyahu ao poder , ele  já foi premiê linha dura entre 1996  e 1999 , foi garantida pelo apoio do partido ultranacionalista Israel Beitenu , terceiro colocado na eleição , com 15 cadeiras .



Netanyahu rejeita abertamente a solução de dois Estados que norteia as conversações de paz no  Oriente Médio , desde os acordos de Oslo , de 1993 . É contra a devolução dos territórios ocupados por Israel na Guerra de 1967 e defende a expansão das colônias israelenses , contrariando determinações da ONU, endossadas até pelos EUA. Defende o modelo de “paz econômica”, com a criação de zonas econômicas palestinas autônomas . ( f s P , 21.02.2009, p. A-7) .



Em 24 de março o Partido Trabalhista decidiu aceitar o convite do virtual premiê , Binymin Netanyahu, para integrar uma coalizão de governo dominada por siglas direitistas . Com as 13 cadeiras , a base do Likud passa a ter 66 das 120 cadeiras do Knesset o que lhe garante a maioria necessária  para governar .. ( F s P , 25.03.2009, p. A-12) .



A rádio do Exército israelense noticiou em 25 de março que Netanyahu concluiu com o líder do Israel Beitenu , Avigdor Liberman , um acordo, verbal e secreto, para não irritar Washington – para expandir assentamentos numa área vizinha de Jerusalém Oriental ( árabe) . Conhecida por setor E1, a  área de 12 km2 , seria incorporada à colônia de Maale Adumim, a segunda maior construída por Israel na Cisjordânia , com 33 mil habitantes . Atualmente congelados , os planos de expansão prevêem a construção de 3.500 residências , um  complexo comercial e a transferência da sede da polícia da região para o E1.( F S P , 26.03.2009, p. A-18) .



Por sua vez , o Cairo não esconde sua irritação com a escolha para chanceler do ultradireitista Avigdor Liberman , que em 2008 mandou “ ao inferno” , o ditador egípcio Hosni Mubarak  caso ele não visitasse Israel . Liberman já era detestado no Egito por ter sugerido, em 1999 , que a represa de Assua , no Nilo, fosse bombardeada para inundar o país . Segundo o analista israelense Imad Gilad, “ pode haver uma nova guerra fria entre os dois países , como no primeiro mandato de Netanyahu ( 1996-99) . ( F S P , 26.03.2009, p. A-18) .



 



 



MOVIMENTO DE RECUSA AO SERVIÇO MILITAR



 



Movimentos como o dos “Shministim “ ( estudantes secundaristas) , se recusam a cumprir o serviço militar , alegando objeção de consciência . No front oposto , há movimentos que defendem que o fardo recaia igualmente sobre os ombros de todos os cidadãos israelenses . Apesar de obrigatório, o recrutamento militar dispensou em 2007 e 2008 cerca de 34% dos jovens em idade de servir . Além dos que vivem fora do país  e judeus ortodoxos ( isentos da obrigação) , são liberados pessoas com antecedentes criminais , ou problemas médicos ou psicológicos . ( F S P , 1.3.2009, p. A-22) .



 



NEGOCIAÇÕES COM A SÍRIA  2009



 



Em 9 de março de 2009 o presidente sírio , Bashar al Assad afirmou ao jornal “Al Khaleej”, dos Emirados Árabes Unidos “ Oferecemos [a Israel] a opção de uma paz abrangente e um acordo de paz que não terá valor real em campo . Há uma diferença entre um acordo de paz e a paz propriamente dita . Um acordo de paz é uma  folha de papel que se assina . Isso não significa comércio, relações normais, fronteiras ou qualquer outra coisa . “ Assad está sugerindo que as colinas de Gola teriam de ser devolvidas como condição prévia para um tratamento abrangente , que não seria fechado sem uma resolução do conflito israelo-palestino .



“Nossa população não vaia aceitar isso , especialmente porque vivem em nosso país meio milhão de palestinos cuja situação continua sem ser resolvida . Nessas condições , é impossível ter paz no sentido natural do termo”. ( F S P , 10.03.2009, p. A-13) .



 



POSSE DE NETANYAHU  2009



 



O Knesset oficializou em 31 de março de 2009, Binyamin Netanyahu como premiê , por 69 votos contra 45 . Com 30 cargos ministeriais , ele chefiará o gabinete com maior número de pastas nos mais de 60 anos de história do Estado de Israel



O novo governo é um amplo e heterogêneo grupo , composto por um partido religioso ortodoxo ( Shas) , um religioso nacionalista ( Casa Judaica) , um ultranacionalista ( Israel Beitenu) , um de centro-esquerda ( Trabalhista) e pelo conservador Likud.



Para acomodar aliados , Netanyahi criou novas pastas . ( F S P, 1.4.2009, p. A-12) .



 



FIM DE PLANO PARA ESTADO PALESTINO



 



O novo chanceler , o ultranacionalista Avigdor Liberman , líder do Israel Beitenu, terceiro maior partido no Parlamento , em seu primeiro discurso disse que o novo governo israelense rejeita as atuais negociações de paz com os palestinos , norteadas pela solução de dois Estados para dois povos . “Aqueles que pensam conseguir respeito e paz por meio de concessões estão errados . É o contrário : [ concessões] só causarão mais guerra” . Segundo ele , Israel não tem obrigação de seguir a Declaração de Anápolis : “[O texto] não foi ratificado no Parlamento israelense e, portanto, não tem validade”. Para ele, o único acordo respeitado pelo novo governo é o Mapa do Caminho , assinado entre Israel e a Autoridade Palestina em 2003, patrocinado pelo governo de George W. Bush e que não falava em objetivos finais para as negociações e enfatizava a exigência para que a ANP reprimisse os militantes radicais . ( F s P , 2.4.2009, p. A-15)  



Libeman , em entrevista publicada no “Haaretz “ , ainda afirmou “ Não há resolução sobre as negociações com a Síria e já dissemos que não aceitamos uma retirada de Gola “ . (  F S P ,03.04.2009, p. A-11) . “Quem quer a paz precisa se preparar para a guerra . Erra quem pensa que fazendo concessões ganhará respeito e paz . Ao contrário : elas levam a mais guerras “ . ( Veja, 8.4.2009 , p.61) .



 



EUA ENDOSSAM PLANO DA LIGA ÁRABE



 



O enviado especial dos EUA para o Oriente Médio, George Mitchell, após encontro com o presidente da ANP, Mahmoud Abbas, em Ramallah , declarou “ Os EUA estão comprometidos com a criação de um Estado Palestino soberano e independente, onde as aspirações do povo palestino de controlar seu destino se tornem reais . Queremos que a iniciativa Árabe de Paz seja parte desse esforço “ . Isso significa o apoio americano ao plano de paz surgido na Cúpula Árabe de 2002, que tem o endosso das 22 nações da Liga Árabe e oferece a Israel a paz definitiva  com todos os países da região , em troca da retirada dos territórios ocupados em 1967 , e da criação de um Estado Palestino , com capital em Jerusalém Oriental . ( F S P , 18.04.2009, p. A-15) .



Para o diplomata , Stéphane Hessel, com 92 anos , “Hoje , todos os que pensam esse problema com seriedade dizem que só há uma solução : dois Estados . É preciso que exista um Estado Palestino que disponha de soberania e independência , isto é, ter contato com o resto do mundo , não viver com fronteiras fechadas , poder haver comunicação entre Gaza e Cisjordânia , dispor de uma capital que só pode ser Jerusalém Oriental e encontra uma solução para o retorno dos  numerosos refugiados “. Para ele não querem o Estado Palestino “ em primeiro lugar os israelenses . Eles não têm nenhuma confiança , dizem: ‘Os palestinos são nossos inimigos , querem nos jogar no mar e dar a eles um Estado é extremamente perigoso para nós, por que aceitaríamos o que a ONU e o mundo querem nos impor? ‘” .(F S P , 17.05.2009, p. A-26) .



 



ISRAEL E IRÃ



 



Em encontro com Barak Obama , o presidente de Israel, Shimon Perez , cuja função é mais cerimonial , pressionou pelo foco na ameaça de um Irã nuclear . “ O Irã não é uma ameaça só a Israel, mas a todo mundo . Se a Europa tivesse lidado seriamente com Htler , o Holocausto e a perda de milhões de vidas poderiam ter sido evitadas” . Em reunião com a secretária Hillary Clinton , Peres declarou que Israel não dará “ultimatos” aos EUA no tema . “Se querem diplomacia , espero que tenham sucesso” .



Já o chancelar israelense , o ultranacionalista Avigdor Liberman, foi menos sutil. Na mesma tarde , ele afirmou na França que o Ocidente deve dar três meses para tentativas diplomáticas com Teerã sobre o programa nuclear . Se Teerã não responder no prazo , “uma ação terá de ser tomada” . ( F s P , 6.5.2009, p. A-12) .



 



CONTROLE DE JERUSALÉM



 



O governo de Israel , sem alarde , está levando adiante um plano de US$ 100 milhões para revitalizar alguns dos mais importantes sítios religiosos localizados ao lado da Cidade Velha de Jerusalém , como parte de um esforço para reforçar o status da cidade como capital do Estado Judaico .



O plano de desenvolvimento foi lançado em 2005 . O governo afirma “ Jerusalém é a capital eterna do povo judeu há cerca de 3.000 anos e vai continuar a ser a capital unida do Estado de Israel . Sob a soberania israelense , pela primeira vez na história de Israel , as diferentes comunidades religiosas vêm gozando liberdade de culto , e os sítios sagrados de todas as religiões vem sendo protegidos .



A ONG israelense Paz Agora, contrária às colônias afirma que o plano visa criar “ um parque turístico ideológico” que tornará ainda mais difícil dividir Jerusalém como parte da solução de dois Estados .( F s P, 11.05.2009, p. A-12) .



Netanyahu em uma cerimônia que comemorou os 42 anos de captura por Israel da parte árabe da cidade em 1967 afirmou “ Uma Jerusalém unida é a capital de Israel . Jerusalém foi e sempre será nossa . Não deverá nunca ser dividida e desunida novamente “ .



O negociador chefe palestino, Saeb Erekat rebateu “ O senhor Netanyahu está dizendo que o estado de conflito será eterno “ . ( F S P, 22.05.2009, p.A-13) .



Em 19 de julho Netanyahu rejeitou pressões dos EUA para interromper a construção de assentamentos judaicos em Jerusalém e disse que a soberania israelense sobre a cidade não está em discussão . “Não podemos aceitar o fato de que judeus não possam estabelecer-se em qualquer lugar de Jerusalém” . ( F s P , 20.07.2009, p. A-13) .



Em 21 de julho , em comunicado, a União Européia pediu que Israel interrompa as ações “provocativas”  em Jerusalém , mencionando que a demolição de casas palestinas e a expansão para o lado oriental das cidade iria “ameaçar as chances de paz”.



Segundo a ONU, milhares de palestinos habitantes da região estão ameaçados de despejo , já que há 1.500 ordens de demolição contra edificações construídas sem autorização da Prefeitura de Jerusalém .A idéia da ação israelense é construir novas casas para “judaizar” Jerusalém Oriental, o que minaria a ambição palestina de instalar no local a capital de seu Estado. ( F S P , 22.07.2009, p. A-13) .



“Em nenhum outro lugar, o passado reverbera no presente de maneira tão profunda.”Revista Superinteressante, referindo-se &
12539;cidade de Jerusalém,02/2008



 



ENCONTRO OBAMA – NETANYAHU  2009



 



Em encontro na Casa Branca em 18 de maio de 2009 , o presidente Barak Obama declarou “ Eu disse antes e vou repetir que é do interesse não só dos palestinos , mas dos israelenses e dos EUA alcançar uma solução de dois Estados . O progresso nessa frente está estacionado , e eu sugeri ao primeiro-ministro que ele tem uma oportunidade histórica de conseguir um movimento sério quanto a essa questão .



Por sua vez Netanyahu afirmou “ Não queremos governar os palestinos . Queremos viver em paz com eles . Se nós retomarmos as negociações então eu acho que os palestinos vão ter de reconhecer Israel como um Estado judaico .



 No mesmo dia , o governo israelense anunciou a abertura de uma licitação para a construção de casas em um terreno militar na Cisjordânia , na área conhecida como Maskiot que deve abrigar inicialmente 20 famílias judaicas .  ( F S P , 19.05.2009, p. A-10) .



Ao retornar de Washington o premiê Netanyahu afirmou “ Eu disse { a Obama} que estava aberto a iniciar imediatamente diálogos sobre paz com os palestinos e com os sírios , é claro, sem precondições . Mas deixei claro que qualquer acordo de paz deve atender às necessidades de segurança de Israel “ . ( F S P , 21.05.2009, p. A-13) .



Em 24 de maio Netanyahu declarou “ O pedido de uma parada total para construir ( na Cisjordânia}  não é algo que possa ser justificado e que alguém aqui nesta mesa aceite” . Também expressou reservas quanto à existência de um Estado Palestino “ Claramente devemos manter algumas reservas sobre um Estado Palestino . Essas coisas foram claramente expostas ao presidente [Obama] em Washington” . ( F s P , 25.05.2009, p. A-11) .



 



ENCONTRO OBAMA ABBAS  2009



 



Em 28 de maio de 2009 em entrevista conjunta após encontro com o presidente da ANP , Mahmoud Abbas, em Washington , Obama voltou a dedender o congelamento da expansão dos assentamentos judaicos . O Plano de paz prevê “ o fim dos assentamentos e a garantia de que haja um Estado palestino viável” . Hillary Clinton no dia anterior usou a retórica mais dura entre os dois aliados em mais de duas décadas . O presidente foi “muito claro” , sobre o congelamento geral e irrestrito :” Não alguns assentamentos , não postos avançados , sem exceção para crescimento natural “ .



Netanyahu prometeu a remoção de 26 dos 121 assentamentos , localizados na Cisjordânia e em Jerusalém , mas afirmou que há que se respeitar a expansão natural dos já existentes . O porta-voz do governo israelense , Mark Regev afirmou- “Israel vai respeitar seu compromisso de não construir novos assentamentos e destruir postos avançados . Quanto aos já existentes , seu destino vai ser determinado nas negociações finais entre Israel e os Palestinos . Nesse ínterim , deve-se permitir que a vida normal siga nessas comunidades” .



Em 1 de junho Netanyahu disse ao Parlamento israelense “ Congelar a vida { nos assentamentos } não seria razoável” , defendendo que as colônias existentes devem se expandir para acomodar famílias em crescimento . ( F S P 2.6.2009, p. A-13) .



No encontro com Abbas Obama disse que os palestinos também deveriam fazer sua parte , garantindo segurança na Cisjordânia e diminuindo  o sentimento anti-israelense reinante em mesquitas e escolas . Abbas concordou com os dois pedidos , mas não tem comando sobre Gaza . ( F S P , 29.05.2009, p. A-10)



Abbas em 29 de maio afirmou “ Os americanos são os líderes do mundo e podem usar seu peso contra quem eles quiserem(...) Eles deveriam dizer aos israelenses :’Agora tratem de cumprir com suas obrigações ... Esperarei até o Hamas aceitar suas obrigações internacionais . Esperarei até Israel congelar os assentamentos ... Enquanto isso na Cisjordânia temos uma realidade boa , as pessoas vivem normalmente “ . ( F SP , 30.05.2009, p. A-16) .



 



ESTADO PALESTINO DESMILITARIZADO



 



O premiê israelense , Binyamin Netanyahu , em discurso de quase uma hora na Universidade Bar Ilan , perto de Tel Aviv disse que concorda com um Estado Palestino desde que ele seja desmilitarizado e sem controle de fronteiras e do espaço aéreo . Os palestinos devem reconhecer de forma inequívoca Israel como nação judaica e não poderão formar acordos militares com o Irã  e o grupo xiita libanês Hizbollah . “Não temos intenções de construir novos assentamentos ou de expropriar terras para novas colônias . Mas há uma necessidade de permitir que os assentados tenham uma vida normal .”



Para o premiê , o problema dos refugiados palestinos deve ser resolvido “ fora das fronteiras israelenses “ , pela comunidade internacional .” Acho que com boa vontade e investimento internacional esse problema humanitário pode ser resolvido” . Ao falar de Jerusalém, ele foi contundente “ A cidade vai seguir sendo a capital indivisível do Estado Judeu com liberdade religiosa para todas as crenças .”



“ [ A ANP] terá de impor a lei em Gaza e superar o Hamas . Israel não vai sentar em uma mesa de negociações com terroristas que querem a sua destruição “ .



O negociador chefe da ANP , Saeb Erekat , disse que Netanyahu terá de esperar “mil anos” para encontrar um palestino que concorde com as condições expostas no discurso . Para ele, o processo de paz que já vinha caminhando” a passos de tartaruga “ , foi derrubado com o discurso do premiê israelense . Já o deputado Danny Danon, do partido governista de direita Likud, liderado por Netanyahu disse que vai agir com todas as forças no partido para prevenir a criação de um Estado Palestino . “Cidadãos israelenses demais foram mortos por conta de nossas concessões unilaterais “ . ( F S P , 15.06.2009, p. A-12) .



 



NOVO CONVITE PARA NEGOCIAÇÃO   2009



 



O premiê israelense , Binyamin Netanyahu em 12 de julho fez novo convite aos palestinos “ Não há nenhuma razão para o líder da Autoridade Nacional palestina, Mahmoud Abbas , e eu não nos encontrarmos em algum lugar deste país para avançarmos no processo político “ .



Abbas recusou a oferta , exigindo antes total paralisação do avanço dos assentamentos judeus na Cisjordânia .



Para Javier Solana , chefe da diplomacia da UE . “ Se as partes não são capazes de cumprir [ o calendário] , uma solução apoiada pela comunidade internacional deveria ser colocada na mesa “ . Israel reagiu dizendo que o estabelecimento de um cronograma para o estabelecimento de um Estado Palestino é uma medida “perigosa” ( F S P , 13.07.2009, p. A-13) .



 



ATAQUE DE ISRAEL AO IRÃ



 



O presidente russo , Dmitri Medvedev afirmou “Quando o presidente israelense me visitou [ em agosto] em Sochi [ no sul da Rússia] , ele me disse uma coisa importante para todos : que Israel não planeja nenhum tipo de ataque contra o Irã e que Israel é um país pacífico”.



Apesar do discurso apaziguador , ele não descartou a venda de mísseis russos terra-ar S-300 ao governo iraniano “ O que entregamos e o que vamos entregar sempre serão armas defensivas. Esta é a nossa posição firme e nós a manteremos para tomar decisões definitivas sobre todos os contratos com o Irã. “ Mísseis S-300 são capazes de atingir aviões a 30 km de altitude e a menos de 150 km de distância , dificultando um ataque israelense . “Nossa tarefa não é fortalecer o Irã e enfraquecer Israel ou vice-versa , mas buscar uma situação normal e calma no Oriente Médio”. ( F S P , 21.09.2009, p. A-14) .



No dia seguinte , as autoridades israelenses negaram o que foi afirmado pelo presidente russo . Ehud barak , ministro da Defesa israelense afirmou ao “New York Times : “Todas as opções continuam na mesa”. O chefe do Exército , general Gabi Ashkenazi afirmou á mídia israelense que “Israel tem o direito de se defender” e insistiu em que “ a possibilidade de o Irã se tornar uma potência atômica é uma ameaça não somente para Israel , mas para todo o mundo livre “.



O vice-chanceler Danny Ayalon declarou que “ não há nenhuma garantia “ de que Israel tenha desistido de bombardear o Irã e criticou Medvedev “ Não acho, com todo respeito ao presidente russo , que ele esteja autorizado a falar em nome de Israel , e certamente não retiramos da mesa nenhuma opção “. ( F s P , 22.09.2009, p.A-23) .



 



PRESSÃO AMERICANA PELA RETOMADA DAS NEGOCIAÇÕES



 



Em encontro trilateral em Nova York, um dia antes da reunião da Assembléia Geral da ONU , entre o presidente dos EUA , Barak Obama , o premiê israelense , Binyamin Netanyahu e o presidente da ANP, Mahmoud Abbas , Obama afirmou “ Posto de maneira simples, já é passada a hora de começar as negociações . Apesar dos obstáculos , apesar de toda a história , apesar de toda a desconfiança , é hora de seguir em frente “ Ele qualificou a retomada das negociações como “absolutamente crítica “ . Disse ainda que todos têm “trabalhado incansavelmente “ para resolver a questão, mas ainda assim não foram feitos progressos suficientes . “Nós devemos nos arriscar pela paz . Negociações permanentes devem começar – e começar logo”. ( F S P , 23.09.2009, p., A-14) .



Em seu discurso na abertura da  64ª Assembléia Geral da ONU rompendo uma tradição histórica , Barak Obama criticou Israel , o principal aliado dos EUA no Oriente Médio . “Continuamos a pedir aos palestinos que parem as provocações a Israel e continuaremos enfatizando que não aceitamos a legitimidade dos assentamentos israelenses prolongados . Dois Estados vivendo lado a lado em paz e segurança – um Estado judaico de Israel , com segurança real para todos os israelenses ; e um Estado palestino viável e independente , com território contíguo que encerre a ocupação iniciada em 1967”. ( F S P , 24.09.2009, p. A-18) .



O primeiro-ministro israelense , Binyamin Netanyahu,  em discurso à Assembléia Geral da ONU, em 24.09.2009 disse que estava disposto a fazer a paz com os palestinos , desde que um futuro Estado Palestino seja “efetivamente desmilitarizado”, condição  não aceita pelos palestinos por inviabilizar a existência de um Estado soberano .



Em resposta, o presidente da ANP, Mahmoud Abbas disse que os palestinos não vão voltar às negociações neste momento , por “discordâncias fundamentais” com Israel . ( F s P , 25.09.2009, p.A-15) .



 



GILAD ESTÁ VIVO



 



Mais de três anos após seu rapto por membros de grupos radicais palestinos , em junho de 2006 , o soldado israelense Gilad Shalit está vivo e vem de acordo com um vídeo de três minutos entregue pelo Hamas ao governo de Israel .



No vídeo ele lê um texto escrito em um papel apoiado sobre um jornal palestino com a data de 14 de setembro . Diz de modo claro e articulado , em hebraico “Olá .Sou Gilad, filho de Noam e Aviva Shalit , irmão de Hadass e Yoel , que vivem em Mitzpe Hila . Meu número de RG é 300097029 . Como pode ver, eu estou segurando em minhas mãos a edição de 14 de setembro de 2009 do jornal “Palestine” que é publicado em Gaza . Quero mandar meus sentimentos a meus familiares e dizer a eles que eu os amo e sinto muito sua falta . Estou bem em termos de saúde e que os mujahidin estão me tratando de maneira excelente .Eu estou lendo o jornal tentando encontrar informações sobre mim e espero encontrar alguma coisa que anuncie uma notícia de minha libertação e de meu retorno para casa em breve”.



Ao final do vídeo ele se levanta e caminha para perto da câmera, para mostrar que pode se movimentar bem sozinho , outra exigência de Israel . Em troca do vídeo m o governo israelense libertou 19 mulheres palestinas presas pelo Estado judaico . . O acordo foi intermediado por negociadores alemães e egípcios . Nenhuma das libertadas estava envolvida em homicídios e todas cumpriam penas de menos de dois anos , É o primeiro sinal claro de avanço nas conversações sobre uma troca de prisioneiros mais ampla . O Hamas quer a libertação de mil palestinos em Israel em troca da libertação de Shalit . Israel mantém  cerca de 10 mil palestinos encarcerados .



Por sua vez Israel diz que , enquanto Shalit não for libertado , não será levantado o bloqueio à faixa de Gaza . falando de Damasco , Khaled Meshaal disse que os militantes que foram capazes de capturar Shalit e mantê-lo em segurança por mais de três anos , são capazes de capturar outros soldados “até que não haja nem mesmo um prisioneiro nas cadeias inimigas” . ( F s P , 3.10.2009, p. A-20) .



 



ELEIÇÕES EM JANEIRO  2010



 



O presidente da Autoridade Nacional palestina , Madmoud Abbas , marcou para 24 de janeiro de 2010 a realização das eleições presidencial e legislativas . As conversações de reconciliação entre o Fatah , e o Hamas fracassaram . O Hamas condenou a decisão . O porta-voz do grupo , Sami Abu Zuhri afirmou “ O anúncio significa que as eleições ocorrerão apenas na Cisjordânia , cimentando a divisão palestina em vez de resolver o problema” .( F s P , 24.10.2009, p. A-16) .



 



MUDANÇA DE POSIÇÃO DOS EUA SOBRE OS ASSENTAMENTOS



 



Num aparente recuo dos EUA , a secretária de Estado americana , Hillary Clinton , rejeitou em 31 de outubro a exigência palestina de congelamento das colônias judaicas na Cisjordânia , como precondição para a retomada do diálogo . “Nunca houve precondição . [As colônias ] sempre fizeram parte das negociações “ disse em discurso ao lado do premiê israelense Binyamin Netanyahu .



Obama é visto com desconfiança por boa parte dos israelenses , que o enxergam como demasiado conciliador com os árabes e com o Irã e Hillary desfruta de grande prestígio no Estado judaico pelo passado de apoio a Israel .



Horas depois , Hillary se encontrou com Mahmoud Abbas , nos Emirados Árabes Unidos e segundo fontes palestinos pediu a Abbas que aceitasse proposta de Netanyahu de limitar a construção em 3.000 novas residências judaicas na Cisjordânia , o que foi negado por Abbas . ( F s P , 1.11.2009, p. A-16) .



Para Robert Aumann , Prêmio Nobel de Economia em 2005 , atender todas as demandas do adversário em um conflito pode promover a guerra e não a paz . Para ele, “muitos dos problemas que estamos enfrentando hoje se devem á retirada israelense da Faixa de Gaza , em 2005 . Não poderia haver nada pior para a paz . Os árabes pensaram que estávamos capitulando , pois foi essa mesma a mensagem que passamos a eles ao fazer a retirada unilateral . Os árabes interpretaram nosso gesto como fraqueza , tornaram-se intransigentes , e isso afastou ainda mais a possibilidade de uma negociação com melhores resultados . ( Veja, 4.11.2009 , p. 21) .



Em 01 de novembro palestinos acusaram o governo americano de enterrar o processo de paz no Oriente Médio ao recuar da exigência de que Israel congele imediatamente a expansão das colônias judaicas na Cisjordânia .



Um porta-voz de Abbas afirmou “ As [conversas] estão paralisadas , e o resultado do respaldo americano à intransigência israelense é que não há perspectiva de negociações”. ( F S P , 2.11.2009, p. A-10) .  



Em 2 de novembro de 2009, em reunião com os chanceleres árabes em Marrakech ( Marrocos), , Hillary negou que a posição do governo americano sobre o tema tenha mudado  e insistiu que a Casa Branca “não aceita a legitimidade da continuidade dos assentamentos israelenses “. Ela também qualificou como insuficiente a proposta de Netanyahu de limitar em 3.000 o número de novas casas na Cisjordânia . Mesmo assim, ela defendeu que a oferta seja implementada como sinal de “significativa restrição nos assentamentos”. ( F S P , 3.11.2009, p. A-15) .



 



  ABBAS NÃO TENTARÁ SE REELEGER



 



Em um discurso em que não poupou críticas a Israel, EUA e ao Hamas , Mahmoud Abbas afirmou que não pretende disputar a reeleição na votação convocada , por ele mesmo , para  janeiro de 2010 . Citando sua frustração com a paralisia do processo de paz e com o recuo da pressão americana para que Israel congele a construção dos assentamentos na Cisjordânia ele disse que não tem intenção de voltar atrás , apesar das exaustivas tentativas de dissuadi-lo .Porém não existe um sucessor claro e sua saída pode deixar um vácuo político que poucos arriscam prever como será preenchido . ( F S P , 6.11.2009, p.,A-12) .



 



CONGELAMENTO TEMPORÁRIO DAS COLÔNIAS – NOV 2009.



 



O premiê de Israel , Binyamin Netanyahu , anunciou em 25 de novembro o congelamento da construção de novas residências na Cisjordânia por dez meses , no que qualificou como um gesto de boa vontade para que os palestinos voltem às negociações .



A liderança palestina rejeitou o plano, antes mesmo de sua aprovação pelo gabinete israelense , reiterando que só retomará o diálogo se a construção de assentamentos for totalmente suspensa nas áreas ocupadas por Israel , inclusive em Jerusalém oriental .



Porém o congelamento se aplica somente a novos projetos residenciais . As construções em andamento, assim como a de prédios públicos , como sinagogas e escolas, vai continuar . Depois de dez meses de moratória , a construção nos assentamentos será retomada . ( F s P , 26.11.2009, p. A-25) .



Porém, o movimento dos colonos da Cisjordânia revoltado com a decisão e temeroso de que o congelamento possa se perpetuar por pressão externa, pretende não só acelerar a construção de 3.000 unidades habitacionais já aprovadas , mas dar início a novos projetos . No jornal “Yediot Aharonot”, o Conselho da Judéia e Samaria ( nomes bíblicos da Cisjordânia), afirmou “O congelamento é um passo imoral, anti-judeu e antissionista , que acelera a criação de um Estado Palestino  e representa risco existencial ao Estado de Israel “.



Cerca de 300.000 colonos judeus vivem em mais de cem assentamentos na Cisjordânia . ( F s P , 27.11.2009, p. A-17) .



Em 9 de dezembro de 2009 cerca de 10.000 colonos israelenses e simpatizantes protestaram no centro de Jerusalém contra o congelamento . Os colonos carregavam cartazes com os dizeres” Continuaremos a construir” e “Parem as bombas do Irã, não nossas casas” . ( F S P , 10.12.2009, p. A-13) .



 



29 de janeiro de 2010 MORTE DE LÍDER DO HAMAS



 



Em 29 de janeiro de 2010 foi divulgado que Mahmoud al-Mabhouh foi encontrado morto no dia 20 em um quarto de hotel em Dubai, com sinais de choques elétricos e enforcamento . Um dos fundadores das Brigadas Izzedin al-Qassam , braço armado do Hamas , ele era apontado  como o cérebro de vários ataques contra Israel , entre eles o seqüestro e morte de dois soldados . Morava desde 1989 na capital Síria .



No funeral de Al-Mabhou , o principal dirigente político do grupo , Khaled Meshal , afirmou “ Digo aos sionistas : não comemorem . Vocês o mataram , mas os filhos dele os combaterão “.



O governo israelense não fez nenhum comentário sobre as acusações do Hamas como é praxe nesses casos . No passado , muitos líderes do Hamas foram mortos em ações de Israel , entre eles o fundador do grupo Ahmed Yassin . Porém para analistas , Israel não tem interesse em abalar a trégua tácita mantida com o grupo desde o fim da ofensiva contra a Faixa de Gaza .( F s p , 30.01.2010 , p. A-15) .  



Segundo o comandante da polícia de Dubai, Dahi Khalfan Tamim , “ nossas investigações revelam que o Mossad está envolvido no assassinato de Al Mabhouh . É 99% [ de certeza] , se não 100%”.Cerca de 11 suspeitos foram filmados pelas câmaras de segurança , todos com passaportes europeus falsificados e sete dos documentos são de cidadãos de dupla nacionalidade isralense-européia  que tiveram o passaporte adulterado . ( F S P , 19.02.2010, p. A-17) .



Segundo as investigações, apurou-se que os agentes entraram em Dubai usando passaportes falsos de cidadãos reais de países amigos de Israel , como a Inglaterra , a Austrália e a Alemanha . O local escolhido para eliminar o palestino foi uma cidade dos Emirados Árabes Unidos , um dos países árabes que ainda aceitavam algum tipo de contato diplomático com Israel . Os agentes deixaram pistas . Flagrados pelas câmaras de vigilância do aeroporto de Dubai , de hotéis e de shopping centers , quase trinta agentes secretos acompanham todos os passos da vítima que ficou hospedada no luxuoso hotel Al Bustan Rotana . ( Veja, 31.03.2010, p. 76-77) .



 



 



SANTUÁRIOS ISRAELENSES IRRITAM PALESTINOS



 



Atendendo a um pedido do partido ultraortodoxo Shas e de grupos de colonos judeus de adicionar locais de culto do Velho Testamento a um programa de reformas do patrimônio nacional , o primeiro ministro Binyamin Netanyahu decidiu incluir dois disputados santuários religiosos situados em território ocupado da Cisjordânia na lista do patrimônio nacional  do país , provocando críticas da ONU e alertas dos palestinos para o risco de um novo ciclo de confrontos .



Os dois locais bíblicos, o Túmulo dos Patriarcas de Hebron e o Túmulo de Raquel , em Belém , são considerados sagrados por judeus e muçulmanos e, constituem foco constante de tensão . Ambos ficam em áreas controladas por Israel que os palestinos reivindicam como parte de seu futuro território .



O Túmulo dos Patriarcas , em Hebron é o segundo local mais sagrado para o judaísmo , depois do Muro das Lamentações . É chamado pelos muçulmanos de mesquita al Ibrahimi , já que Abraão também é considerado o pai do islã .



Em Hebrom em 1929 , 60 judeus foram mortos por árabes , no que ficou conhecido como Massacre de Hebron , ainda durante o mandato britânico .



Em 1994, um colono judeu assassinou 29 fiéis palestinos no Túmulo dos Patriarcas . ( F S P , 24.02.2010, p. A-14) .



 



NEGOCIAÇÕES DE PAZ – MARÇO DE 2010.



 



A Autoridade Nacional Palestina anunciou em 7 de março  que aceitará participar de negociações de paz indiretas com Israel mediadas pelos americanos . Paralisadas desde a invasão da faixa de Gaza por Israel no final de 2008 o modelo foi proposto pelos americanos e  o negociador palestino Saeb Erekat afirmou que a ANP abandonará a iniciativa caso não se alcance acordo sobre as fronteiras entre a Cisjordânia e Israel em quatro meses . ( F S P , 8.3.2010, p. A-12) .



Em 8 de março o vice-presidente dos EUA , Joe Biden , desembarcou em Israel para mediar as negociações .



Porém, no mesmo dia, o governo de Israel aprovou a construção de 112 apartamentos no assentamento de Betar Illit  , que fica a 10 km de Jerusalém, poucos metros além da fronteira de Israel com a Cisjordânia , que os palestinos reivindicam para o seu futuro Estado.



O ministro do Meio Ambiente de Israel , Gilad Erden , disse “ O governo decidiu congelar a construção, mas essa decisão previa exceções em caso de problemas de segurança em infraestrututas iniciadas antes do congelamento . Esse é o caso de Betar Illit.. A decisão certamente vai dificultar a medicação americana . ( F s P , 9.3.2010, p. A-14) .



Em 9 de março o governo israelense anunciou que vai construir mais 1.600 casas em Jerusalém , em um bairro da população judia ortodoxa, parte de um projeto iniciado há três anos .



Para o americano Joe Biden o anúncio israelense “ é exatamente o tipo de passo que abala a confiança “ necessária para que o processo de paz tenha avanços . “Precisamos de uma atmosfera para apoiar as negociações , não complicá-las “.



Em 10 de março ele elevou o tom de suas críticas a Israel “ Todos já deveriam saber que não existe alternativa viável à solução dos dois Estados ... Conforme avançamos, os EUA irão cobrar dos dois lados responsabilidade sobre anúncios ou ações que inflamem as tensões ou prejudiquem o resultado das negociações , como é o caso deste”. ( F s P , 11.03.2010, p.A-16) .



Nabil Abu-Rudeina, porta voz da ANP , disse que o anúncio  é “uma decisão perigosa que irá torpedear as negociações e levar os esforços americanos ao completo fracasso”. ( F s P , 10.03.2010, p. A-14) .



Hillary Clinton , teve uma conversa telefônica de 43 minutos com o premiê israelense Biyamin Netanyahu , e se disse “insultada” pela ação . Netanyahu em declaração posterior concordou que o “timing” foi infeliz , mas não deu sinais de que a construção será cancelada . “Tivemos um incidente pelo qual sinto[mas] que ocorreu de forma inocente . Foi prejudicial e não deveria ter acontecido .”O comentarista Thiomas Friedman , no “New York Times” escreveu que Biden deveria ter voltado imediatamente aos EUA e ter deixado o seguinte recado ao governo israelense “ Você pensa que pode envergonhar seu único aliado verdadeiro no mundo , para satisfazer alguma pressão doméstica e não enfrentar consequências ? Você perdeu totalmente o contato com a realidade”. ( F S P , 15.03.2010, p. A-12) .



 



  VISITA DE LULA A ISRAEL  MARÇO 2010



 



Em março o presidente Luiz Inácio Lula da Silva realizou visita a Israel e foi pressionado pelo primeiro-ministro Binyamin Netanyahu , o “bibi”, para que adira ao que chamou de “frente internacional que se está formando contra o armamentismo do Irã.... Você [Lula] representa valores diferentes . Eles [o Irã] usam a crueldade , eles amam a morte , você ama a vida”. Lula não citou a palavra Irã , uma única vez em seus discurso à Knesset e reiterou a defesa do dialogo em vez de sanções “Não fugi aos conflitos . Mas busquei resolvê-los pelo diálogo, quando , ainda quando parecia exercício ingênuo , tarefa impossível”.



Rivlin, presidente do Knesset , pertencente ao Likud , da linha dura deixou claro que o diálogo é impossível e a diplomacia israelense considera a visão brasileira ingênua . “ O tempo está terminando , e o mundo deve despertar para as bases satânicas do regime dos aiatolás . Ser publicamente contra sanções pode ser interpretado como sinal de fraqueza ante líderes que não tem freios “. ( F s P , 16.03.2010, p. A-12) .  



O chanceler brasileiro Celso Amorin cobrou ação para devolver a confiança que ele admite estar perdida no processo de paz com os palestinos .”Alguma coisa série tem que ser feita em relação aos assentamentos”. ( F s P , 17.03.2010, p. A-10) .



O governo americano cancelou a viagem de seu enviado para o Oriente Médio, George Mitchell , que deveria ter chegado em 16 de março para conduzir negociações indiretas entre Israel e os palestinos . Hillary Clinton afirmou que os dois países tem uma relação “próxima e inabalável” , mas deixou claro que espera de Israel “provas de que está comprometido com a paz”. ( F s P , 17.03.2010, p. A-11)



 Os representantes do chamado Quarteto para o Oriente Médio ( EUA, Rússia , ONU e União Européia)  reiteraram em 19 de março a condenação á decisão israelense de autorizar uma nova leva de construções em Jerusalém Oriental , que abortou na semana uma esperada retomada de conversas com os palestinos emperradas há 15 meses .( F s P , 20.03.2010, p. A-15) .



Em 17 de março um “ dia de ira” foi convocado por grupos palestinos contra as novas construções de Israel em Jerusalém Oriental e a reabertura de uma sinagoga na região . Os confrontos se sucederam nos dias seguintes. ( F s P , 20.03.2010, p. A-16) .



 



 



 



DISPARO DE FOGUETE 18 DE MARÇO DE 2010



 



Um disparo de foguete a partir da faixa de Gaza, provocou a primeira morte em Israel desde a ofensiva militar contra o território palestino , em janeiro de 2009 . O artefato alvejou uma estufa na comunidade de Netiv Haasara e matou um agricultor tailandês que trabalhava no local , segundo o governo israelense.



O ataque foi reivindicado pelo grupo radical palestino relativamente desconhecido Ansar al Sunna , supostamente ligado à rede terrorista Al Qaeda . Em comunicado o grupo disse que o disparo foi uma resposta à “continuada agressão sionistas contra nosso povo em Jerusalém”.



Para os analistas , o disparo representa ainda um desafio ao Hamas , que desde 2009 tenta conter os disparos de foguetes , principal razão alegada por Israel para a ação militar . Para Israel , no entanto , a responsabilidade pelo ataque é do Hamas , por deter o controle do território . Segundo o vice-premiê , Silvan Shalom “Isso é cruzar a linha vermelha , o que Israel não pode aceitar . Nossa resposta será apropriada , será forte”. ( F s P , 19.03.2010, p. A-17) .



Nos dias seguintes, ataques aéreos de Israel contra supostos alvos terroristas na Faixa de Gaza deixaram pelo menos 12 feridos segundo o Hamas . Israel confirmou o disparo de  cinco mísseis contra um aeroporto desativado e túneis clandestinos , em retaliação ao foguete lançado de Gaza . ( F s P , 20.03.2010, p. A-16) .



 



ALIADOS PRESSIONAM PREMIÊ



 



Em entrevista a uma rádio local, Isaac  Herzog, ministro do Bem-Estar e dos Serviços Sociais afirmou sobre o Partido Trabalhista “ Se não houver uma mudança clara de política que leve a um real processo de paz [...] , será necessário decidir se há alguma utilidade em continuar no governo”. ( F s P , 29.03.2010, p. A-16) .



O premiê Ninyamin Netanuahu esteve em 23 de março em Washington , mas em duas reuniões  com o presidente Obama não conseguiu nem uma foto oficial ou um comunicado conjunto . O silêncio que cercou as conversas foi o sinal mais eloqüente  do desencontro entre os tradicionais aliados . ( F S P , 25.03.2010, p. A-14) . Horas antes da viagem ele havia declarado  que não vai interromper as construções em Jerusalém Oriental . “A posição de Israel está muito clara ... e ficará clara na viagem á capital americana ... Nossa política sobre Jerusalém é a mesma seguida por todos os governos israelenses há 42 anos . Para nós, construir em Jerusalém é o mesmo que fazê-lo em Tel Aviv”. ( F s p , 22.03.2010, p. A-16) .



Para Nir Barkat , prefeito de Jerusalém “ Se o mundo tem uma opinião , não quer dizer que temos de aceitar . Jerusalém, jamais foi tão aberta e livre” . ( Veja, 21.04.2010, p. 60) .



 



 



MORTES EM CONFRONTO 26.03 2010



 



Dois soldados israelenses e quatro palestinos morreram em um confronto na fronteira da faixa de Gaza, no mais grave incidente desde a ofensiva militar  Segundo o Exército israelense , uma patrulha abriu fogo contra militantes palestinos que plantavam explosivos perto da fronteira sul de Gaza. Três grupos palestinos assumiram a autoria do ataque , o braço militar do Hamas , Brigadas Izzedine al Qassam, as Brigadas de al Aqsa , originalmente ligadas ao Fatah , rival do Hamas , e o autointitulado Taleban Palestino , pouco conhecido . ( F s P , 27.03.2010, p. A-16) .



 



ISRAEL PROBLEMAS DEMOGRÁFICOS



 



Israel celebrou em abril de 2010 , 62 anos de independência com uma população dez vezes maior do que quando foi criado , mas sem respostas para dilemas demográficos que devem moldar o caráter do Estado Judaico nos próximos anos .



O primeiro e mais antigo se refere ao chamado “ conflito demográfico”, previsão de que , dentro de uma década , os judeus serão minoria no território controlado por Israel , se mantida  a ocupação dos territórios palestinos.



Israel tem 7,58 milhões de habitantes , quase dez vezes os 806 mil de 1948 e do total  5,7 milhões são judeus , ou 75,5% da população . A população árabe é de pouco mais de 1,5 milhão, ou 20,4% do total . O restante é formado por imigrantes que não foram registrados como judeus .



Porém, na abertura do ano letivo de 2010 em setembro de 2009 , 48% dos estudantes do ensino elementar em Israel foram matriculados em escolas judaicas ultraortodoxas ou árabes , contra 39% em 2000 . Árabes israelenses e judeus ultraortodoxos são isentos do serviço militar e tem menor presença no mercado de trabalho . Os árabes por falta de oportunidades e os ultraortodoxos por darem prioridade aos serviços religiosos . Portanto , segundo o articulista Aluf Benn, do jornal “Haaretz “ A sobrevivência do Estado Judaico no longo prazo, depende de sua capacidade de reverter a tendência de não participação de seus cidadãos ultraortodoxos e árabes”. ( F S P , 25.04.2010, p. A-19) .,



 



CONGELAMENTO DOS ASSENTAMENTOS



 



Embora confirme a afirmar que não cederá à pressão internacional contra  a ocupação de Jerusalém Oriental, Israel na prática congelou a construção nessa parte da cidade . Segundo fontes municipais de Jerusalém, a aprovação de novos projetos foi suspensa por decisão do premiê israelense Binyamin Netanyahu que mantém o discurso em defesa da “indivisibilidade” de Jerusalém, mas na prática prefere evitar ações que possam irritar os americanos . ( F S P , 27.04.2010, p. A-14) .



 



DIÁLOGO INDIRETO – MAIO DE 2010.



 



Depois de meses de paralisação no processo de paz, israelenses e palestinos deram início a conversas indiretas por intermédio do enviado dos EUA ao Oriente Médio , George Mitchell . “O principal negociador palestino , Saab Erekat afirmou “ Posso declarar oficialmente hoje( 9 de maio) que as conversas de aproximação começaram”.



O plano é que as conversas durem quatro meses e conduzam a negociações diretas para o estabelecimento de um Estado palestino . Mitchell alternará contatos com Israel em Jerusalém e os palestinos em Ramallah.( F S P , 10.05.2010, p. A-14) .



 



 



O ATAQUE AOS BARCOS EM GAZA 31.05.2010



 



Na madrugada de 31 de maio de 2010 , seis barcos com 700  ativistas antibloqueio israelense a Gaza e 10 mil toneladas de suprimentos,  tentam chegar ao território palestino com ajuda humanitária , tentando romper o bloqueio naval à faixa de Gaza , imposto por Israel em 2007 , após o tomada do território pelo Hamas .



Israel cerca as embarcações em águas internacionais e promove ataque .As 4h30 da madrugada , dez soldados israelenses deslizaram de helicópteros para o convés do Mavi Marmara, a maior embarcação da flotilha  com 581 pessoas a bordo .Segundo relatos de testemunhas , portavam armas não letais , como uma versão militar das pistolas de paintball, carregada com balas de borracha . Porém, cerca de 60 homens os esperavam com bastões de madeira, barras de ferro , facas e cadeiras .



Ao ver o linchamento de seus companheiros , um segundo grupo da Shayetet , a elite naval israelense , saltou sobre o navio, desta vez atirando com munição real e tomaram a embarcação , mas o resultado foi a morte de nove pessoas ( todos turcos, um deles com cidadania americana) e 45 feridos , de ambos os lados .



O episódio demonstrou uma grave falha de inteligência do exército de Israel ao não prever que tipo de reação ocorreria na abordagem da embarcação .



Por isso, o governo da Turquia retirou o seu embaixador em Tel-Avis , cancelou o treinamento militar conjunto com Israel marcado para junho e ameaçou romper totalmente as relações diplomáticas com o país . ( Veja, 9.6.2010, p.108-112) .



Depois dos ataques, a comunicação é cortada , os barcos são levados para o porto de Ashod fora de Gaza, e ativistas são isolados e presos .



Diante da forte reação internacional, o premiê de Israel , Binyamin Netanyahu defendeu o bloqueio . “Vamos aos fatos: o Hamas continua a se armar . O Irã continua a contrabandear armas para Gaza .... Israel enfrenta um ataque internacional de hipocrisia “, enquanto tenta impedir que a Faixa de Gaza se transforme em uma base iraniana . “Se não fizermos isso [ inspeção de todas as embarcações que se aproximam do território] , haverá um porto iraniano em Gaza e o significado será destrutivo para todo cidadão de Israel “.



Israel tem sido acusado de ter usado força excessiva e de ter violado a lei internacional ao abordar navios fora de suas águas territoriais . Para Netanyahu , a reação agressiva dos militantes à abordagem dos soldados é um prova de que sua intenção não era humanitária . Ele disse que Israel se ofereceu para transferir os suprimentos para Gaza , mas os ativistas recusaram e preferiram desafiar o bloqueio .



“Nossos soldados encontraram um grupo radical e violento que apoiou grupos terroristas internacionais e hoje apóia o grupo terrorista Hamas. Não era um navio de amor . Era um navio de ódio . Não era uma frota de paz , era uma frota de apoiadores do terror . “



O Conselho de Direitos Humanos da ONU decidiu em 2 de junho, por trinta e dois votos a favor, inclusive o Brasil, nove abstenções e três votos contra ( EUA, Itália e Holanda) , enviar uma missão independente a Israel para investigar as circunstâncias da morte de nove ativistas internacionais a bordo do navio turco Mari Marmara e em resolução “ condena nos termos mais fortes o ultrajante ataque “ e “deplora profundamente “ as mortes e chama explicitamente Israel a suspender já seu bloqueio à faixa de Gaza .



A comissão deverá produzir um relatório a ser entregue em setembro , mas o conselho não tem poder de impor sanções , mas é a instância mais alta da ONU sobre o tema e seu mais recente relatório investigativo sobre a ofensiva israelense contra Gaza , redigido pelo juiz Richard Goldstone , foi remetido ao Conselho de Segurança após forte repercussão . Goldstone acusou Israel e o Hamas de crimes de guerra durante o conflito na virada de 2009 . ( F S P , 3.6.2010, p. A-12) .



Com a ação o governo turco passou a ser visto como o principal patrono da causa palestina  assumindo um papel que por décadas foi desempenhado pelos países árabes.



Destacou-se a organização de caridade turca IHH ( Insani Yardim Vakfi – Fundo de Ajuda Humanitária) . Fundada em 1992 com o propósito de prestar assistência a populações atingidas por crises humanitárias , a IHH é acusada por Israel de laços com o terrorismo .



Mehmet Kaya , chefe do escritório local da IHH em Gaza diz que as acusações fazem parte da propaganda israelense “ Estamos presentes em 112 países , mas só um país nos acusa de terrorismo . O maior grupo terrorista do mundo é Israel , que roubou as terras dos palestinos e os mantém presos em Gaza”.



Os suprimentos tem chegado a Gaza por uma rede de mais de 700 túneis . Alguns são tão amplos que carros chegam inteiros ( F S P , 6.6.2010, p. A-15) .



Cinco dias depois do ataque , Israel voltou a interceptar um navio que tentava furar o bloqueio marítimo . O navio Rachel Curie foi interceptado em, águas internacionais a 30 km da costa e escoltado militarmente até o porto israelense de Ashdod . Os 11 ativistas, entre elas a Nobel da Paz irlandesa MAiread Corrigan ,  e 8 tripulantes foram levados até o aeroporto de Tel Aviv , de onde devem ser deportados . Israel disse que inspecionaria a carga e a enviaria a Gaza por terra . ( F S P , 6.6.2010, p. A-16) . 



Israel rejeitou a proposta da ONU de investigação internacional do fato , mas buscando aplacar as críticas internacionais e satisfazer os EUA decidiu abrir dois inquéritos domésticos sobre a ação militar em alto-mar . A apuração deve abranger a interceptação da frota que tentava romper o cerco naval á faixa de Gaza e o questionamento crescente sobre a legalidade do bloqueio ao território palestino . ( F s P , 8.6.2010, p. A-16) .



Washington insistiu em 8 de junho que a investigação só terá credibilidade com algum tipo de participação internacional . Philip Crowley, porta-voz do Departamento de Estado afirmou” Queremos uma investigação imparcial, confiável , rápida e completa “.( F s P , 9.6.2010, p. A-14) .



Segundo o Prof. Jorge Zaverucha “ O bloqueio naval israelense encontra amparo na lei internacional . Bloqueios foram utilizados na Guerra do Vietnã e na Guerra do Golfo . Israel está em conflito armado com o Hamas , que costuma ser abastecido com armas vindas do Irã , como o míssil iraniano de longo alcance FAjr-5, por via marítima. A abordagem aos barcos de bandeira turca também é respaldada pelo Manual de San Remo de Direito Internacional , de 12 de junho de 1994 . O artigo 98 justifica a tentativa de tomada de poder das embarcações em águas internacionais , desde que haja fundamento para acreditar que elas violarão o bloqueio naval”. ( F S P , 9.6.2010, p. A-3) .



Em 14 de junho , o governo israelense aprovou uma comissão para investigar a interceptação de uma frota humanitária que tentava romper o bloqueio de Gaza . A “Comissão Pública Independente”, terá a chefia de Jacob Turkel, 75  , que já integrou a Suprema Corte Israelense. Além dele , fazem parte da comissão um especialista em direito internacional, Shabtai Rosen, 93  e um general reformado, Amos Horev, 86  . Foram convidados ainda dois observadores internacionais , o líder protestante norte-irlandês David Trimble , 65 , ganhador do Nobel da Paz e o jurista militar canadense Ken Watkin, 56 . A Comissão investigará se as ações e objetivos de Israel para evitar a entrada de navios em Gaza, respeitam as leis internacionais e examinará a ação dos organizadores da frota , seus participantes e suas identidades . Não abordará o processo político de tomada de decisão no ataque . ( F S P , 15.06.2010, p. A-16) .



Investigação da Marinha de Israel apontou erros de inteligência e de planejamento no ataque contra a frota . O erro, conclui a investigação, foi não utilizar outros métodos dissuasórios , como jatos d’água e bombas de fumaça , antes de os militares invadirem a embarcação .O inquérito, no entanto , exime de responsabilidade os integrantes das forças de segurança do país diretamente envolvidos no confronto. Eles teriam agido de forma adequada , dadas as circunstâncias . ( F S P , 21.06.2010, p. A-14) .



Israel anunciou em 17 de Junho o alívio parcial do bloqueio ao território palestino . Acabam as restrições à entrada de gêneros alimentícios e permissão à maior entrada de materiais de construção a serem usados sob supervisão externa . O bloqueio naval será mantido a fim de evitar a chegada de materiais para a fabricação de armamentos pelo Hamas . ( F s P , 18.06.2010, p. A-14) .



Para o filósofo Asa Kasher , autor do código de ética das Forças Armadas  de Israel , “Israel não enfrenta Estados, mas organizações terroristas . Quando enfrentamos o Hamas, estamos diante de uma força militar que não veste farda , nem usa armas de forma convencional . Comete todo tipo de ato hostil e depois se esconde atrás de populações civis . “



“O bloqueio marítimo é permitido  pela lei internacional , assim como é perfeitamente legítima uma ação preventiva. Alguns membros da frota pertenciam a uma organização turca ligada ao terrorismo que se preparou para um combate. O resultado foi que nove terroristas morreram . A aspiração é sempre a paz. Mas quando somos atacados, temos o direito de autodefesa ... O que aconteceu nessa flotilha é que esses terroristas atacaram os soldados e foram mortos  Os soldados começaram a ação de forma contida . mas não tiveram alternativa e, quando atacados, reagiram .” ( F S P , 26.06.2010, Mundo 2 , p.4) .



O Conselho dos Direitos Humanos da ONU nomeou em 23 de julho três especialistas para fazer uma investigação independente sobre o ataque israelense à frota humanitária em 31 de maio . Os nomeados são o britânico Desmond de Silva , ex-membro do Tribunal Especial para Serra Leoa , Mary Santhi Dairiam , da Malásia e Karl Hudson Phillips , de Trinidad e Tobago, ex-juiz da Corte Penal Internacional , da ONU . ( F S P , 24.07.2010, p. A-21) .



 



ELO  NUCLEAR COM OS EUA



 



Segundo rádio do exército israelense os EUA enviaram a Israel um documento secreto no qual se comprometeram com uma colaboração nuclear bilateral , prometendo vender a Israel materiais usados para produzir eletricidade , além da tecnologia nuclear , apesar de Israel não ser signatário do Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP) . Também supostamente concordaram em retratar publicamente Israel como “um Estado responsável que se comporta com moderação relativa a suas capacidades”. ( F S P , 8.7.2010, p. A-12) .



 



 



ESTADO PALESTINO DESMILITARIZADO 2010



 



O premiê israelense , Binyamin Netanyahu , disse em Nova York, em 7 de julho ter chegado o momento para a retomada do diálogo com os palestinos , sem “pré-condições  na próxima semana ou em duas semanas “ , visando um acordo que alcance a “paz verdadeira” e um Estado palestino desmilitarizado , que reconheça Israel .( F S P , 9.7.2010, p. A-10) .



 



 



 



GAZA CAMPO DE PRISIONEIROS



 



O premiê britânico , David Cameron , em discurso em Ancara afirmou “ A situação em Gaza precisa mudar . Não se pode permitir que continue um campo de prisioneiros “. ( F S P , 28.07.2010, p. A-15) .



 



COMISSÃO DA ONU 2.08.2010



 



O secretário-geral da ONU, Ban Kin-moon , anunciou em 2 de agosto a abertura de uma investigação sobre a ação israelense contra a frota que levava ajuda humanitária à faixa de Gaza e o governo de Israel após manter-se por semanas contrário . decidiu aceitar participar da comissão . É a primeira vez que o governo concorda em tomar parte em uma investigação da ONU sobre suas Forças Armadas . ( F s P , 3.8.2010, p. A-17) .



 



ATENTADO DO HAMAS



 



Quatro israelenses foram mortos a tiros perto de Hebron , na Cisjordânia,  em atentado reivindicado pelo Hamas , na véspera do reinício das negociações de paz com os palestinos . ( F s P , 1.9.2010,p A-11) .



 



CAMPANHA PELAS NEGOCIAÇÕES



 



Políticos palestinos decidiram aderir a uma campanha milionária na mídia , em que se dirigem diretamente aos israelenses perguntando “Nós somos parceiros , e vocês?  Financiada pelo governo americano e orquestrada pela Iniciativa de Genebra, grupo formado por israelenses e palestinos que defendem um acordo de paz , a campanha ocupa outdoors e veículos de imprensa em Israel . Jibril Rajoub, que já foi chefe de segurança palestina  e hoje preside o comitê olímpico e a federação de futebol palestinos fala em hebraico “Temos uma oportunidade histórica de chegar a um acordo de paz. A liderança palestina está comprometida com a solução de dois Estados e há consenso no mundo árabe em reconhecer Israel com o fim da ocupação “. ( F S P , 31.08.2010, p. A-15) .



 



CÚPULA TERMINA COM PROMESSAS VAGAS  2010



 



Os EUA levaram mais de um ano em esforços diplomáticos  para reunir em uma mesma mesa , em Washington , por uma hora e meia o premiê de Israel Binyamin Netanyahu , e o presidente da Autoridade Nacional  Palestina . Mahmoud Abbas e o resultado foi apenas promessas de “empenho”  e uma agenda de novos encontros para o dia 14 e 15 de setembro, provavelmente no Egito . ( F S P , 3.9.2010, p. A-13) .



O grupo islâmico Hamas anunciou em 3 de setembro em Gaza,  a criação de uma comando conjunto com 12 outros grupos radicais para intensificar os ataques contra Israel , a fim de sabotar a retomada do processo de paz. ( F S P , 4.9.2010, p. A-14) .



Mahmoud Abbas afirmou em Paris que as negociações de paz entre israelenses e palestinos serão uma “perda de tempo” Afirmou também que não considera em nenhuma hipótese o retorno à luta armada .( F S P , 27.09,2010, p. A-12) .



Em 27 de setembro Israel retomou as obras em assentamentos israelenses na Cisjordânia após o fim de uma moratória de dez meses .Em Ariel , escavadeiras iniciaram a nivelação de um terreno onde serão erguidas 50 casas . ( F S P , 28.09.2010 , p. A-12) .



 



FATAH PEDIU ATAQUE DE ISRAEL AO HAMAS



 



Relatos diplomáticos americanos divulgados pelo Wikileaks revelam que o presidente da Autoridade Nacional  Palestina , Mahmoud Abbas , teve estreita cooperação com Israel e seus aliados pediram que o país atacasse o Hamas no conflito que resultou na tomada da faixa de Gaza pelo grupo islâmico, em 2007. ( F S P , 21.12.2010, p.A-16) .



 



Em discurso no Congresso dos Estados Unidos , em 24 de maio de 2011,  Netanyahu se manteve firme na defesa da indivisibilidade de Jerusalém , rejeitou o direito de retorno dos refugiados palestinos , disse que manterá a presença militar na Cisjordânia e que um futuro Estão palestino terá que ser totalmente desmilitarizado . Os palestinos consideraram o discurso uma “declaração de guerra “. ( F S P , 25.05.2011, p. A-12) .



 



FATAH E HAMAS FAZEM ACORDO  2011



 



O Fatah e o Hamas anunciaram  em 27 de abril de 2011, um acordo para por fim a  quatro anos de confronto e formar um governo de unidade interino , em negociações intermediadas pelo Egito .O acordo é influência direta da “primavera árabe”,  com a Irmandade Muçulmana  tendo sido um grupo que serviu de inspiração para a criação do próprio Hamas . Israel reagiu duramente ao acordo . O premiê Binyamin Netanyahu afirmou “ O Hamas aspira a destruir Israel e dispara foguetes  contra nossas cidades, nossas crianças “ , ou seja o Fatah ou faz a paz com Israel ou com o Hamas . ( F S P , 28.04.2011, p. A-11) .



O acordo não foi adiante . Segundo o porta-voz do Hamas na Síria, Tala Nasser, 50, em entrevista dada em setembro de 2011, “o problema é que Abu Mazen insiste em manter Salam Fayad como primeiro –ministro . Fayad é um traidor que colabora com os EUA e com Israel na perseguição à resistência palestina . Qualquer pessoa aceita pelos EUA na é reconhecida pelos palestinos ou pelo Islã . ( F S P , 28.11.2011, p. A-14) .



 



LIBERTAÇÃO DE GILAD SHALIT 2011



 



Em outubro de 2011, o primeiro-ministro de Israel Benhamin Netanyahu, firmou acordo com o grupo Hamas para a soltura de 2.017 prisioneiros palestinos  e criminosos de outras nacionalidades presos em Israel pela libertação do soldado Gilad Shalit , um condutor de tanques , surpreendido por um grupo de palestinos armados que entrou em Israel por um túnel em 2006 e que teve dois de seus colegas mortos e ele foi raptado , aos 19 anos . A troca ocorreu no dia 19 de outubro .  Em 1985, no Acordo Jibril , três soldados seqüestrados no Líbano foram trocados por 1.150 presos , a relação era de 1 para 383 e aumentou com Shalit.  Na época , um terço dos libertados voltou ao terrorismo . Cada um dos libertados , os primeiros escolhidos pelo Hamas, ganhou US$ 2.000 , um carro e um emprego público . ( Veja, 26.10.2011, p. 104-105) .



 



HAMAS ANUNCIA INTIFADA PRÓXIMA  2011



 



O porta-voz do Hamas na Síria, Tala Nasser, 50, em entrevista dada em setembro de 2011, anuncia uma nova intifada . “Ela está próxima e será liderada pelo Hamas ... Só a luta armada criará o Estado palestino . Você deve pensar : qual o futuro dos judeus? Que voltem para os lugares de onde vieram . Não há lugar para eles na Palestina . ( F S P , 28.11.2011, p. A-14)



 



HAMAS AFASTA-SE DA SÍRIA



 



As relações entre o Hamas e a Síria se enfraqueceram depois que o Hamas negou apoio à dura repressão de Bashar Assad sobre sua população a partir de março de 2011 . O Hamas e o governo sírio tem diferenças religiosas profundas, que só eram toleradas pelo interesse mútuo  de enfraquecer Israel . O governo sírio é dominado pela minoria alauita , que massacrou principalmente muçulmanos sunitas , a mesma corrente religiosa do Hamas .



Em 2011 o irã suspendeu o financiamento do Hamas, quando o grupo se negou a apoiar publicamente a Síria .Por isso , o Hamas , que é uma filial palestina da Irmandade Muçulmana aproximou-se de seus pares egípcios que podem vir a governar o Egito . Aproximou-se também da Turquia , que rompeu com Israel em 2011, como punição pela morte de nove turcos na abordagem militar israelense ao navio Mavi Marmara , a caminho da Faixa de Gaza. ( Veja, 11.01.2012, p. 72-74) .



 



HAMAS DIVIDE-SE EM DOIS 2011



 



O Hamas em 2011 está dividido em dois grupos . O primeiro é o do exílio, com sede na Síria e liderado por Kalid Meshal. De Damasco ele comandava as brigadas Al-Qassam, seu braço armado e terrorista . Seus membros eram protegidos pelo ditador sírio Bashar Assad , ambos apoiados pelos aiatolás iranianos .



Meshal e seu grupo se recusaram a endossar o massacre dos sunitas , voltando-se para a fidelidade de tribo . Com isso , o apoio iraniano desapareceu e o escritório do Hamas em Damasco foi abandonado e Meshal mudou-se para o Catar tornou-se mais moderado . Em fevereiro de 2012 , encontrou-se com Madmoud Abbas do Fatah e os dois prometeram criar um governo conjunto ,



O outro Hamas , governa a Faixa de Gaza desde 2007, continua com seu objetivo de destruir Israel e seu líder religioso , Mahmou Zahar, desautorizou Meshal e disse que ninguém no território havia sido consultado previamente . Ismail Haniyeh foi ao Irã e reafirmou os laços com os iranianos . ( Veja, 22.02.2012, p. 58-59) ..  



 



ATAQUE A ISRAEL PELO IRÃ.



 



Em 17 de agosto de 2012 em discurso na celebração do Dia de Quds, como é chamada Jerusalém pelos muçulmanos  , o presidente iraniano , Mahmoud Ahmadinejad afirmou que a existência de Israel é um “insulto à humanidade... Confrontar a existência do regime sionista fabricado equivale na verdade a proteger os direitos e a dignidade de todos os seres humanos .” Na véspera , o líder supremo aiatolá  Ali Khamenei afirmou que Israel é uma “excrescência sionista que desaparecerá do mapa”. ( F S P , 18.08.2012, p. A-21) .



IMIGRAÇÃO DE JUDEUS ETÍOPES



 



No dia 29 de outubro o governo de Israel deu início ao processo de imigração dos últimos 2.200 descendentes de judeus que vivem na Etiópia, os falashas mura. O governo quer transportar todos até março de 2014 em voos mensais. Eles se converteram ao cristianismo, religião predominante no páis , mas afirmam querer voltar às raízes judaicas e viajar para Israel onde o PIB per capita é oitenta vezes o da Etiópia.



 Uma das explicações religiosas sobre esses judeus PE que eles seriam fruto de um romance entre a rainha de Sabá e o rei Salomão em Jerusalém, há 2.500 anos. Outra diz que eles seriam membros da tribo perdida de Dã, que migrou para a África no século VI a.C. Nos a nos 1970, um grupo de rabinos de Israel reconheceu a origem judaica desse povo.



Como Israel não tinha relações diplomáticas com a Etiópia, agentes do Mossad montaram uma operação secreta para levarem os falashas à Israel. Milhares deles, famintos e depauperados pela seca na Etiópia , caminharam até o Sudão, de onde embarcaram até Israel.



Entre 1984 e 1985, cerca de 8.000 fugiram da Etiópia em aviões disfarçados.  Quando o primeiro-ministro Shimon Peres revelou a operação à imprensa, os países árabes pressionaram Cartum a não cooperar com Israel e a operação terminou.



Outras operações se seguiram e em 1990 Israel fechou um acordo com o ditador comunista Mengistu Haile Mariam, em meio à guerra civil na Etiópia e em 26 horas , 14.200 pessoas foram levadas em trinta aviões, um deles, um Boeing 747, transportou mais de 1.000 pessoas, quase três vezes a sua capacidade.



A maioria dos etíopes chega a  Israel sem saber ler nem escrever. São instalados nas periferias das cidades e recebem aulas de hebraico e judaísmo . Após um ano , ganham uma carteira de identidade definitiva. Entre os 150.000 etíopes do país, poucos ascenderam socialmente devido ao preconceito e à falta de qualificação profissional. ( Revista Veja, 7.11.2012, p. 128-129) .



 



NOVO ATAQUE AO HAMAS -MORTE DE AHMED JABARI NOV.2012



 



Em 14 de novembro de 2012, um ataque aéreo israelense com míssil , atingiu um carro na rua principal da cidade de Gaza, matando Ahmed Jabari e um assessor. Jabari era o comandante do grupo Ezedin AL Qasam, braço armado do Hamas e considerado por Israel como chefe do Estado-Maior do Hamas, figura dominante em Gaza . Segundo Avi Benayahu, ex-porta voz do Exército israelense , “Jabari é o Bin Laden de Netanyahu”. Teve início a operação “Coluna de Nuvem, nome inspirado em passagem do Antigo testamento.



Jabari foi o mentor do sequestro do soldado israelense Gilad Shalit , que ficou cinco anos em cativeiro , e um dos arquitetos do golpe de Estado de 2007, em Gaza, em que o Hamas perseguiu e matou oponentes do partido secular Fatah. Também partia dele a ordem para que os militantes do Hamas jogassem foguetes contra Israel . Foram mais de 800 em 2012. ( Revista Veja, 21.11.2012, p. 106) .Jabari também comandou a negociação que resultou na troca do soldado israelense Gilad Shalit por mais de mil prisioneiros em 2011.



Com isso , foi deflagrada a maior ofensiva na faixa de Gaza desde a guerra de 2009. O Hamas prometeu vingança em um comunicado :”Israel abriu as portas do inferno”.



O premiê israelense , Binyamin  Netenyahu, indicou que os ataques são só o começo. “Mandamos uma mensagem clara ao Hamas e a outras organizações terroristas. Se necessário, estamos preparados para expandir a operação . Não vamos tolerar uma situação em que cidadãos israelenses são alvos de foguetes”. O Hamas respondeu disparando dezenas de foguetes contra o sul de Israel. Segundo o Exército, 25 foram interceptados pelo sistema antimísseis Domo de Ferro. ( F S P , 15.11.2012, p. A-12) .



O sistema  antimíssil “Domo de Ferro” ,  é composto de um Radar de detecção e acompanhamento que detecta foguetes e granadas de artilharia , monitorando suas trajetórias. O Centro de Gerenciamento e  Controle no campo de batalha analisa as trajetórias dos artefatos, determinando possíveis pontos de impacto.  Se algum míssil está para cair em uma área habitada, os lançadores são acionados . Um míssil lançado pelo Hamas leva de 15 a 40 segundos para alcançar uma cidade israelense. 



O processo leva frações de segundo quando se trata de proteger uma cidade próxima à fronteira com Gaza. Se a trajetória for para um alvo mais distante, como Tel-Aviv, o Irond Dome demora mais alguns segundos para ordenar o disparo , aumentando a precisão e a chance de acerto.



Lançadores carregam 20 mísseis Tamir, com 3 metros de comprimento , peso 90 kg e alcance 70 km e equipados com ogivas de proximidade e sensores internos que guiam o míssil até o alvo. ( F S P ,20.11.2012, p. A-16) .



O Tamir, é mais rápido que os foguetes palestinos . Ele inicia seu percurso guiado por informações fornecidas pela unidade de gerenciamento e, no meio do caminho , aciona  o próprio radar e a poucos metros do alvo explode. Os mísseis Patriot , usados para proteger Israel durante a Guerra do Golfo , tinham uma taxa de acerto de 40%. O Tamir apresentou taxa de acerto de 90% e em 2012 deverá chegar a 97%.



O Hamas tem um arsenal estimado em 10.000 foguetes. O morteiro alcança 10km, míssil Qssan 18 km, Grad 20 km, Novo Grad 48 km e Fajr 75 km . Cada míssil Qsam custa US$ 800 e cada antimíssil Tamir US$ 40.000. O grande arsenal do Hamas mostra que a população de Israel só vai se livrar do perigo do ataque de mísseis se o Hamas for controlado. ( Revista Veja, 28.11.2012, p. 124-130)



Netanyahu declarou que instruiu o Exército a fazer “ataques cirúrgicos contra a infraestrutura terrorista em Gaza”, a fim de devolver a segurança às comunidades na divisa. “O Hamas e outras organizações terroristas em Gaza tornaram impossível uma vida normal para quase 1 milhão de israelenses”. O principal motivo de Netanyahu só ter agido agora são as eleições do próximo dia 22 de janeiro  em que ele concorre à reeleição.



No dia seguinte, 15 de novembro o Hamas lançou 200  mísseis Fajr, de fabricação iraniana , com alcance de 75 km, matando três israelenses em Kiriat Malachi , 20 km ao norte de Gaza , sendo que ao menos três atingiram Tel Aviv. As Forças de Defesa de Israel afirmam ter interceptado 145 deles. O ataque israelense se intensificou , atingindo cerca de 200 alvos em 24 horas e matando pelo menos 15 palestinos , sendo nove militantes radicais e seis civis, incluindo pelo menos três crianças. O ministro da Defesa , Ehud Barak confirmou a  convocação de 30 mil soldados da reserva.



Do lado de Israel , em face da constante ameaça de foguetes , a sensação é de que é hora de dar um golpe definitivo no Hamas. Já do lado  palestino , a morte de Jabari não é considerado um enfraquecimento do grupo “Temos muitos Jabaris”, afirmam. ( F S P , 16.11.2012, p. A-12) .



Em 16 de novembro , pela primeira vez desde 1991, a cidade de Jerusalém acionou seu alerta contra ataques aéreos. Um foguete disparado de Gaza, caiu numa área aberta perto de Gush Etzion, bloco de assentamentos na Cisjordânia ocupada por Israel desde 1967, ao sul de Jerusalém. Não causou vítimas ou danos, mas quebrou uma barreira psicológica importante ao colocar em alerta o centro de poder israelense. O Hamas mostrou que possui força redobrada no campo militar ao alcançar cidades , até então consideradas seguras, como Tel-Aviv e Jerusalém.



Em três dias ,a aviação israelense efetuou mais de 500 ataques em Gaza e 27 palestinos e 3 israelenses morreram. O Exército afirma que a maioria dos alvos é de lançadores de foguetes. Os palestinos dispararam 600 foguetes, o equivalente a três semanas da guerra de 2008-2009 . Cerca de 421 foguetes foi interceptado pelo sistema  Iron Dome, - “Domo de Ferro”, que se mostrou ser bem sucedido .



Israel afirma que restaram poucos foguetes iranianos em poder do Hamas, mas o grupo diz que os projéteis lançados são do tipo M75, fabricados em Gaza.



O governo de Israel cogita uma invasão por terra e em 16 de novembro o governo autorizou a convocação de até 75 mil soldados da reserva e as principais estradas em torno de Gaza foram fechadas.



O comentarista político Amnon Abramovitch afirmou que “Israel não vai fazer a paz , nem derrubar o Hamas. O objetivo é obter um cessar-fogo prolongado”.



O premiê egípcio , Hisham Qandil, visitou a Faixa de Gaza e fez fortes críticas à ofensiva israelense que chamou de “desastre”. A situação torna-se mais grave considerando que o Egito agora possui um governo comandado pela Irmandade Muçulmana, grupo islamista que deu origem ao  ao Hamas na década de 1980 , e a paz com Israel, firmada em 1979 , corre perigo. O problema com relação ao Egito é  a passagem de Gaza e a Península do Sinai, território egípcio que o Egito se comprometeu a vigiar, mas que está infestada de terroristas e é a porta de entrada de armas em Gaza. A situação no Oriente Médio ,um barril de pólvora, já complicada com a guerra civil na Síria , agrava-se com o confronto entre Israel e o Hamas que tem desfecho imprevisível .



Nas três horas da visita do premiê egípcio, Israel suspendeu os ataques.  A Tunísia anunciou que enviará o seu chanceler a Gaza.



O porta-voz do Hamas, Abu Obeida afirmou “ Nossa mensagem é curta e simples: não há segurança para nenhum sionista em cada polegada da Palestina, e novas surpresas virão”. ( F S P , 17.11.2012, p. A-11) .



Porém o Hamas negocia para um cessar fogo e uma das condições é que o governo israelense se comprometa e suspender asa execuções de líderes do grupo no futuro .



Em 17 de novembro a ação israelense atacou e destruiu o quartel-general do grupo Hamas e o escritório do primeiro-ministro , Ismail Haniey.Mais de 200 alvos foram atacados , incluindo túneis usados para o contrabando na fronteira egípcia , depósitos de armas e 120 lançadores de foguetes. Da faixa de Gaza foram disparados mais de 200 foguetes.( F S P , 18.11.2012, p. A-18) .



Em 18 de novembro Israel ataca centro de mídia e jornalistas ficam feridos.  Um porta-voz do Exército informou que o alvo era uma torre de transmissão usada pelo Hamas , e acusou o grupo de usar jornalistas como “escudos humanos”. Bombas matam ao menos 24 palestinos , sendo pelo menos  11 civis, em um prédio de três andares , onde o alvo era Jamal Dalou, militante do Hamas envolvido no disparo de foguetes.  O sistema Domo de Ferro interceptou 38 dos 76 mísseis lançados pelo Hamas , sendo dois que tinham Tel Aviv como alvo . O presidente dos EUA Barak Obama declarou “Nenhum país do mundo toleraria uma chuva de mísseis sobre seus cidadãos”. Mas disse ser “preferível” evitar uma incursão terrestre. ( F S P , 19.11.2012, p. A-8).



Muitos dos arsenais do Hamas ficam escondidos em edifícios residenciais, tática usada  para inibir os ataques e segundo confirmaram diversos moradores da Faixa de Gaza, as forças israelenses chegavam a alertar os civis palestinos para que conseguissem abandonar suas casas antes de um ataque iminente por meio de mensagens de texto enviadas para seus celulares. ( Revista Veja, 28.11.2012, p. 126) .



 



CESSAR FOGO



 



Em 19 de novembro com a escalada da violência e a iminência de uma invasão das forças israelenses a Gaza, cresceu a pressão em todo o mundo por um acordo que estabeleça o fim dos ataques. No centro das negociações colocou-se o Egito, que apresentou uma proposta para a trégua. O secretário-geral da ONU , Ban Ki-moon seguiu para o Egito onde se reúne com o presidente egípcio , Mohamed Mursi, e o líder da Liga Árabe , Nabiil al Arabi e depois segue para Israel e a Cisjordânia para encontrar-se com o premiê Binyamin Netanyahu e o chefe da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas. Mais 19 palestinos foram mortos em ataques de Israel. ( F S P , 20.11.2012, p. A-16) .



O cessar fogo foi obtido em 21 de novembro , com a colaboração decisiva dos EUA e Egito. O presidente Obama manteve seguidas conversas com o presidente do Egito . Mohamed Mursi que se mostrou um parceiro leal , que cumpre o que promete e não promete o que não será capaz de realizar. O acordo foi fechado no Egito com a presença da secretária de Estado americana Hillary Clinton. ( F S P , 23.11.2012,  Mundo 2, p. 2) . Mursi , longe de desejar o bem de Israel, por ora quer paz na vizinhança para assegurar o poder no Egito, como bem mostram os decretos que baixou dois dias depois do anúncio do acordo , dando imunidade judicial aos atos de seu governo. ( Revista Veja, 28.11.2012, p. 126) .



Pelos termos do acordo que entrou em vigor  às 21 horas de 21 de novembro, os dois lados se comprometem a suspender todas as hostilidades e Israel deverá aliviar o bloqueio à faixa de Gaza, facilitando o movimento de bens e pessoas em sua fronteira.



Na Operação Pilar da Defesa foram feitos 1.500 ataques israelenses a Gaza em 8 dias , com 161 palestinos e seis israelenses e 1506 mísseis lançados pelo Hamas contra Israel e não houve invasão por terra. Em comparação , a Operação Chumbo Fundido em dezembro de 2008 e janeiro de 2009 teve invasão por terra durante 15 dias, 2.200 ataques de Israel, 22 dias de conflito , 1.397 palestinos e 13 israelenses mortos  e 660 mísseis lançados contra Israel. ( Revista Veja, 28.11.2012, p 128-129) .



. O Hamas sentindo-se em posição de força após ter aceitas suas condições para o cessar-fogo, aproveita a legitimidade com o acordo , negociado de igual para igual com Israel, para se impor como principal representante dos palestinos. O fato é significativo, pois o Fatah , completamente ignorado nas conversações multilaterais até então era considerado o único interlocutor possível entre os palestinos.



O Hamas aproveitou-se ainda da situação para sufocar um pouco mais a dissidência interna. Em 20 de novembro , seis palestinos foram executados sumariamente por militantes do Hamas, na Faixa de Gaza, acusados de colaborar com Israel . Seus corpos , amarrados a motocicletas, foram arrastados pelas ruas, sob o olhar da população . ( Revista Veja, 28.11.2012, p. 126) .



Houve ainda inéditas indicações de flexibilidade sobre uma convivência possível com Israel . O porta-voz do governo islâmico de Gaza, Taher Nono, disse que o Hamas poderia considerar uma calma de mais longo prazo, sem repetir em nenhum momento a meta de destruir Israel contida na carta do grupo. Ele afirmou “ O Islã não proíbe a paz com Israel”. Mas isso não significa uma renúncia à luta armada. Nono reiterou que o grupo mantém a “resistência” como única forma de chegar ao Estado Palestino. ( F S P , 20.11.2012, Mundo 2 ,p. 4) .



A negociação sobre o cessar-fogo evidenciou a decadência de Assad . A voz da Síria desde o início do confronto foi baixa e poucos deram ouvidos a ela. Assad deixou de ser o patrono do Hamas, organização que transferiu sai sede para fora de Damasco após o levante sírio.



Khaled Meshaal, líder do Hamas, apoiou abertamente seus irmãos sunitas em sua batalha contra o regime de Assad, dominado pela minoria alauita. O Hamas vem se aproximando do Egito, em desacordo com o Irã, que segundo Israel, tem sido um de seus maiores financistas e fornecedores de armas.



O Hizbollah, libanês . está parecendo cada vez mais isolado , na medida em que se manteve ao lado de Assad. Por isso, o chamado eixo de resistência , liderado pelo Irã e incluindo a Síria, o Hizbollah , e o Hamas se enfraqueceu.



Para o analista Yezed Sayigh, do  Instituto de Estudos Centro Carnegie para o Oriente Médio, em Beirute, o Hamas pode estar se aproximando de um ponto semelhante ao que estava a OLP, nos anos 1970, quando foi reconhecida pelos árabes como representante dos palestinos, desde que moderasse suas posições . “O Hamas está começando a ganhar reconhecimento e a romper o bloqueio diplomático e político. Mas para capitalizar sobre isso, precisa estar disposto a ingressar num processo político e comprometer-se a não usar de violência, mesmo que não chegue a reconhecer Israel oficialmente “. ( F S P , 24.11.2012, p. A-24) .



 



AUTORIDADE PALESTINA ESTADO OBSERVADOR NOV 2012



 



A Assembléia Geral da ONU aprovou em 29 de novembro de 2012 a elevação do status da Autoridade Palestina de “entidade observadora”, para “Estado observador não-membro”, por 138 votos a favor, 41 abstenções e 9 contra ( entre eles EUA e Israel).



Mahmoud Abbas, presidente da Autoridade Palestina declarou “ Chegou o momento para o mundo dizer claramente:cega de agressão, de assentamentos, de ocupação ...Não viemos deslegitimar um Estado estabelecido há tantos anos , que é Israel.Viemos afirmar a legitimidade do Estado que agora precisa conquistar sua independência , a Palestina”.



O representante israelense por sua vez declarou “O senhor não pode visitar nem metade de seu território, que é controlado pelo Hamas, uma organização reconhecidamente terrorista... A segurança de Israel deve ser protegida e os palestinos devem reconhecer o direito à existência de Israel. Nenhum desses pontos está presente na resolução a ser votada hoje. Esta resolução só tem um lado”.



O primeiro-ministro Binyamin Netanyahu , declarou “ Não há decisão da ONU que possa romper 4.000 anos de vínculos entre o povo de Israel e a terra de Israel”.



A Autoridade Palestina para passar ao status de Estado Membro, com direito a voto na Assembleia Geral precisa de recomendação do Conselho de Segurança e votação na Assembleia . Como os EUA tem poder de veto no Conselho de Segurança , a indicação dificilmente passaria. 



Tecnicamente , agora a Palestina pode levar Israel ante o Tribunal Penal Internacional por crimes contra um “Estado ocupado”. O negociador chefe dos palestinos , Nabil Shaath, afirmou “Nós não vamos acionar o tribunal por crimes que eles já cometeram . Se eles não vão cometer novos crimes, não têm com o que se preocupar.” ( F S P , 30.11.2012, p. A-20).



 



NOVOS ASSENTAMENTOS NA PALESTINA  NOV 2012



 



Em uma clara retaliação á decisão tomada na ONU, Israel aprovou em 30 de novembro , a construção de 3.000 unidades habitacionais em Jerusalém Oriental e na Cisjordânia,  áreas ocupadas desde 1967.



Novas casas serão construídas na controvertida área E1, que liga Jerusalém ao assentamento judaico de Maaleh Adumim e as construções podem formar um cordão de assentamentos judaicos ao redor de Jerusalém, dificultando a criação de um Estado palestino em continuidade territorial com a cidade. Cerca de 350 mil judeus vivem em assentamentos na Cisjordânia , além de 200 mil em Jerusalém Oriental onde os palestinos querem  estabelecer a capital de seu Estado. Com a decisão pela ampliação o governo israelense deixou claro a sua posição sobre a constituição do Estado palestino. ( F S P , 1.12.2012, p. A-24) . O secretário da ONU, Ban KI-mon, em nota , afirmou que a expansão é um “golpe fatal” ao processo de paz entre israelenses e palestinos. Ao retornar à Cisjordânia , o presidente da ANP, foi recebido por uma multidão e em discurso televisionado declarou “ Agora temos um Estado... O mundo escreveu a certidão de nascimento do Estado da Palestina”. ( F S P , 3.12.2012, p. A-12) .



Washington considerou o projeto um retrocesso para o alcance da paz e pediu que Israel reconsidere a decisão . “Essas ações são contraproducentes e tornam mais difícil a volta de negociações diretas com os palestinos” , disse a Casa Branca por meio de porta-voz.



Cinco países europeus – Reino Unido, França, Espanha, Suécia e Dinamarca, convocaram os embaixadores israelenses presentes em suas capitais para dar explicações sobre a decisão de construir as unidades habitacionais . No protocolo diplomático, a convocação de um embaixador para dar explicações demonstra séria insatisfação de um país com outro. ( F S P, 4.12.2012, p. A-14) . 



Uma das convenções de Genebra veda a implantação de populações em territórios conquistados e não é respeitada por Israel.  Por outro lado, ao contrário do que ocorre na Faixa de Gaza, os palestinos na Cisjordânia não disparam foguetes contra Israel e portanto não haveria motivo para aumentar a ocupação judaica na Cisjordânia.



 



BLOQUEIO DE REPASSES



 



Em uma segunda represália à decisão tomada na ONU, o governo israelense anunciou em 2 de dezembro que não vai repassar aos palestinos os impostos arrecadados em novembro. Desde 1995, Israel recolhe taxas mensais e direitos aduaneiros sobre os produtos que entram no território palestino sob seu controle, assim como dos palestinos que trabalham, em Israel.O dinheiro depois é repassado à Autoridade Nacional Palestina. No total , Israel reterá da ANMP, US$ 120 milhões e transferirá a quantia para pagar parte da dívida que o governo palestino tem com a empresa de eletricidade israelense. O valor representa mais de metade do magro orçamento disponível para o governo do primeiro-ministro palestino, Salam Fayyad.  .( F S P , 3.12.2012, p. A-12) .



Sobre as duas decisões  o ministro de Relações Exteriores espanhol, José Manuel Garcia-Margallo declarou “Essas duas medidas não são passos em direção à paz, mas a prolongação do conflito”. ( F S P, 4.12.2012, p. A-14) . 

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