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Poesias-->Carta de um Brasileiro -- 23/02/2003 - 15:09 (Marcos Woyames de Albuquerque) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


Carta de um brasileiro



Me desculpe seu doutô,

Nem sei se este jeito é o certo.

De eu falá assim com o sinhô,

Aconteceu deu passá por perto,

Não quero abusá seu doutô.



Pelo sinhô está por aqui,

tomei um pouco de corage.

Na esperança que a coisa mude

- arranjei um papel -

rabisquei essa mensage.



Sabe doutô,

quando pudia tê estudado

E ficá um pouco letrado,

Eu tive que aos véio ajudá.



Criança pequena na roça,

Tem obrigação e não faia.

Por mai que os pai possa,

Pega na enxada e trabaia.



Pra fica ingual o sinhô

Num tem jeito de ajeitá.

Pra tê roupa de doutô,

Só memo se fô roubá.



Felizmente seu doutô,

Minha mãe me criô direito

Num sei robá não sinhô,

Eu não tenho esse defeito.



Um dia a fome foi muita,

Foi tanta, passou da conta.

Peguei eu mai uns irmão

E com nossas coisa juntá,

Se resolvemo muda pra cá.



Dos irmão meu que vinhero,

Um morreu logo na viage.

Caiu nos trio do trem.

Sem dinhero da passage.



O outro irmão, o mais véio,

Esse num teve mai jeito.

Ele teve aquele defeito,

Se pôs no mundo a robá.



No começo ficou até bem,

Mai ladrão quando rouba alguém.

Tem inté que sabê quem robá.

Meu irmão foi de pouca malíça,

Escoieu e roubô um pulíça,

Da cadeia num sai mai de lá.



Só sobrô memo foi eu

E com a força que Deus me deu,

Me pus na obra pra trabaiá



Foi então num dia de domingo,

Lá na praça a passeá.

Cunheci minha menina Maria

E nos pusemo a namorá.



Namoremo por pouco tempo,

Logo nós nos ajuntemo.

Nove mês passô depressa

E nasceu um minino pequeno.



Adispôs veio mai um.

E aí o sinhô já sabe.

Casa de pobre é assim,

-Quanto mai fio nasce,-

mai fio cabe.



Foi no meio do ano passado,

Que sofri o acidente.

Minhas perna hoje num mexe,

Pode espetá que nem sente.



Hoje fui do emprego encostado,

Já não posso trabaiá.

Morreria tudo de fome,

Pruquê agora sô meio home,

Num posso a famía sustentá.



Se num fosse os meus menino

Vendeno bala e esmolá.

Que seria dos pequenino?

Era só fome pra passá!



Olha doutô me desculpe,

Num quero muito lhe pedí.

Só um pouco de dignidade

E educação pros meus fio seguí.



São nove criança pequena,

Produto do amor com Maria.

Se o sinhô num tivé pena,

Eu num sei quem mais teria.



Não nos olhe com cara feia.

Nem precisa no bolso pô a mão.

Escreve aí no livro das lei,

Que eu tamém sou cidadão.



Salve meus fio doutô.

Maria e eu já se contenta.

Já passamo necessidade e fome,

As dificuldade nós agüenta.



Se o sinhô fizé agora,

Amanhã num vai se arrependê.

Meus fio vai se gente decente,

E num vai precisa eles temê!



Espero que Deus o ilumine

E o sinhô esta carta leia.

Compreenda que pra nós douto,

A vida foi sempre muito feia!



Já disse, num sou letrado.

Uma vez me disse o patrão.

Pra resolvê o pobrema,

Bastava cumprí a constituição.



Ele me disse, eu tamém sei,

Que é lá que estão meus direito.

Que ela é o livro das lei,

Que tem todo os conceito.



Basta cumpri direitinho,

E o povo vai miorá.

É só dá um jeitinho,

E mais “uns” pará de roubá.



Doutô me desculpe o tormento,

Minhas criança estão sofrendo.

Pense só por um momento.

Depende só do sinhô querendo,

Que tudo pode mudá.



Conto com a ajuda doutô.

No sinhô eu votei e confio.

Sei que é home de valô.

E que vai salva nossos fio.



Sei que o sinhô já foi pobre.

Home de honra e muita luta.

Agora está em lugá nobre.

Vai seguí com a mesma conduta.



Sei que é home de trabaio

E foi gente como a gente.

Confiamo no sinhô,

Que agora é presidente.



Doutô vô me despedindo,

Sei que é home muito ocupado.

Pela ajuda que vai me dá,

O meu muito obrigado!



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