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Contos-->A JANDAIA -- 18/12/2002 - 10:16 (Wellington Macêdo) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Erovildo, mais conhecido pela alcunha de Vivi Baiacú, era uma figura bastante conhecida numa cidadezinha do sertão de Pernambuco. Tal apelido decorria do fato de ser o mesmo portador de um bócio no pescoço, na região próxima ao pomo de Adão.
Seus pais, modestos agricultores redicados naquela região há muito tempo, eram primos em primeiro grau e tinham mais dois filhos além de Erovildo, todos portadores de retardamento mental, provavelmente em razão da consanguineidade existente entre ambos. Erovildo, o mais velho dos irmãos, além do retardamento mental, era tartamudo e quando tentava pronunciar algumas palavras omitia as letras "C" e "Q"
Vez por outra, quando mais calmo, ajudava sua mão nos pequenos afazeres domésticos porém dentro de suas limitações. Sua única distração e verdadeira fonte de prazer se resumia num cão vira-lata ao qual se afeiçoara intensamente, de tal modo que viviam um ao lado do outro como se fora duas pessoas que muito se querem. Para onde Erovildo ia lá se encontrava Traíra na sua companhia. A afeição entre ambos era tamanha que o rapaz somente dormia abraçado ao cão.
Um belo dia, Traíra tentando alcançar um preá no interior de luma capoeira fronteiriça à sua casa, foi picado por uma cobra venenosa, bastante comum naquela região e, em poucas horas era defunto. Tal ocorrência levou o rapaz a uma profunda depressão exacerbando, mais ainda, sua deficiência mental, uma vez que não via mais sentido na vida com a ausência do amigo. Deixara de se alimentar; passava noites e noites sem conciliar o sono; vivia macambúzio pelos cantos da casa calado e evitando a presença dos demais.
Zé Fidelis, seu pai, já bastante apreensivo dada às circunstâncias do comportamento do filho, num determinado sábado, dia da feira local, levou-o consigo para que o mesmo fosse atendido pelo médico que semanalmente clinicava na cidadezinha. Realizada a consulta e diante dos fatos relatados pelo pai, Dr. Venâncio sugeriu a Zé Fidelis que presenteasse seu filho com outro animal de estimação, pois assim talvez Erovildo viesse a se afeiçoar pelo mesmo tornando a se interessar pela vida.
De regresso à sua casa e antes passando pela feira, o rapaz se deparou com um homem vendendo passarinhos, avistando uma jandaia, ave da família dos psitacídios. Deslumbrado, Erovildo tanto insistiu que Zé Fidelis, lembrando-se do que lhe aconselhara o Dr. Venâncio, comprou a ave dando-lhe de presente.
A partir daquele momento iniciara-se uma profunda amizade entre o rapaz e a jandaia. Para onde Erovildo ia levava a jandaia consigo. Assim, ambos passavam horas a fio na praça da matriz, tendo a ave pousada no seu ombro, ambos olhando o movimento dos que por alí transitavam. A molecada que costumava frequentar a praça e sabendo de como o rapaz perdia facilmente a paciência quando da insistência de perguntas que porventura lhe fossem feitas, cada um, por sua vez, começava a indagar:
----- Erovildo, que avezinha bonita; como é que se chama ?
----- Ele respondia então com a cara de poucos amigos: é uma jandaia.
----- E o que é que ela come ? voltava a indagar.
----- O rapaz respondia-lhe: ...ome arroz; ...ome feijão; ... ome ...arne; toma ...afé; ...ome tudo.
À medida que os demais moleques repetiam a mesma pergunta com o propósito de irritá-lo, Erovildo já basstante nervoso, respondia do mesmo modo. Uma vez terminada a missa dominical, D. Sebastião pároco local, na companhia de algumas beatas suas admiradoras, observando o rapaz tendo a aave sobre o ombro, pergunta-lhe inocentemente:
----- Que avezinha tão linda, como é que ela se chama ?
----- É uma jandaia, seu Padre; responde-lhe Erovildo já extravasando sua irritação.
----- E o que é que ela come ? pergunta-lhe o reverendo:
----- ...ome arroz; ...ome feijão; ...ome ...arne e ...ome o ...ú da mãe também.
Foi uma correria dos diabos.
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