Com a efervescência da campanha política os grandes centro urbanos foram tomados por um colorido especial. Uma miscelànea de cores, caras, números, letras e nomes. Há um misto de arte e poluição visual nas propagandas dos principais candidatos.
Arte: porque as logomarcas estão cada vez mais elaboradas e profissionais, são verdadeiras obras de arte com sorrisos forçados e faces maquiladas. Consequências do que chamamos marketing eleitoral.
Poluição: porque há uma ocupação desordenada dos espaços públicos. O visual é desinteressante e confuso. Embora rostos simpáticos e sorrisos forçados, a quantidade em demasia é agressiva.
Conforme pesquisa de orçamento, divulgada pela imprensa, a confecção de um cartaz de plástico estilo bandeira custa R$ 0,50 e mais R$ 0,25 para colocação. Portanto, 100.000 postes, colocando-se uma bandeira por poste teremos o custo de R$ 75.000,00. Os candidatos com fólego financeiro estão com investimentos maciços em postes. Enquanto no horário eleitoral gratuito desfilam rostos simpáticos e promessas de campanha, temos uma abundància de "propostes" e algumas vagas propostas e compromissos.
Os postes das cidades foram as primeiras vítimas desse "assédio" na madrugada do dia 06 de julho. Não há postes disponíveis em Porto Alegre e nas principais cidades do Rio Grande do Sul.
Nas frias noites de inverno as madrugadas ficam agitadas e um ímpeto incessante de escalar postes para pendurar fotos toma conta dos militantes. Dentro de um carro que avança sob a neblina, repleto de propaganda, tem início uma cansativa peripécia noite à dentro. O trabalho exige força e os movimentos são repetitivos e extenuantes. Subir e descer escadas. Esfrega e abraça postes. Fixa e amarra cartazes. Surge, de repente, não mais do que de repente, uma paixão fremente, inocente e desmedida, pois quem não tem nessa vida uma fixação mal resolvida.
Depois deste longo percurso abraçando postes a mando político, restará no final desse pleito uma indagação a ser respondida.
Poste vota?
Decerto que sim, pois somos nós, eternos postes, que nos dirigimos à urna eletrónica e depositamos nosso voto na esperança de um Brasil melhor. Somos postes, pois somos homens e mulheres que não se dobram por um punhado de migalhas.
Enfim, somos postes porque somos eretos e dignos de nossa consciência, fortes e convictos de nossa presença para decidir o nosso destino.