TELEFONEMA IMPORTUNO
Alô! Quem fala?
Aliás, por que nada diz
E silenciosamente se cala?
Aqui sou eu, um infeliz,
Que procura ser ouvido,
Por não se sentir aceito
E muito menos querido
Por quem não tem coração no peito.
O meu defeito
É jamais desistir de amar
Aquela por quem sofro despeito
Porque a outro foi se entregar,
Depois que jurou ser minha,
Prometendo falsamente
Ser uma dócil pombinha,
Quando era venenosa serpente.
Oh! Novamente?
Eu já estou farta de você
Que sempre me liga de repente
Só para perguntar por quê.;
Ora! Pergunte a Deus...!
E me desliga na cara,
Sem sequer dizer-me adeus...
E o meu coração quente dispara.
Por que não pára,
Coração fiel e teimoso,
De tanto bater descompassado
Neste peito mui doloroso?
Se ao menos por um instante
Cessasse o seu badalar,
Isso seria o bastante
Para não mais lhe telefonar.
BENEDITO GENEROSO DA COSTA
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