DITADURA CASSA PREFEITO
Deoclécio Dantas – escritor e jornalista
Nascido em Parnaíba, no dia 3 de janeiro de 1910, Osvaldo Sales Santos passou boa parte de sua infância e adolescência em Chaval (CE), fixando-se depois nos povoados São Lino e Lagoa do Camelo, este separado da cidade de Luís Correia por uma distância de 70 quilômetros.
Comerciante e agropecuarista de poucos recursos, Sales Santos era vocacionado para a política, de tal sorte que, no período de 21 de abril de 1948 a 21 de abril de 1951, exerceu o cargo de vice-prefeito de Luís Correia, e, de 4 de agosto de 1951 a 31 de janeiro de 1955, o mandato de prefeito.
Nos oito anos seguintes continuou enfrentando as dificuldades impostas aos produtores rurais daquela região, só retornando à vida pública em 31 de janeiro de 1963, quando assumiu, pela segunda vez, a chefia do executivo municipal.
Com a instalação da ditadura, em março de 1964, ele cuidava dos problemas de Luís Correia e dos seus pequenos negócios no povoado Lagoa do Camelo, quando foi surpreendido, na sua pequena e distante propriedade, pela chegada de um jeep da Marinha, ali representada pelo temido capitão Jansen Neto.
Levado para a cidade de Parnaíba, ficou sabendo que o procurador da Prefeitura de Luís Correia, Raimundo Sousa, vereador e presidente da Câmara, era acusado de ter ficado com um percentual de 10% da verba destinada ao município.
Separado do local da operação bancária por uma distância de 70 quilômetros, numa época em que não existia sistema de telefonia na região e era péssima a situação da estrada entre o povoado Lagoa do Camelo e a sede do município, de nada adiantaram os esforços de Sales Santos no sentido de demonstrar sua inocência.
O comandante da Capinatia dos Portos em Parnaíba mostrou serviço aos seus superiores, determinando reunião da Câmara em que foram cassados, em junho de 1964, o vereador e o prefeito de Luís Correia.
Tendo falecido em Parnaíba, no dia 17 de novembro de 1986, a integridade moral de Sales Santos é defendida por seu contemporâneo José Ivo Sobrinho (Zé Cazuza), que exerceu oito mandatos de vereador em Luís Correia.
O prefeito de Luís Correia cassado pela ditadura é pai do historiador Adrião Neto.
(Do livro: Marcas da Ditadura (2008), págs. 59/60, de Deoclécio Dantas).
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