Ocultos Desejos
Calado fico diante de tua altivez
Recolho-me à tanta pequenez
Que me envolve, me assola.
O que quero realmente é ter-te em meus braços
Que, sôfregos, procuram pelos teus afagos
Que não se entregam, nem por esmola.
Quero enlaçar-te, acariciar-te
E lapidar estes brutos acontecimentos
Afim de torná-los uma arte
Para assim – quem sabe – lhe proporcionar algum contento.
Sei que me queres, que é a mim que preferes
E ainda assim esconde-se
Como uma simples criança que foge da escola.
Permita-me contemplar-te, sugar-te, penetrar-te...
Fazendo das metades uma única parte,
Perfeita, completa... que deita e que rola (...)
Deixe-me atravessar teu seio e tocar a esfera do teu coração,
[pulsante, ardente e sangrio
Deixe-me embebedar-me em teus lábios úmidos, vadios
Explorando tua língua, ávida pela minha...
Apenas um beijo que me dás, me vicia!
Tenho vontade de falar, de espalhar o que sinto por ventos e mares...
Mas diante de tua imponência,
Calo-me!
(...)
Ainda sei que me queres, ainda sei que é a mim que preferes...
E por continuar a querer-me, cala-te.
E no silêncio, nos completamos...
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