Minha cara Kilandra,
Existem restos de hora quem nem um cão faminto os consomem
E que apenas a solidão em si mesma,
E não acompanhada de um pobre solitário,
Consegue nutrir-se destes restolhos.
Prato vazio, copo sem água
Existem restos de hora que não conseguem sequer ser segundos,
E quando isso acontece, um minuto não se consome sequer em uma hora.
Não me censure...eu estou cansado. Diria morto.
Não dê atenção às minhas revoltas usineiras.
Aprendi a te amar, paulista linda, nobre.
O tempo é que nos leva, não a morte. Talvez a morte tenha morrido faz tempo engasgada, repleta de um fastio sangrento, de uma indigestão inocente.
O silêncio - este que você cita em seu poema em minha homenagem - costuma se masturbar e a palavra na garganta permanece morta. Como sabemos.
Estendo as minhas veias no varal do quintal de casa e você torce para mim, por favor, kilandra, porque somos cães sem dono.
E somente os cães sem donos conhecem o caminho – um caminho sem filas.
Obs.: Estou morrendo porque tenho vício de viver.
aprendi com você...
Denison Borges |