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Ensaios-->Ensaio sobre a virtualização do texto e a ciberliteratura -- 15/01/2009 - 10:53 (Eduardo Amaro) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O texto impresso é geralmente estático e linear e, sendo assim, não muda e não possibilita que o leitor realize a sua própria leitura, segundo Pierre Levy. Deste prisma, observamos a passividade daquele que recebe a mensagem em relação àquele que a produz.
Se o espaço virtual é passível de expandir recursos, intensificar, acrescentar e subtrair, modificar e atualizar conteúdos quase instantaneamente, o texto, quando nele inserido, também o será.
O hipertexto consiste em uma reunião de nodes, ou nós, interligados a si próprios e a outros nós, hipertextos, imagens, arquivos sonoros, dispostos no formato de teia. Alguns críticos preferem a imagem de estrela.
Com o hipertexto, podemos abrir ramificações praticamente infinitas na estrutura linear do texto usual, possibilitando ao leitor que o acesse, a seu critério (intuitivo e esporádico) novas informações (outros hipertextos) que, por sua vez, possuem a mesma característica. Desta forma, um emaranhado de nós, dobras, redobras, desdobras, janelas, endereçamentos, imagens, programas, sons, potencializam aquela leitura.
Se, por um lado, o texto impresso nos propicia sumários, índices, bibliografias e marcação de páginas e capítulos (ordenação numérica) de forma linear e esquemática, o hipertexto, por outro lado, acolhe todos os quesitos anteriores e ainda é passível de interação, pela sua disposição em formato de teia, constrói-se a leitura pela interferência direta do leitor, que passa de uma representação acústica a outra, ao longo desta rede repleta de nós. Cada leitura se torna única, uma vez que, a cada retomada, a leitura pode manifestar-se de formas variadas. O texto se realiza no instante e somente nele. É o resgatar da potencialização nele contida.
Sua essência dinâmica e mutante constitui-se de várias mídias (hipermídias), o que exige do leitor a utilização daquilo que Lèvy classificou como princípios básicos da interação amigável: representações iconográficas das informações e dos comandos; uso do mouse (de forma intuitiva e não-linear); apresentação em monitor para a leitura.
É relevante ressaltarmos que, apesar de o hipertexto ser apresentado ao utente sem a presença física no papel, ou seja, sem que o possamos fixar por coordenadas espaço-temporais, devido à sua onipresença, pois o hipertexto é uma manifestação temporária passível de materializações e atualizações a todo instante, situada fisicamente em lugar indeterminado, no entanto, não fixo definitivamente, por aquele que o consulta, virtualmente presente em quaisquer nós da Rede, simultaneamente em vários pontos, sempre que acessado, o hipertexto é real. Ele, de fato, existe. Tal existência é gerida pela necessidade daquele que o acessa, pelo tempo que o mesmo desejar. É, sobretudo, manifestação potencializada pelos recursos da hipermídia.
Este aspecto é uma das mais significativas qualidades que distinguem o hipertexto das demais formas de comunicação humana.
A ciberliteratura consiste justamente na simbiose entre o escritor e o computador, entre o homem e a máquina, resultado que se realiza na Criação Assistida por Computador (C.A.C.): a literatura em meio digital. A idéia-motor propõe a expansão da potencialidade textual por meio dos recursos que a máquina dispõe, de forma criativa.
O computador funcionaria como uma espécie de metáfora manipuladora de signos – não um mero repositório e transmissor de dados, como muitos pensam. É, a exemplo da obra aberta de Campos, “máquina aberta.”
A informação que compõem a obra in natura (input), ao passar pelo cérebro eletrônico, gera uma obra composta por novas informações estéticas (output), passíveis de alterações, atualizações e sem ordem linear para leitura (aberta). A maneira como tratamos a tríade escritor-obra-leitor, também se altera.
Esta máquina semiótica, segundo Barbosa, que realiza o criar do homem, com o qual se encontra em simbiose, não se prende às rotinas mentais tradicionais, expande-se o imaginário por meio de novas constituições metafóricas, produtos desta interação cibernética.
Não nos esqueçamos que, na linguagem literária, o exercício da palavra gera demiurgicamente um universo que, apesar de projetar a si mesmo na realidade e tempo circundantes, é, sobretudo, imaginário e subjetivo.
A Criação Assistida por Computador (C.A.C.), citada anteriormente, consiste em fornecer à máquina um repertório finito de signos (S) que, ao se recombinarem pelo software escolhido (SE), que funciona como um emulador de memória (EM), produz a obra virtual (OV), pertencente à Literatura Gerada por Computador (LGC), que faz parte, por sua vez, da Literatura (L) em sentido lato, como arte literária produzida pelos homens. Matematicamente, temos S + (SE + EM) = OV.
Os signos, arbitrários e sem relação, escolhidos pelo escritor (input), reorganizam-se pelo algoritmo selecionado para produzir a poesia eletrônica (output). Observe que a estrutura gramatical (conjunto de regras) está adequada e, devido ao efeito repetitivo da composição, faz o leitor, invariavelmente, recorrer ao pensamento matemático, típico da máquina: início e fim são conceitos aqui ultrapassados. O cérebro eletrônico projeta ao infinito os signos de forma a dar à obra resultante o caráter inacabado, aberto. Por outro lado, se o escritor desejar combinar a estrutura do pensamento artificial com o biológico, pode usar a máquina como uma metáfora para a condição humana.
A ciberliteratura oferece funcionalidades particulares aos leitores. O acesso à distância é uma delas, uma vez que o virtual, como vimos, é onipresente, por meio da Rede podemos, independentemente do espaço físico, entrar em contato com o hipertexto, concretizando, assim, uma leitura. O ciberespaço é aberto e dinâmico, passível de transferência de dados (upload, download) e de interação entre máquinas (ajuda on-line, atualizações diversas), bem como de pessoas, por meio do correio eletrônico, massificado e simples de usar, mensageiros, além dos chamados programas P2P.
“Posso não apenas ler um livro, navegar em um hipertexto, olhar uma série de imagens, ver um vídeo, interagir com uma simulação, ouvir uma música gravada em uma memória distante, mas também alimentar essa memória com textos, imagens etc. Torna-se possível, então, que comunidades dispersas possam comunicar-se por meio do compartilhamento de uma telememória na qual cada membro lê e escreve, qualquer que seja sua posição geográfica”.
(LEVY, 2000, p.94)

REFERÊNCIAS

Hypertext : The Electronic Labyrinth, New York University Press, 1997
LÉVY, Pierre. As tecnologias da inteligência: o futuro do pensamento na era da informática. São Paulo: Editora 34, 1993;
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______. O universo sem totalidade, essência da cybercultura. Disponível em: . Acesso em: 29 mar. 2004.
______. A emergência do cyberspace e as mutações culturais. Disponível em: . Acesso em: 29 mar. 2004.
BOHL, Maril. Guia para programadores. 4. ed. Rio de Janeiro: Campos, 1986.
CHASE, Nicholas. Actives server pages 3.0. São Paulo: Makron Books, 2001.
COLLISON, Robert. Índices e indexação. Trad. Antônio A. B. de Lemos. São Paulo: Polígono, 1972.
DELLA VALLE, James; ULBRICH, Henrique César. Universidade hacker. São Paulo: Digerati, 2003.
FOSKETT, A. C. A abordagem temática da informação. Trad. Antônio Agenor Briquet de Lemos. São Paulo: Polígono, 1913.
KNIGHT, G. Norman. Treinamento em indexação. Trad. Pedro S. Carvalho. Rio de Janeiro: Getúlio Vargas, 1974.
LINTON, G. A pesquisa bibliográfica em nível universitário. Trad. Terezine A. Ferraz. São Paulo: McGraw do Brasil, 1975.
LOPES, M. Immacolata Vassalo de. Pesquisa em comunicação: formação de um modelo metodológico. São Paulo: Edições Loyola, 1994.
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