Usina de Letras
Usina de Letras
51 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62253 )

Cartas ( 21334)

Contos (13267)

Cordel (10450)

Cronicas (22538)

Discursos (3239)

Ensaios - (10374)

Erótico (13571)

Frases (50645)

Humor (20034)

Infantil (5443)

Infanto Juvenil (4773)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140812)

Redação (3308)

Roteiro de Filme ou Novela (1064)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1961)

Textos Religiosos/Sermões (6200)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Ensaios-->Epitalâmio a Himeneu -- 27/01/2009 - 01:36 (Eduardo Amaro) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Faculdade de Ciências e Letras de Assis (UNESP)

RESUMO: O objetivo desta comunicação é dissertar sobre um pequeno enxerto do epitalâmio de Catulo, contido no “Livro de Catulo”, quanto a sua forma e conteúdo metafórico. A parte gramatical, sintática, pode ser analisada por meio da tradução de minha autoria.

PALAVRA-CHAVE: Catulo, Himeneu, Epitalâmio, Literatura Latina.

CAIO VALÉRIO CATULLO
Carmen 62, 39-67

Ut flos in saeptis secretus nascitur hortis, (39)
ignotus pecori, nullo conuolsus aratro, (40)
quem mulcent aurae, firmat sol, educat imber; (41)
multi illum pueri, multae optauere puellae; (42)
idem cum tenui carptus defloruit ungui, (43)
nulli illum pueri, nullae optauere puellae; (44)
sic virgo, dum intacta manet, dum cara suis est; (45)
cum castum amisit polluto corpore florem, (46)
nec pueris iucunda Manet, nec cara puellis. (47)
Hymen, o Hymenaee, hymen ades o Hymenaee! (48)

Ut vidua in nudo uitis quae nascitur aruo, (49)
nunquam se extollit, nunquam mitem educat uvam, (50)
sed tenerum prono deflectens pondere corpus, (51)
iam iam contigit summum radice flagellum; (52)
hanc nulli agricolae, nulli accoluere iuuenci; (53)
at si forte eadem est ulmo coniuncta marito, (54)
multi illam agricolae, multi accoluere iuuenci; (55)
sic virgo dum intacta manet, dum inculta senescit; (56)
cum par conubium maturo tempore adapta est, (57)
cara uiro magis et minus est inuisa parenti, (58)
Hymen, o Hymenaee, hymen ades o Hymenaee! (59)

Et tu nei pugna cum tali coniuge, virgo, (60)
Non aequom est pugnare, pater cui tradidit ipse, (61)
ipse pater cum matre, quibus parere necesse est. (62)
Virginitas non tota sua est, ex parte parentum est, (63)
tertia pars partri, pars est data tertia matri, (64)
tertia sola tua est; noli pugnare duobus, (65)
qui gênero sua iura simul cum dote dederunt. (66)
Hymen, o Hymenaee, hymen ades o Hymenaee! (67)

A presente poesia é um canto nupcial, de natureza religiosa, cujo intuito é reivindicar aos noivos as bênçãos divinas.
A evocação “Hymen, o Hymenaee, hymen ades o Hymenaee!”, feita a Himeneu, o deus do casamento, está presente em todo último verso de cada estrofe, caracterizando o rito, o culto.
Na Grécia antiga, e também em Roma, eram entoados tais cânticos, ao som de instrumentos como a lira e a flauta, por moços e por moças, antes do casamento. Após as celebrações, os noivos recolhiam-se à câmara nupcial. Tais carmina têm o nome de epitalâmio.
É um poema longo, de ritmo solene, onde se apresentam belíssimas metáforas, dignas dos escritores de mais alta estirpe, somadas aos paralelismos e repetições que imprimem à letra poética uma unidade, leveza, delicadeza e majestade singulares.
Os paralelismos reforçam a idéia do núcleo poético, como se verifica em:

“multi illum pueri, multae optauere puellae” (42)
“nulli illum pueri, nullae optauere puellae” (44)
“hanc nuli agricolae, nulli accoluere iuvenci” (53)
“multi illam agricolae, multi accoluere iuvenci” (55)

Dessa forma, uma idéia se liga à outra, intercalando-se os coros das moças e dos rapazes, numa perfeita sintonia, verídico rito.
Temos a comparação muito bem estabelecida. Observe:

“Ut flos in saeptis secretus nascitur hostis” (39)
“Sic Virgo, dum intacta manet, dum cara suis est” (45)

“Ut vidua in nudo vitis quae, nascitur aruo” (49)
“Sic Virgo, dum intacta Manet, dum inculta senescit” (56)

As metáforas enobrecem o texto, enaltecendo o ato nupcial. A flor representa a castidade, a beleza que uma mulher inviolada proporciona ao seu parceiro e orgulho aos pais. A flor solitária e bem cuidada é desejosa aos meninos; quando murcha, rejeitada. Da mesma forma é a videira, que pelo paralelismo com a metáfora da estrofe anterior, impregna-se do mesmo conteúdo semântico.
É interessante ressaltar a idéia contida na última estrofe: os versos do poeta latino cantam o dever pela obediência da mulher e a divisão de sua virgindade entre o pai, a mãe e a própria. Como se o verídico tesouro que a família possuísse, fosse tal castidade, motivo de orgulho que deve ser fracionado a seus genitores.

Versão própria:
Cântico 62, 39-67

Como a flor solitária nasce no jardim cercado,
ignorada ao rebanho, não arrancada com esforço por nenhum arado,
que as brisas acariciam, o sol anima, a chuva nutre,
muitos meninos, muitas meninas a desejaram.
Quando essa mesma flor, colhida por fina unha, murchou,
nenhum dos meninos e nenhuma das meninas a desejaram;
assim como a virgem inviolada é querida para os seus,
quando ao corpo violado perdeu a flor casta,
não fica agradável aos meninos nem querida às meninas.
Hímen, ó Himeneu, vem hímen, ó Himeneu!

Como a videira que nasce sozinha num campo nu,
nunca se ergue, nunca produz doce uva,
mas curvando seu corpo sobre o peso que a faz inclinar,
já já quase atinge o mais alto broto na raiz;
esta nenhum agricultor, nenhum jovem cultivaram.
Se por acaso a mesma se uniu ao olmo como marido,
muitos agricultores, muitos jovens a cultivaram;
assim a virgem permanece inviolada, envelhece sem cultivo,
quando alcança casamento harmonioso em época propícia,
é mais querida ao esposo, menos honrosa ao pai,
Hímen, ó Himeneu, vem hímen, ó Himeneu!

E tu não lutes com tal marido, virgem,
não é justo lutar (contra aquele) a quem o próprio pai entregou,
o próprio pai com mãe, aos quais é preciso obedecer.
A virgindade não é toda tua, em parte, é dos pais,
terça parte do pai, terça parte à mãe foi dada,
terça parte é somente tua, não lutes com nenhum dos dois
que ao mesmo tempo deram ao genro seus direitos como dote.
Hímen, ó Himeneu, vem hímen, ó Himeneu!
Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui