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Ensaios-->Os coelhinhos fantásticos ou os fantásticos coelhinhos? -- 27/01/2009 - 01:40 (Eduardo Amaro) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
AMARO, Luiz Eduardo Rodrigues
TRIVELONI, Marcus Vinícius Garcia

(UNESP/Assis)

1- Do fantástico

O texto Carta a uma senhorita em Paris, de Júlio Cortazar, explora o espaço urbano, uma das tendências da literatura fantástica hispano-americana.
O fantástico é definido, pelo próprio escritor, como

“uma coisa muito simples, que pode acontecer em plena realidade cotidiana, neste meio-dia ensolarado, agora, entre você e eu, ou no metrô, quando você estava vindo para esse nosso encontro.
Trata-se de algo absolutamente excepcional, concordo, mas que não tem por que ser diferente, em suas manifestações, da realidade que nos envolve. O fantástico pode acontecer sem que haja uma mudança espetacular das coisas.
Para mim, o fantástico é, simplesmente, a indicação súbita que, à margem das leis aristotélicas e da nossa mente racional, existem mecanismos perfeitamente válidos, vigentes, que nosso cérebro lógico não capta, mas que em certos momentos irrompem e se fazem sentir”.
(BERMEJO, 2002, p.43)

O texto fantástico é caracterizado quando ocorre uma “ruptura com a realidade”. Algum elemento que é introduzido na narrativa escapa a uma explicação lógica, mimética, torna-se estranho àquela realidade, instaurando o efeito da incerteza e hesitação no leitor perante o acontecimento sobrenatural. Para uma explicação bem concisa desse efeito causado no leitor, peguemos como exemplo o conto Murders In rue street, do Norte – americano Edgar Allan Poe. Lá, como aqui em Cortázar, o leitor se depara com um efeito causado pela estranheza de um acontecimento que interrompe, não só a linearidade da narrativa, mas também toda a verossimilhança do enredo. Aqui, coelhinhos são concebidos com naturalidade pela personagem principal, lá, um Orangotango torna-se um assassino calculista. O efeito causado no leitor nada mais é que um artifício do escritor que visa somente o espanto daqueles que, ao ler um texto, esperam acontecimentos cotidianos concretos. Em Poe, a explicação é dada ao final do conto, pois trata-se de um texto muito mais policial a simplesmente fantástico, no entanto em Cortázar, o desfecho e a explicação ficam arremessadas no ar, pois a explicação de tais acontecimentos está na interpretação dos leitores e, devido a isso, a leitura torna-se plurisignificativa. O fantástico em Cortázar está muito mais na imaginação e na simbologia do leitor, pois ao aceitar o inexplicável, o fantástico assume formas concretas.

“Pensar o mundo sem o auxílio da religião ou explicações metafísicas, essa é a grande proposta do século XVIII. Para essa orientação do pensamento, muito contribuiu a influência do empirismo inglês, de Locke e de todo o pensamento antimetafísico. A partir daí, como diz Irene Bressiere, temos a desconstrução de um verossímil de ordem religiosa pelo jogo de uma racionalidade suposta comum ao sujeito e ao mundo.
Mas onde estaria o lugar do fantástico em uma sociedade que rejeita a metafísica? O fantástico se desenvolve, segundo Bressiere, exatamente pela fratura dessa racionalidade, que, tendo procurado objetivamente dar a explicação do mundo e do indivíduo autônomo, criar sistemas e críticas da sociedade (Locke, Voltaire, Montesquieu, Diderot, Rousseau) não pode dar conta da singularidade e da complexidade do processo de individuação”
(CALASANS RODRIGUES, 1988, p.27)

Selma Calasans Rodrigues ainda afirma que o fantástico (do latim phantasticu – fantasia) refere-se ao que é criado pela imaginação, o não-mimético no sentido realista, ou seja, ao fabuloso, ao imaginário. Por este motivo encontra espaço na literatura, “cujo universo é sempre ficcional por excelência, por mais que se queira aproxima-la do real”.

“No verdadeiro fantástico, guarda-se a possibilidade exterior formal de uma explicação simples dos fenômenos, mas ao mesmo tempo essa explicação é completamente privada de probabilidade interna. Todos os detalhes particulares devem ter um caráter cotidiano, mas considerados em seu conjunto eles devem indicar outro tipo de causalidade”
(CALASANS RODRIGUES, 1988, p.30)


Como se percebe, a noção de fantástico para Cortazar é semelhante. O fantástico surge do cotidiano e, de forma geral, indica “outro tipo de causalidade”. O elemento fantástico não é inserido gratuitamente: em Poe, ele causa o suspense; em Lovecraft, visa o terror. Ou seja, o fantástico é simbólico: ele representa algo que está imerso em um universo semântico individual, cujo significado – abstrato – pode ser inferido, nunca certificado. O fantástico não existe, é produto da imaginação, e, desse modo, “desloca” os fatos narrados, atribui-lhes outros significados, além dos naturalmente detectáveis.
O fantástico exige um desenvolvimento temporal ordinário, um encadeamento de fatos que “percorre a narrativa”. Ou seja, existe uma ordem, intrínseca ao texto, um curso linear de acontecimentos.

2- Dos coelhinhos

“Andrèe, eu não queria viver em seu apartamento da Calle Suipacha. Não tanto pelos coelhinhos, mas porque me desagrada entrar em uma ordem fechada, construída até nas mais finas malhas do ar, essas que em sua casa preservam a música da lavanda, o adejar de um cisne, o jogo de violino e viola no quarteto de Rara”.
(CORTAZAR, s/d, p.17)

Já no primeiro parágrafo, o narrador homodiegético apresenta o principal elemento fantástico (“não tanto pelos coelhinhos) do texto que, nesse caso, provoca um imediato estranhamento no leitor, fazendo-o indagar-se: coelhos em apartamentos?
Ao apresentar o principal elemento fantástico da narrativa, o narrador também já antecipa os possíveis enigmas e surpresas que causarão o efeito no leitor.
Fica evidente que a escolha de vocábulos que nos remete a um campo semântico de arrependimentos e possíveis desculpas, além da apresentação dos “coelhinhos”, não foi feita de maneira displicente ou arbitrária, o autor tinha total conhecimento do que queria, já no primeiro parágrafo, demonstrar ao leitor. E assim colocá-lo a par dos possíveis acontecimentos posteriores do enredo. Ora, se a narrativa começa com desculpas e possíveis arrependimentos, o pressuposto básico é que algo maléfico ocorreu, e isto será verificado ao longo do enredo.
Percebe-se que o narrador não está, há tempos, convivendo com a senhorita destinatária de sua carta: a ordem fechada que preserva a música, o adejar de um cisme (vocábulo que carrega a frase com o sentido da perda, da morte), enfim, o fantástico transparece aqui como nostalgia.
Quando vai se mudar para o apartamento de Andrèe, em uma quinta-feira “de sombras e correias”, ele “precisamente entre o primeiro e o segundo andar, senti que ia vomitar um coelhinho”.
Os alimentos dos coelhos são os trevos (simbologia: esperança). Eles, quando pequenos, são bonitos, assim como bem alimentados.

“Os costumes, Andrée, são formas concretas do ritmo, são a cota do ritmo que nos ajuda a viver. Não era tão terrível vomitar coelhinhos, uma vez que isso havia entrado no ciclo invariável, no método. Você quererá saber porque todo esse trabalho, por que todo esse trevo e Sra. de Molina. Teria sido preferível matar em seguida o coelhinho e... Ah, você teria de vomitar tão-somente um, pega-lo com os dois dedos e coloca-lo na mão aberta, ainda aderido a você pelo mesmo ato, pela aura inefável de sua proximidade apenas rompida. Um mês distancia tanto; um mês é tanto, pêlos compridos, saltos, olhos selvagens, diferença absoluta; mas o minuto inicial, quando a mecha morna e bulidora encobre uma presença imutável... Como um poema nos primeiros minutos, fruto de uma noite de Iduméia: tão da gente que a gente mesmo... e depois tão não a gente, tão isolado e distante em seu raso mundo branco tamanho mapa”
(CORTAZAR, s/d, p.21)

“Sua miúda consciência (do coelho) devia estar revelando fatos importantes: que a vida é um movimento para cima com um click final, e que é também um céu baixo, branco, envolvente e cheirando a lavanda, no fundo de um poço morno”.
(CORTAZAR, s/d, p.21)

“Deixo-os sair, lançarem-se ágeis pela sala, cheirando vivamente o trevo que meus bolsos ocultavam e agora fazem no tapete efêmeras rendas que eles alteram, removem, consomem num instante. Comem bem, calados e corretos, até aquele instante nada tenho a dizer, somente os olho no sofá, com um livro inútil na mão – eu que queria ler todos os seus Giraudoux, Andrée, e a história argentina de López que você tem na prateleira mais baixa; - e comem o trevo”.
(CORTAZAR, s/d, p.23)

“Faço o que posso para que não destrocem suas coisas. Roeram um pouco os livros da prateleira mais baixa, você os encontrará escondidos para que Sara não note. Você gostava muito de seu lampião com ventre de porcelana cheio de mariposas e cavaleiros antigos? O trincado mal se percebe, trabalhei a noite com um cimento especial que me venderam em uma casa inglesa – você sabe que as casas inglesas têm os melhores cimentos – e agora fico ao lado dele para que nenhum o alcance outra vez com as patas (é quase belo ver como gostam de se pôr em pé, lembrança do humano distante, talvez imitação de seu deus deambulando e os olhando carrancudo; além disso você terá percebido – em sua infância, talvez – que se pode deixar um coelhinho em penitência contra a parede, de pé, as patinhas apoiadas e muito quieto horas e horas).
(CORTAZAR, s/d, p.25)

“Andrée, querida Andrée, meu consolo é que são dez e não virão mais. Faz quinze dias seguirei na palma da mão um último coelhinho, depois nada, somente os dez comigo, sua diurna noite e crescendo, agora feios e nascendo-lhes o pêlo comprido, agora adolescentes e cheios de necessidades e caprichos, saltando sobre o busto de Antinoo (é Antinoo, verdade, aquele rapaz que olha cegamente?) ou se perdendo no living onde seus movimentos criam ruídos ressonantes, tanto que dali devo tira-los, com medo que Sara os ouça e apareça horripilada, talvez em camisola – porque Sara deve ser assim, de camisola – e então...”
(CORTAZAR, s/d, p.26)

“Rasgaram as cortinas, os forros das cadeiras, a moldura do auto-retrato de Augusto Torres, encheram de pêlos o tapete e também gritaram, estiveram dando voltas sob o lampião, em círculo e como me adorando, e logo gritavam, gritavam como eu não acredito que gritem os coelhos”
(CORTAZAR, s/d, p.27)

“O dia chega, talvez Sara se levante agora. É quase estranho que Sara não me importe. E quase estranho que não me importe vê-los correr em busca de brinquedos. Não tive tanta culpa, você verá quando chegar que muitos dos destroços estão bem reparados com o cimento que comprei em uma casa inglesa, eu fiz o que pude para evitar-lhe um desgosto... Quanto a mim, do dez ao onze há como um vazio insuperável. Você vê: dez estava bem, com um armário, trevo e esperança, quantas coisas se podem construir. Mas não com onze, porque dizer onde é certamente dizer doze, Andrée, doze que será treze. Então está o amanhecer e uma fria solidão na qual cabem a alegria, as recordações, você e talvez tantos outros”
(CORTAZAR, s/d, p.28)

Destacamos algumas passagens importantes que fazem referência às atitudes dos coelhos: eles possuem o comportamento semelhante ao de crianças, aos de filhos: frutos que permanecem de uma união. O próprio texto faz-no pensar nesse sentido: tão da gente que a gente mesmo; de se pôr em pé, lembrança do humano distante; agora feios e nascendo-lhes o pêlo comprido, agora adolescentes e cheios de necessidades e caprichos; logo gritavam, gritavam como eu não acredito que gritem os coelhos; vê-los correr em busca de brinquedos; só para citar alguns exemplos.
A leitura do trecho supracitado é algo que se esvai na imaginação de cada um dos leitores, na afirmação de que os coelhos são gente, os leitores se depararão com um feroz carrossel de possibilidades, pois a inferência pode ser infinita. Os coelhos podem ser os filhos não tidos de um relacionamento com Andreé, podem ser lembranças de tempos felizes ou infelizes que precisam ser exteriorizadas, podem ser os desejos da personagem e, para adentrar no âmbito da criação de textos, podem ser idéias e criações literárias do próprio autor. Ao fazermos pressupostos, o que fica evidente é que nada é concluído como verdade absoluta acerca dos “coelhinhos”, e é isso que o fantástico desenvolve, ou seja, a possibilidade de imaginação infinita, ao mesmo tempo que também afirma que o personagem principal vomita coelhos. Esse círculo feito, que vai desde o mais insólito até o mais plausível, é o que faz o leitor sentir determinado efeito e, sobretudo, se prender à narrativa, tentando desvendar algo que tem diversas variáveis.
Como dissemos, no texto fantástico existe o desenvolvimento temporal ordinário, que é percebido nos coelhinhos: eles crescem, tanto individualmente (agora adolescentes) como em número (do dez ao onze, do onze ao doze, do doze ao treze...).
Esse desenvolvimento temporal ordinário reforça a idéia de possibilidade infinita, pois se são lembranças, elas crescem com o tempo, se são filhos, também crescem, desejos não efetuados podem se tornar cada vez mais desejados, as vezes até mesmos sonhos e, se for criações literárias, concretizam-se em mais contos e livros.
Observe que Sara, a atual companheira do narrador, não sabe da presença dos coelhinhos, a princípio, ele tenta esconde-los dela, como se fossem algo que Sara não suportaria ver. Da mesma forma que guardamos lembranças em nossas mentes (armários), cultivamo-las e escondemo-las de outras pessoas: lembranças de uma união amorosa com outra pessoa, sempre resguardada nas profundezas de nosso subconsciente. Quando as lembranças fogem, elas destroem tudo a seu redor. Quando crescem, multiplicam-se até serem minadas ou minarem aquele quem as teve. A própria imagem de Sara é posta em dúvida, ela pode ser uma criação mental, outro artifício fantástico, como se nota em “porque Sarada deve ser assim, de camisola”. Deve ser (não é). Talvez Sara não seja Sara, seja uma projeção do próprio narrador, por isso ela não se importa com os coelhinhos: “É quase estranho que Sara não me importe. E quase estranho que não me importe vê-los correr em busca de brinquedos”. A estrutura paralelística e o mesmo objeto oblíquo aproximam Sara do narrador.
Sara também é um elemento da narrativa que possibilita diversas leituras. Mesmo a existência de Sara como personagem é dúvida, ao tratá-la como alguém totalmente distante dos acontecimentos do enredo, podemos pressupor três coisas básicas: ou Sara é uma projeção do narrador, devido a total solidão e angústia do mesmo, ou ela não existe, ou, para não ser tão imaginativo, a Sara realmente permaneceu distante de todos os acontecimentos existentes dentro do apartamento. Novamente entramos na condição do “ efeito fantástico” , ou seja, diversas possibilidades de leitura para um determinado acontecimento ou atitude de uma personagem.
O narrador aponta para um possível suicídio no fim do conto. Ele diz que está solitário, recorda-se de Andrée, está na sacada do apartamento, o dia está amanhecendo e a existência de um corpo, rodeado pelos coelhinhos, sobre os paralelepípedos.

“Então está o amanhecer e uma fria solidão na qual cabem a alegria, as recordações, você e talvez tantos outros. Está esta sacada sobre Suipacha cheia de aurora, os primeiros sons da cidade. Não acho que seja difícil juntar onze coelhinhos salpicados sobre os paralelepípedos, talvez nem os notem, atarefados com o outro corpo que convém levar logo, antes que passem os primeiros colegiais”.
(CORTAZAR, s/d, p.28)

Uma das interpretações possíveis é a de que os coelhos representariam as lembranças, isso compactuaria com a nostalgia presente no texto, e que o narrador tinha a esperança (trevo) pela volta àqueles tempos, ao alimentar os coelhos. Numa perspectiva unilateral, os coelhos são lembranças de um tempo feliz ao lado de Andreé, e esse tempo é perfeitamente passível de ressurreição, no entanto, a angustia do narrador é tão grande que o próprio deixa claro a possibilidade de um suicídio, pois talvez tenha se convencido que os bons tempos terminaram, e a única forma de livrar-se dessa nostalgia é se matando.
Os coelhos foram crescendo e a distância de Andrée, permanecia. Desta forma, os coelhos começaram a destruir tudo o que representava Andrée, numa tentativa de esquece-la. Mas as lembranças continuaram crescendo e se multiplicando, o que levou o narrador a Pensar em pular da sacada, e a escrever esta carta a Andrée, uma espécie de carta de suicídio, de despedida, “por causa dos coelhinhos”, como é afirmado no texto.
Há também a possibilidade de que a carta de suicídio seja o último artifício do narrador, pois sabendo da possibilidade da morte, Andreé poderia voltar.
Estabelecemos uma possível leitura para os componentes fantásticos contidos em Carta a uma senhorita em Paris. Trata-se de um texto passível de várias leituras, como apresentamos. Grande parte da beleza contida neste texto é devido ao simbolismo inerente aos “fantásticos coelhinhos fantásticos”, à incerteza que eles geram no leitor, a polissemia que ecoa no conto é aquilo que torna a literatura uma metáfora da vida cotidiana e, sobretudo, arte.

BIBLIOGRAFIA

BERMEJO, Ernesto Gonzáles. Conversas com Cortázar. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2002.
CALASANS RODRIGUES, Selma. O fantástico. São Paulo: Ática, 1988.
POE, Edgar Allan. Histórias extraordinárias. .........
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