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Cronicas-->O estranho almoço do presidente com a Vera Fischer -- 22/09/2002 - 12:19 (Wilson Gordon Parker) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O estranho almoço do presidente com a Vera Fischer

Semana passada, o Presidente da República resolveu participar de um almoço, que não estava anotado na agenda presidencial, e fez questão de levar a tiracolo, o ministro da Justiça José Gregori, que é a pessoa no governo encarregada de por fim a violência física e moral, que surge sem limites na televisão aberta, em horários impróprios para a sua exibição.

Sem dúvida, quando somos levados a discutir sobre a moralidade pública, pisamos num terreno tomado pela areia movediça, onde precisamos ter muito tato e percepção, para não afundarmos na intolerància e no preconceito. E é sempre bom nunca esquecer que "todos sempre tem razão em alguma coisa".

Muito discretamete, sua excelência saiu do Palácio, e foi para a casa de um diretor da TV Globo em Brasília.

Segundo os assessores do FHC, o presidente estava indo almoçar na casa de um velho amigo, Toninho Drumond, na companhia de pessoas que todo o Brasil conhece muito bem, como a superintendente de produção da emissora Marluce Dias Ferreira.

Lá chegando, encontrou entre as várias pessoas conhecidíssimas da Venus Platinada, a atriz Vera Fischer, principal figura da novela Laços de Família.

As tórridas e eletrizantes cenas em que eram filmadas na cama com o personagem Edu, antes do amante cometer a estupidez de se casar com a chata da sua filha, levaram o IBOPE da novela ao píncaro da audiência no horário.

Como tudo na Globo é minuciosamente planejado, desde a edição das notícias nos telejornais, até um simples espirro nas novelas, ou o grito de "gol" nas transmissões esportivas, presumo que devem ter sido gastos alguns dias no ensaio geral para a apresentação e comportamento da Vera Fischer no referido almoço.

Para escolher a roupa que a maravilhosa loura deveria usar no ágape, ao lado do Presidente da República, foi montada uma grande equipe de designers, psicólogos, homens de marketing, sociólogos, professores, teólogos, enfim, qualquer pessoa que pudesse manter a figura da Vera Fischer equilibrada entre a chatice do pudor e a loucura do tesão.

Depois de várias reuniões da comissão encarregada de vestir a bela e gostosa loura, ficou deliberado que a dita cuja deveria usar uma saia preta até o joelho, discreta, com um ligeiro corte de um palmo na altura das coxas, pois afinal de contas, não seria justo impedir que o presidente usufruisse de alguma visão interessante, do corpo daquela artista maravilhosa. Os inimigos poderiam alegar que isto era uma forma de censura.

Uma blusa cor de vinho, sem decote, completava a roupagem da bela mulher, que escondia seus olhos elétricos e sedutores atrás de uns chamativos óculos escuros.

Nada de mini-saia, daquelas que a louraça normalmente usa nas suas andanças diárias ou noturnas, como cidadã normal e livre, quando veste o que bem entende, sem ter que prestar satisfações a ninguém, colocando todos para babar no chão por onde passa.

E tudo isto regado com água mineral.

Mas afinal de contas, porque o Presidente da República sai do seu ambiente de trabalho, e vai almoçar na casa do representante da TV Globo, exatamente na época em que eles estão tendo que enfrentar, pela primeira vez em sua existência, uma briga na justiça por causa de uma série de infrações que foram constatadas na sua programação.

Porque o Presidente Fernando Henrique não recebeu a Vera Fischer no Palácio do Planalto, onde seriam ouvidas todas as suas contestações sobre a validade das medidas da justiça contra a Rede Globo, se é que, para isso, ela seria a pessoa indicada para fazê-lo.

Essa atitude, dá o direito à que todos os que se sentem injustiçados aqui no Brasil, que não são poucos, a exigirem a presença do presidente da República em suas casas, empresas, fazendas ou acampamentos, para que o mesmo vá participar de um almoço reinvidicatório.

Outro dia, li a notícia que o governo Fernando Henrique, que tanto aprecia almoçar na casa de amigos de longa data, resolveu acabar com a distribuição de cestas básicas, nos bolsões de pobreza, assentamentos rurais e comunidades indígenas. E nenhum programa substituto foi criado.

No dia seguinte ao almoço global, o presidente FHC, em palestra para oficiais das três Forças Armadas e alunos do Curso de Altos Estudos das Escolas Militares, no Rio de Janeiro, afirmou que nós brasileiros estamos contaminados por um "sentimento de inferioridade", que funciona como "um dos principais freios para a transformação do País."

E por falar em censura, almoço, escolas militares, sempre é bom lembrar as palavras do general-ditador Emilio Garrastazu Médici, em 1973 :

"Sinto-me feliz, todas as noites, quando ligo a televisão para assistir ao Jornal Nacional. Enquanto as notícias dão conta de greves, agitações, atentados e conflitos em várias partes do mundo, o Brasil marcha em paz, rumo ao desenvolvimento. É como se eu tomasse um tranquilizante, após um dia de trabalho".

Certamente a TV Globo deve sentir muitas saudades desta época.

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