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Poesias-->Meu Cristo chorou... -- 26/02/2003 - 17:34 (Neli Neto) |
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Meu Cristo Redentor chorou
envolto pela penumbra
na calada da noite...
como cúmplice silencioso
mero espectador
de uma noite de horror.
Com suas mãos atadas
boca amordaçada
não pode sequer ajudar
sua cidade tão linda
plenamente dominada
pelo poder maquiavélico
de vândalos silenciais.
Meu Rio de Janeiro
Cidade Maravilhosa
cantado em verso e prosa
por inúmeros poetas
há tanto tempo atrás,
hoje se encontra acuado
completamente perdido
entregue à propria sorte.
Pois é...
era para estarmos unidos
numa imensa alegria
preparando a fantasia
cânticos em harmonia
festejando a grande chegada
do esperado carnaval.
No entanto....
Meu Rio amanheceu triste...
suas praias inigualáveis
vazias do povo, sua gente
as ruas silenciosas,
sem a euforia espontânea
causada pela folia
de bandas entusiasmadas
treinando as suas marchas.
Presente,
só o medo estampado, calado
em cada rosto, em cada gesto...
o povo indo e vindo com pressa
sem nem saber seu destino
até onde iria chegar...
com um grito engasgado, engolido,
receios de represálias...
pessoas completamente acuadas
banidas de escolas, trabalhos
comércio inteiro fechado
por força ditatorial.
Fomos todos condenados
sem direito a absolvição
sem nem mesmo ter vontade
a ficar trancafiado
dentro da própria casa.
Cada dia a gente acorda
com uma novidade no ar
de fundo, tiroteios cerrados
retratos de todo um terror.
Quem gritar, será marcado
pelos olheiros espalhados
andando ao seu redor.
Aparecerá morto depois
como um sinal marcante
da evolução dos tempos
mostrando uma realidade
de onde e com quem se encontra
o verdadeiro poder.
Meu Rio de Janeiro
hoje, se encontra aflito
com um grande pavor espalhado
vidas perdidas por nada
em prol de uma liberdade
que há muito deixou de existir.
Vidas impedidas de viver
de brincar, de gritar, de cantar...
Vidas agoniadas
cercadas por uma guerra
diferente das tradicionais
que mesmo sem ser declarada
ameaça nossa gente, nossas casas,
adentrando em nossas vidas, sorrateira
roubando nossa esperança
por um espaço de vida
por querer ver nossa cidade
liberta de todo o mal...
Com uma grande esperança sonhada
Minha cidade querida
não mais abandonada, entregue
sem ninguém pra lhe defender...
Mas, com a paz presenciada
em cada olhar, em cada canto,
em cada rua, em seu encanto
com o seu canto envolvente
novamente em verso e prosa.
Nada está acabado
se unirmos nossas vozes,
nossos versos, nossas prosas
num canto de amor ao Rio.
Algo terá que ser feito
para a vida retornar
com a Paz em seu lugar.
E nós cariocas da gema
novamente poderemos
andar livremente nas ruas
valsando, em plena cidade
como nos dias de outrora...
cobertos por nossa fé em Deus
envoltos nos braços do Cristo
alimentados do amor
pelo Rio de Janeiro.
Neli Neto
26.02.03
10:53hs/RJ
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